Abaixo
a cabeça , ouço de novo
O rumor
do sangue.
Olho para a mesa, as veias da madeira.
Há tempos é matéria apenas, sem resto de folhagem,
Hálito noturno, seiva manifesta.
Meus braços também um dia.
O que restar deles, até que a mesa vá ao fogo
E a lembrança
Enfim se apague em cinza.
Ela me disse: sou toda desvelo.
Ouvi que me queria, senti que me sonhava.
Restei, porém, costurado a esta casa,
Atado a uma nesga de céu, um som de rio.
Foram caindo meus cabelos,
As mãos enrugadas deixaram de apreciar o nó difícil,
Apenas harmonias nos ouvidos.
Na infância, inutilmente gritavam os porcos
A caminho do abate.
Muitas vezes esses gritos me fizeram perguntar:
Para quem, por quem, com que sentido.
Somos todos filhotes na hora da agonia
E a mãe está morta ou distante
Ou nada pode.
Mesmo a mãe das mães apenas viu,
Ouviu e recebeu o corpo.
E eu, que a ninguém queria afligir com um chamado
(Como um animal ferido chama,
No meio do campo, pela ajuda
Que não vem),
Compus este poema
Olho para a mesa, as veias da madeira.
Há tempos é matéria apenas, sem resto de folhagem,
Hálito noturno, seiva manifesta.
Meus braços também um dia.
O que restar deles, até que a mesa vá ao fogo
E a lembrança
Enfim se apague em cinza.
Ela me disse: sou toda desvelo.
Ouvi que me queria, senti que me sonhava.
Restei, porém, costurado a esta casa,
Atado a uma nesga de céu, um som de rio.
Foram caindo meus cabelos,
As mãos enrugadas deixaram de apreciar o nó difícil,
Apenas harmonias nos ouvidos.
Na infância, inutilmente gritavam os porcos
A caminho do abate.
Muitas vezes esses gritos me fizeram perguntar:
Para quem, por quem, com que sentido.
Somos todos filhotes na hora da agonia
E a mãe está morta ou distante
Ou nada pode.
Mesmo a mãe das mães apenas viu,
Ouviu e recebeu o corpo.
E eu, que a ninguém queria afligir com um chamado
(Como um animal ferido chama,
No meio do campo, pela ajuda
Que não vem),
Compus este poema
Paulo Franchetti.
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