Castelo
de Ouguela
Vestígios arqueológicos conservados
estabelecem a ocupação desta zona pelos romanos, que construíram um castro
designado como de Budunua e que logo foi reforçado com a invasão visigótica,
transformando-o em Fortaleza de Niguela.
Posteriormente seria fortificada
pelos muçulmanos até a retomada no ano de 1255, no período compreendido de
Reconquista Cristã da Península Ibérica, com ajuda de tropas castelhanas e
leonesas, sendo integrada ao território português em 1297, pelo Tratado de
Alcanices.
No ano seguinte ao Tratado, o Rei D.
Dinis outorga-lhe a Carta de Foral, determinando também a reconstrução da
fortaleza.
Os monarcas subsequentes, D. Fernando
e D. João I ordenam a construção da cerca da vila, além da ordem deste último
no ano de 1420, de conceder à povoação o privilégio de couto de homiziados,
fato que instituía sua imunidade perante a justiça e os impostos reais.
Guerra de
Restauração e o Castelo de Ouguela
O Castelo de Ouguela foi protagonista da luta portuguesa durante
o século XVII, quando houve a tentativa de invasão por parte do exército
espanhol comandada por um traidor da causa lusitana, João Rodriguez de Oliveira.
A defesa do castelo resistiu ao assalto obrigando a retirada dos espanhóis.
Já no século seguinte, o Castelo de
Ouguela ganhou o reforço de suas defesas, incluindo a construção de um
baluarte, um meio-baluarte e um revelim, contribuições que, junto com as linhas
abaluartadas edificadas no século XVI, determinaram a resistência sob o comando
do Cavaleiro Brás de Carvalho perante os novos ataques espanhóis de 1762.
Características
do Castelo de Ouguela
O castelo possui uma planta hexagonal irregular, com mistura de
elementos próprios da arquitetura militar medieval como as muralhas em pedra de
granito e de xisto e os torreões adossados, junto com a arquitetura moderna, os
baluartes, as escarpas e os revelins.
O adarve medieval se encontra
conservado em sua totalidade, enquanto as ameias e merlões do mesmo período
foram substituídos pelas barbetas e pelas canhoeiras na torre de menagem. Um
fosso envolve toda a fortificação abaluartada, fazendo desta um local isolado,
modelo exemplar de praça forte fronteiriça.
Intervenções no
Castelo de Ouguela
Nos inícios do século XVI, sob o
reinado de D. Manuel I, foi
encarregado ao escrivão e escudeiro Duarte De Armas o levantamento das
fortificações raianas com Castela.
Como resultado deste mandato, ele
apresenta ao Rei o chamado Livro das Fortalezas, onde o castelo e a vila se
encontram considerados.
Estes dois códices proporcionam em
detalhe o estado das construções militares portuguesas de Castro Marim a
Caminha, incluindo desenhos das edificações em planta e panorâmicas, notas
explicativas, medidas e cartografia.
No desenho do Castelo de Ouguela,
Duarte de Armas o desenha como uma fortaleza medieval, defendida por sete
torres quadrangulares.
Um desenho posterior do castelo, datado
entre os séculos XVIII e XIX mostra a edificação acrescida com uma atalaia,
fossos e estacaria, tendo sido projetadas mais reformas nos anos posteriores.
Contudo, a recuperação do castelo foi interrompida em 1840, com a
desmilitarização da praça.
No século XX, o Castelo tem sido
objeto de intervenções e obras de conservação, restituição, consolidação e
beneficiação em numerosas oportunidades.
O conjunto da vila e do castelo foi
classificado como Imóvel de Interesse Público pelo Decreto-Lei de 1943, desenvolvendo-se
hoje um projeto de salvaguarda e valorização dos núcleos urbanos de Ouguela em
Portugal e Albuquerque na Espanha e suas respectivas fortificações.
Este projeto visa constituir a criação de uma área
museológica, num plano interativo entre as duas fortalezas.
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