quinta-feira, 12 de julho de 2012

FREGUESIA DE VALADA



FREGUESIA          VALADA



Heráldica
Brasão
Escudo de verde, ponte gradeada de prata posta em faixa e movente dos flancos, em chefe, ramo de videira de prata, com três cachos de uvas pendentes, de ouro, posto em faixa; campanha ondada de prata e azul de cinco peças. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: “ VALADA” .

Bandeira –





De branco. Cordões e borlas de prata e verde. Haste e lança de ouro.



RESENHA HISTÓRICA
CARTAXO


Valada, freguesia do concelho do Cartaxo, ocupa uma área de 43,3 quilómetros quadrados e dela fazem parte, além da própria, os lugares de Palhota, Reguengo, Porto de Muge. O brasão da freguesia de Valada é composto por uma espiga de milho, uma espiga de trigo, um cacho de uva, uma ponte e pela água. 
 A sua simbologia é simples, na medida em que a espiga de milho, representa as grandes searas existentes nos seus campos; a espiga de trigo, o nobre cereal que estas terras produzem; o cacho de uva, representa a vinha existente nestas paragens; a ponte, representa as pontes que a freguesia tem sobre o Tejo; e a água, o grande e majestoso Tejo. 






Este é o ex-líbris desta freguesia, visto que desde sempre desempenhou um papel importante, desde a circulação económica à irrigação e fertilização dos campos, que é, aliás a única coisa positiva que advém das cheias que assolam a região.
 Valada, dispunha de portos neste rio, como o porto de Valada e Porto de Muge, mas também dispunha de alguns no Canal da Azambuja, como os de Reguengos, Santana e Ponte de Reguengo, através dos quais eram transportados os produtos para Lisboa. 




Para o transporte de mercadorias, a população contava, até há cerca de cinquenta anos, com uns barcos típicos, de seu nome fragata, que acabaram por dar origem a um dos pratos típicos da freguesia, a caldeirada à fragateiro. Uma outra actividade, exercida até à bem pouco tempo, estava relacionada com o pasto dos toiros, em ambos os lados do rio, levados com a ajuda de campinos, denominada “travessia dos toiros”.
Quanto ao topónimo da freguesia, julga-se que seja de origem moçárabe, com proveniência no termo Balata. Após a expulsão dos árabes e depois da conquista de Lisboa, D. Afonso Henriques cedeu as terras de Valada aos pobres da região mas, as terras que era suposto serem divididas pelos pobres das freguesias de Lisboa, foram usurpadas pelos nobres, no reinado de Sancho II. 


Em 1301, parte do reguengo de Valada é cedido por D. Dinis ao Mosteiro de Alcobaça, à excepção da Igreja, do respectivo padroado e do terreno onde se pudessem construir outras casas. No ano de 1331, D. Afonso IV dá o foro do “herdamento de Valada” e um reguengo situado abaixo dele a João Rodrigues e sua mulher, sob a condição de aí construir um casal e o povoar. Pensa-se que talvez seja esta a origem da povoação de Reguengo de Valada. 
 E possível que Álvaro Pais, o rico burguês que viria a ser um dos organizadores da Revolução de 1383-85, tivesse aqui uma herdade. Em 1388, D. João I doa, em préstimo, o reguengo de Valada o Dr. João das Regras. Também o rei de Castela, Pedro I, esteve em Valada. Estando este em dificuldades com o seu irmão bastardo, Henrique de Trastâmara, que lhe disputava a coroa, veio a Portugal encontrar-se com o nosso rei D. Pedro I, aos Paços de Valada. 
 Após usurpar a coroa ao seu irmão, Henrique de Trastâmara, veio aos mesmos paços encontrar-se com D. Fernando, depois da paz de Santarém. D. Afonso IV costumava passar temporadas em Valada, tendo feito aqui um dos seus testamentos e D. Fernando promulgou aqui as “Leis Agrárias” ou Sesmarias.
 O perigo de inundações dos campos é algo se fez sentir desde sempre. Procurava-se combatê-las com “valas” e com “a bata”. D. Duarte determinou que sempre que estas “valas” necessitassem alguma reparação, esta fosse feita com o acordo dos oficiais de Santarém. O facto é que, já antes de 1459, isto era feito à vontade, não das justiças da vila, mas da de Lopo Coelho. Este caso foi levado pelos procuradores de Santarém às cortes de Lisboa de 1459.
Esta freguesia teve uma igreja, a Igreja de Santa Maria de Valada, que já existia desde o século XIII, aparentemente de paróquia já instituída, que se julga ter sido fundada por acção real após a tomada de Santarém e Lisboa, daí o facto de ter sido padroado real. Dada a situação do padroado 
de Santa Maria da Valada (depois denominada de Nossa Senhora da Expectação), a coroa ainda apresentava a igreja nos últimos anos de padroado.


