SOBRE OS DESENGANOS
Desenganos da vida! Se eue ouvia
falar, outrora, nos seus negros danos,
enfadado exclamava: “Ora! mania,
que a muitos vem com o desfiar dos anos!”
A minha nau, porém, abrindo os panos,
lançou-se ao largo mar com galhardia.
E logo pude ver que os desenganos
são mais cruéis do que eu pensei um dia.
Hoje, as lamentações, que ouvi outrora
com profano desdém, causam-me espanto:
o humano coração bem pouco chora!
Quão fracamente seu queixume exala!
quanto resiste, em seu calvário! E quanto
é desgraçado, porque não estala!
AMADEU AMARAL
Desenganos da vida! Se eue ouvia
falar, outrora, nos seus negros danos,
enfadado exclamava: “Ora! mania,
que a muitos vem com o desfiar dos anos!”
A minha nau, porém, abrindo os panos,
lançou-se ao largo mar com galhardia.
E logo pude ver que os desenganos
são mais cruéis do que eu pensei um dia.
Hoje, as lamentações, que ouvi outrora
com profano desdém, causam-me espanto:
o humano coração bem pouco chora!
Quão fracamente seu queixume exala!
quanto resiste, em seu calvário! E quanto
é desgraçado, porque não estala!
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