sexta-feira, 26 de outubro de 2012

LEILA MICCOLIS - POR MARES NUNCA DANTES NAVEGADOS


Por Mares nunca dantes Navegados
Decididamente, 
escola não era o lugar de Camões... 
Que me perdoem os mestres 
com suas erudições, 
mas, epopéia, era sair cedo da cama, 
só para encontrar Vasco da Gama. 
Cheia de sono, 
nem o lia: 
mal abria Os Lusíadas, 
ao abandono de divagar 
eu me entregava. 
E como viajava: 
Coimbra, Ceuta, Goa, 
Índia, Moçambique, Lisboa... 
Esta sim era a vida que eu sonhava... 
E que vidinha boa! 
Não a de estudos, 
sisudos, 
miúdos. 
A certa altura, 
logo depois da formatura, 
quando cessou tudo o que a Musa antiga cantou 
que outro valor mais alto se alevantou, 
de Camões me perdi. 
E só há pouco entendi 
quanta aprendizagem havia 
nas v(ad)iagens que eu, turista, 
empreendia. 
Então num movimento saudosista 
— bem português —, 
agora cheia de lucidez e nostalgia, 
suspiro, 
ao ver que de mim se distancia 
por toda a parte, sem engenho, a arte. 
E a conclusão final que eu tiro, 
pá, 
é de que mesmo sem eu ler poesia, 
para o seu Reino, cheio de magia, 
Camões, fidalgo, me levava lá... 
 
Leila Miccolis

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