quarta-feira, 11 de julho de 2012

FREGUESIA DE TAVAREDE

REGIÃO                   CENTRO
SUB REGIÃO            BAIXO MONDEGO
DISTRITO                 COIMBRA
CIDADE                    FIGUEIRA DA FOZ
FREGUESIA            TAVAREDE

Heráldica
Brasão
Escudo de prata, duas máscaras de teatro, cómica e trágica, de azul, a da dextra em banda e a da sinistra em barra, com as fitas de vermelho, entre uma lira de púrpura em chefe e um ramo de lúcia – lima, de verde, florido de sua cor. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco com a legenda a negro: «TAVAREDE».





Bandeira: 
Azul. Cordões e borlas de prata e azul. Haste e lança de ouro.





Selo: 
Nos termos da Lei, com a legenda: «Junta de Freguesia de Tavarede - Figueira da Foz»



História
O povoamento do território desta Freguesia fez-se antes do séc. XII.
Não longe ficava o notável castelo medieval de Santa Eulália (ou Santa Ovaia), que assentava sobre um fortíssimo castro da Idade do Ferro. A este castelo, ainda no séc. XII para o XIII, se chamava “civitas”, da qual foi domínio, sem dúvida, toda esta zona litoral onde se compreende Tavarede.
Em todo o caso, a população não existiu aqui sem interrupções, como leva a supor o estado local da actual Cidade da Figueira da Foz, na segunda metade do séc. XI, local esse que então parece ser um “logo” ou apêndice da própria “villa” alti-medieva de Tavarede.






Se o abade Pedro, como ele mesmo diz, estendeu a sua acção de presúria e povoação ao sul do rio, até à actual Lavos, não surpreenderia que igualmente fizesse para o norte do “logo” da Igreja de S. Julião, isto é, em Tavarede, por ser muito perto. 

Em 1092 D. Elvira e o seu marido, o governador do território de Coimbra, D. Martim Moniz, fazem doação “ de loco sancti Martini in villa Tavaredi” ao prócer D. João Gosendes, opulento senhor que era especialmente herdado na Beira Alta (actual Concelho de S. Pedro do Sul). Dos limites consignados no diploma vê-se que a doação abrangia pelo menos a actual Freguesia de Tavarede, com sua Igreja:”ao Oriente a Villa Várzea, que limita com Tavarede pela pena de Azambujeiro, e daí chega ao sovereiro curvo seguindo na direcção da mamoa; ao ocidente, a Villa Alamede; ao sul, é o local das salinas junto ao rio Mondego; ao norte a Villa de Quiaios”.

Em 1406, D. Marinha Afonso, com o consentimento de seu marido, fez doação ao Mosteiro de Seiça dos seus bens móveis e de raiz em Tavarede e outros lugares, para ser “familiaira” do convento, ser participe das orações e boas obras deste e ser sepultada, se o viesse a requerer, no mosteiro.
Desde muito cedo foi Tavarede um couto e Concelho, a que D. Manuel I deu foral, em Lisboa, em 9 de Maio de 1516.

Por essa altura foi fundada por António Fernandes de Quadros a “Casa de Tavarede”, que seria titulada pela família Quadros até ao terceiro conde de Tavarede, extinguindo-se o título com o falecimento deste último em 1903.
No séc. XVIII havia aqui três ermidas do senhor do Areeiro, do senhor da Chã e de Santo Aleixo (esta, da Universidade), todas bem dotadas de rendas, por doações, mas das quais só havia ruínas nos fins do séc. passado, bem como do mosteiro de monjas Franciscanas de Santo António, de Nossa Senhora da Esperança, fundado em 1527, com protecção de D. João III.
O concelho de Tavarede acabou em 1834, extinto pelo Liberalismo. Já desde o decreto pombalino de 12 de Março de 1771, que criara a Comarca da Figueira da Foz, pertencia a esta, contrariamente ao privilégio antigo do couto.
A “Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira” registava para a freguesia de Tavarede os seguintes lugares: Azenhas, Caceira de Baixo, Carritos, Casal da Areia, Casal da Quinta e Casal da Robala, Chã, Condados, Esperança, Ferrugenta, Matioa, Peso, Saltadouro, Senhor da Areeira, Tavarede e Várzea.