Esta freguesia foi, ainda, comarca da Ordem de Cristo e era pertença da família Meneses. Tinha uma feira, talvez medieval, que começava no dia de São Bartolomeu. Antes da criação do concelho do Cartaxo, a freguesia de Valada pertenceu ao termo de Santarém.

Além das personalidades que povoaram a história desta freguesia, são também de grande relevância, os monumentos por elas deixados. Entre estes, a Igreja de Nossa Senhora da Expectação. Esta foi sagrada a 6 de Janeiro de 1528 e tem sofrido algumas reformas ao longo do tempo, que alteraram significativamente o seu valor histórico. 



O seu interior é composto por uma nave com tecto coberto a madeira de três planos e possui uma pia baptismal sem base em fuste quinhentista. O retábulo de tipo renascentista tardio, é o de colunas clássicas que ladeiam quatro pinturas distintas sobre madeira: Anunciação, Visitação, Adoração dos Anjos e Apresentação do Templo. Este conjunto de pinturas foi executado em 1603, pela mão do mestre lisboeta Diogo Teixeira. Na sacristia existe a representação de Nossa Senhora do Ó, quinhentista e que, ao contrário do habitual, representa o Menino Jesus sobre o ventre da Virgem. 


 No lugar de Muge existe a ermida de São João Baptista, de origem desconhecida, mas é forte a possibilidade de ser medieval. Valadas conta ainda com a ponte D. Amélia, uma obra notável, situada em Ponte de Muge e colocada ao serviço a 14 de Janeiro de 1904. Esta ponte, inicialmente ferroviária, foi transformada em ponte rodoviária durante o ano de 2001. De grande interesse, temos ainda o dique, uma magnífica obra hidráulica, provavelmente árabe, restaurado por D. Dinis e melhorado no reinado de D. José.
 O orago de Valada é Nossa Senhora da Expectação ou Nossa senhora do Ó. Foram encontradas algumas informações sobre a origem deste título mariano no livro "Flores de Maria", do padre Martinho da Silva:
"Celebrando-se em Toledo, o Concílio Décimo, em que presidiu Santo Eugênio, arcebispo daquela igreja, se determinou que a festa da anunciação se celebrasse e se transferisse para o dia 18 de Dezembro, oito dias antes do Natal; depois sucedendo no Arcebispado Santo Ildefonso, sobrinho de Santo Eugênio, e havendo disputado e convencido os hereges que queriam macular a virgindade puríssima da Mãe de Deus, ordenou que a mesma festa se celebrasse nesse dia com o título de Expectação do Parto da Beatíssima Virgem Maria, e como nas suas vésperas se começam a dizer as Antífonas maiores que principiam pela exclamação ou suspiro - Oh! por isso se chama a esta solenidade de Nossa Senhora do Ó".
 
