domingo, 1 de julho de 2012

ALVARO ALVES DE FARIA - POEMA 27

POEMA 27
O poema diz o que não sabe
e se transforma no que não é
e nunca será.

O poema esquece e se fere
nas palavras antigas
de um dicionário morto.

O poema exclama na voz do poeta
versos que não cabem numa estrofe,
canta o canto que não existe mais,
distante de seu tempo.

O poema morre no poema,
morta poesia
na paisagem do nada,
onde se guarda a memória,
o que sempre deixa de ser.

O poema não é,
por mais que queira ser,
não é,
apenas pensa existir
no espaço exíguo
da palavra.

O poema não interfere,
o poema cala,
o poema não sente,
o poema que se finge,
o poemorto,
o poemente.
ALVARO ALVES DE FARIA

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