A freguesia de Tavarede dista três quilómetros da Foz do Mondego e juntamente com São Julião, Buarcos, Vila Verde e São Pedro, está incluída na área urbana do concelho da Figueira da Foz.
Tavarede é também conhecida pela “Terra do Limonete”, termo originado numa lenda que tem como protagonistas uma moura encantada e um cavaleiro cristão.
Curiosidades
Lenda
 Tavarede é também conhecida  pela “Terra do Limonete”, termo originado numa lenda que tem como protagonistas uma moura encantada e um cavaleiro cristão. Este último estava ao serviço de Cidel Pais, senhor que tinha Tavarede sob sua protecção. Segundo consta, ia o cavaleiro a caminho de Coimbra para participar na tomada desta cidade aos mouros quando, no monte de Santa Eulália, encontrou refugiadas numa gruta oito mouras encantadas, ali presas por um feitiço que seu pai, um chefe árabe, lhes havia lançado para não caírem em poder dos cristãos.

Conceito de Freguesia

Sem remontar às suas origens, de princípio o termo Freguesia aparece ligado a um conceito territorial de vizinhança no qual um Pároco exercia jurisdição espiritual sobre a respectiva população também chamada de paroquianos ou fregueses.
Posteriormente, e mantendo embora esse conteúdo, a designação de Freguesia passou a aplicar-se ao conjunto formado por:
     a) Uma população relacionada por um elevado grau de vizinhança, de interesses próximos e de semelhantes expressões sócio-culturais;
     b) Um território geográfico em que essa população se implementa, circunscrito por limites que o individualizam; os órgãos representativos dessa associação população-território.
A base territorial adquirida pelo conceito de freguesia, com confinações ou limites perfeitamente demarcáveis, embora passíveis de alterações, foi integrada como elemento primário da divisão administrativa do País.
A vocação ou necessidade de organização das populações para a resolução dos próprios problemas e anseios comuns aproveitou ao firmar do seu espírito e da sua capacidade autárquica.
A Freguesia é uma das formas de organização territorial autárquica e como tal é aí que a persecução dos interesses próprios das populações respectivas deverá ser considerado como essencial da actuação dos Autarcas de Freguesia.
PATRIMONIO
Paço de Tavarede
 O Paço de Tavarede é o ex-libris da freguesia. Mandado edificar no século XVI por António Fernandes de Quadros, 1º Morgado de Tavarede, um fidalgo de ascendência espanhola que prestou serviços distintos à coroa portuguesa, nomeadamente como Adail de Azamor, a quem foi confirmado por Carta de Cotta D'Armas o brazão que, ainda hoje, a frontaria do velho Paço ostenta. 
setentrional, a passagem para o pátio interior, a porta principal e uma janela Manuelina que se encontra à guarda do Museu Municipal.  Já no Séc. XX, o Paço de Tavarede passou de mão para mão  até que foi adquirido pela Câmara Municipal da Figueira da Foz em 1981. Foi classificado como imóvel de interesse público pelo Decreto 28/82 de 26 de Fevereiro. 
 Após um longo período de lenta agonia que o levou à ruína, deu-se início à sua reconstrução, a qual só ficou concluída em princípios de 2006. Ali funcionam os serviços da DASE e Divisão da Juventude e Desporto da Câmara Municipal da Figueira da Foz e desde 17 de Novembro de 2006, também ali se encontra a funcionar a “Loja Ponto Já” do Concelho da Figueira. Estão previstas, para breve, neste local, outras valências ligadas à juventude.
Fonte de Tavarede
 Desce-se por uma rampa em degraus, com verdura e flores a ladeá-la. Ao fundo, um bonito alpendre alberga a linfa sussurante. Depois, é beber, mesmo sem sede. 
  Fonte de Tavarede é a menina dos olhos dos habitantes da povoação, a qual tem a fama de possuir a melhor água do concelho da Figueira. Edificada em 1876, foi depois alvo de diversas alterações, a última das quais em 1993. Ladeada por dois painéis de azulejos, onde é elogiada a qualidade da água e a beleza da localidade, em duas quadras da autoria do poeta Cardoso Martha, a Fonte é encimada por um outro painel, representando o baptismo de Jesus Cristo. Numa das paredes laterais, também em azulejaria, são homenageados "Aqueles que da morte se libertaram honrando e dignificando Tavarede" Podemos ler os nomes de Mestre José da Silva Ribeiro, Violinda Medina e Silva, João da Silva Cascão, António Jorge Silva e José Nunes Medina, os quais constituem o Quadro de Honra da Freguesia.
Largo D. Maria Amália de Carvalho
 No centro da povoação e no Largo com o seu nome é homenageada D. Maria Amália Vaz de Carvalho, a primeira professora primária do ensino oficial a leccionar em Tavarede. Além do seu busto, a placa toponímica tem os seguintes dizeres: ”Largo Dª Maria Amália de Carvalho,  Professora ilustre que durante mais de 20 anos foi abnegada mãe espiritual de algumas gerações de tavaredenses. Homenagem de respeito e gratidão do povo de Tavarede. Primavera de 1947”. 
Igreja Paroquial
 A actual Igreja Paroquial  S. Martinho de Tavarede já existia no séc. XI, sendo possível que fosse muito anterior (o santo bispo turonense é das mais remotas devoções hispânicas) e tivesse sido destruída pelos mouros e despovoado o seu aro, já que o foi a sua vizinha de S. Julião da Foz do Mondego. 
A Igreja de S. Martinho deve ter sido do conde D. Sisnando, pois  à morte dele passou para a posse de sua filha D. Elvira. Por outro lado, não se fala da sua fundação, o que leva a supor, por certo, que era já antiga, mas fora presúria ou apropriação sisnandina, pois só assim se explica tê-la D. Elvira como sua “igreja própria”, sem a ter fundado ela ou o pai. No interior,  existe uma pia de água benta datada do ano 1600.
Capela de Santo Aleixo
A cerca de 50 metros da Igreja situa-se a Capela de Santo Aleixo . Funciona como Salão Paroquial e Sala para Catequese de Crianças. Na placa toponímica do Largo de Santo Aleixo pode ler-se que “A primitiva ermida local erecta pelo povo era sede duma irmandade que mantinha um hospital para agasalhar os peregrinos e pobres, SEC. XVI”.
O amor que Tavarede nutre pelo teatro tem o seu monumento mais representativo no Busto de Mestre José da Silva Ribeiro. Inaugurado em 1990, no largo fronteiro à Sociedade de Instrução Tavaredense, homenageia um grande homem daquela arte de palco, falecido em 1987.