O culto de Nossa Senhora do Ó teve início em Torre Vedras, conforme narra Frei Agostinho de Santa Maria em sua obra "Santuário Mariano": "Os egípcios para mostrarem a eternidade pintavam em seus hieróglifos um O". Este culto , que se alargou ao resto do país, nomeadamente em Valada, continua há muitos anos com grande devoção do povo, em obséquio da Senhora do Ó ou da Expectação do Parto.
PATRIMÓNIO
No âmbito do turismo, vários são os pontos de referência, desde monumentos à paisagem natural, proporcionada pela influência do rio Tejo, onde também se praticam alguns desportos náuticos como motonáutica, hoovercraft e canoagem. Podemos aceder a esta freguesia pela Linha do Norte da CP ou pela E.N. 3, que liga Lisboa a Santarém.
Muitos são os locais de interesse turístico, que nos mostram, não só a história, mas também a beleza paisagística da região. Entre estes locais de interesse encontram-se:


Igreja Matriz de Valada (Nossa Senhora da Expectação)
 
Edifício da Escola Primária








Ponte D. Amélia





















Casas Senhoriais




ASSOCIAÇÕES
Dispõem de algumas associações, que promovem o convívio e o desporto. São estas as seguintes:













Ribatejo Futebol Clube Valadense






Lusitano Futebol Clube Portomungense



                       Grupo Columbófilo Valadense



TRADIÇÕES
Nesta região, assim como em tantas outras do nosso país, há uma diversidade de crenças populares e lendas. Em Valada há uma que se destaca, o Episódio de Pedro Escuro, que conta a lenda, ter acontecido da seguinte forma:
 Episódio de Pedro Escuro

Pedro Escuro, companheiro de D. Afonso Henriques na tomada de Santarém, vigiava a porta de Valada, para impedir que os mouros por ali escapassem. Um deles, mais atrevido, conseguiu sair, dizendo de forma arrogante a Pedro escuro que havia de voltar aquela porta e medir forças com ele. A resposta de Pedro escuro foi:

“Irdes e virdes e aqui me acharedes ou morto ou vivo.”

O mouro não voltou, mas Pedro Escuro, cumpridor da sua palavra, ordenou no seu testamento que fosse enterrado junto à porta de Valada. Pedro Escuro mandou erguer no local uma ermida e um hospital, em memória deste episódio. No reinado de D. Manuel, os ossos de Pedro Escuro foram levados para a Igreja do Hospital de Jesus Cristo, onde, ao lado da Epístola-mor, ainda se lê o seguinte letreiro:

“Sepultura de Pedro Escuro, do Conselho del-Rey D. Afonso Henriques, a quem o dito senhor, para tomar esta Vila aos Mouros, encarregou a porta de Valada, pela qual entrou, e por memória se mandou enterrar junto dela: e depois por haver instituído o Hospital do Reclamador, e Palmeiro, mandou El-Rey D. Manuel tresladar seus ossos a esta Igreja donde tem missa quotidiana.”
Entre festas e romarias encontramos algumas que se destacam, onde a população e os visitantes se podem divertir e acima de tudo, conviver. São as seguintes:

 Quinta-feira de Ascensão ou Quinta-feira da Espiga


 Este dia assim se denomina em virtude de no calendário litúrgico se comemorar a ascensão de Jesus Cristo ao Céu, encerrando um ciclo de quarenta dias que se seguem à Páscoa. Mas, este dia tem a particularidade de se celebrar também o "dia da espiga" ou "quinta-feira da espiga". De manhã cedinho, rapazes e raparigas vão para o campo apanhar a espiga e flores campestres. Formam um ramo com espigas de trigo, rosmaninho, malmequeres e folhagem de oliveira que pode incluir centeio, cevada, aveia, margaridas, pampilhos e papoilas. Depois, o ramo é guardado ao longo de um ano, pendurado algures dentro de casa. Crê-se que este costume, tenha as suas raízes num antigo ritual cristão que consistia na benção dos primeiros frutos, mas as suas características fazem-nos adivinhar origens bem mais remotas, muito provavelmente em antigas tradições pagãs naturalmente associadas às festas consagradas à deusa Flora que ocorriam por esta altura e a que a tradição dos maios e das maias também não é alheia.