Estátua do Cavador
Já as tradições rurais e os seus trabalhadores estão imortalizados na Estátua do Cavador , situada na zona onde em tempos idos se situavam os campos mais produtivos da região.









Gastronomia
Raia com Molho de Pitau
Ingredientes:
Para 4 pessoas
  • 1,2 kg de raia
  • 800 g de batatas
  • 1 dl de azeite
  • 2 dentes de alho
  • 1 folha de louro
  • 1 colher de chá de colorau
  • 1 colher de chá de vinagre
  • sal
  • pimenta
Confecção:
1.   Amanha-se a raia e lava-se muito bem.
2.   Reserva-se o fígado.
3.   Em seguida corta-se a raia em pencas (este é o nome que se dá na Figueira da Foz às tiras da raia cortada de alto a baixo).
4.   Temperam-se com sal e, passada 1 hora, cozem-se em água temperada com sal.
5.   À parte cozem-se as batatas com a pele e pelam-se.
6.   Entretanto, prepara-se o molho: leva-se ao lume o azeite, os dentes de alho, o louro, o colorau, o vinagre, um pouco de pimenta e um bocadinho de fígado da raia (cerca de 40 g), 3 colheres da água da cozedura da raia e vai-se esmagando tudo até engrossar.
7.   Coloca-se a raia numa travessa, contorna-se com as batatas, regando tudo com o molho.


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