O povo acredita que a espiga apanhada na quinta-feira da Ascensão proporciona felicidade e abundância no lar. Aliás, a espiga de trigo propriamente dita representa a abundância de pão, o ramo de oliveira simboliza a paz, as flores amarelas e brancas respectivamente o ouro e a prata que significam a fartura e a prosperidade. Noutros tempos, era costume na cidade, as moças que estavam de criadas de servir, ainda arreigadas a antigas usanças das suas terras de origem, pedirem às patroas para que lhes concedessem licença nesse dia para irem apanhar a espiga .
Festival Tejo

Festival de cariz contemporâneo, visto não se tratar de algo tradicional, mas sim algo de muito recente, que teve o seu início à dois anos atrás. É um festival de Rock, virado para a população mais jovem. Realiza-se na última quinzena de Julho e está inserido no programa existente dos vários espectáculos rock que se fazem no nosso país na época estival. Tem duração de três dias e podem apreciar-se, além da música, espectáculos de luz e outros.

Não se conhecem danças e cantares nesta freguesia, mas há alguns poemas, do tipo cancioneiro, da zona da palhota, que demonstram bem que aí se dependia da pesca. Eis alguns:

Eu não quero ir ao campo
que faz lá muito calor
eu não quero ser campina
que o meu bem é pescador.

No Verão, cheio de calor,
muito pescador se passa;
lá vão uns para o melão,
outros ficam à fataça



GASTRONOMIA
A gastronomia desta região é deliciosa, em especial nesta freguesia. Aqui, os pratos tradicionais são mais virados para o peixe, pela influência do Tejo, e vão fazer as delicias dos amantes de açordas e caldeiradas. Eis algumas receitas de fazer água na boca:

Açorda de Sável
Ingredientes:

1 kg de pão de trigo
1 ramo de coentros
1 limão
1 cebola
1 dente de alho
A cabeça, o rabo e uma ou duas postas de sável
1 dl de azeite
pimenta
louro e sal q.b.

Preparação:
1.   Leve ao lume um tacho com água temperada com os coentros, a cebola e o alho picados, louro e sal.
2.   Quando ferver introduza os pedaços de peixe.
3.   Depois do peixe cozido, parta o pão e ensope-o no caldo, previamente coado, onde o peixe foi cozido.
4.   Depois, desfaça as ovas do peixe e junte-as ao preparado anterior. Introduza o preparado no tacho, abra um orifício ao meio e deite-lhe o azeite.
5.   Mantenha ao lume mexendo até a açorda ficar bem cozida.
6.   Coloque-a numa terrina, regue com sumo de limão e tempere com bastante pimenta.
Esta açorda é acompanhada com o clássico sável frito.

1.   
Caldeirada à fragateiro (para oito pessoas)

Ingredientes
4 a 5 kg de peixes dos quais são obrigatórios: tainha e enguia (pode também utilizar tamboril, safio e cação)
3 cebolas
1 kg de tomate
4 dentes de alho
2 folhas de louro
1 ramo de salsa
2,5 dl de azeite
1 kg de pão caseiro

Preparação:


1.   Colocam-se as cebolas em camadas, o tomate e os alhos às rodelas num tacho.
2.   Por cima, dispõem-se os peixes cortados às postas ou aos bocados.
3.   A seguir, introduz-se no tacho o louro e a salsa e rega-se tudo com azeite e tempera-se com sal.
4.   Tapa-se a caldeirada a cozer em lume muito brando.
5.   Corta-se o pão para um prato fundo e grande.
6. Por fim, e depois da caldeirada cozida, deita-se cuidadosamente sobre o pão

ARTESANATO
Nesta freguesia, existem alguns artesãos que continuam a manter viva a manufactura de produtos, evitando assim que esta tradição caia no esquecimento dos mais jovens. Desta forma, o turista que se interessar por este domínio poderá encontrar trabalhos em cestaria, madeira e corno, bancos de palha e de cortiça, mantas de tear, assim como bonecas de trapos


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