sexta-feira, 13 de abril de 2012

PAULO BRITO E ABREU - DESENGANO


DESENGANO 
Nos braços do Amor, o Fado amaro
Me pôs um dia cru, enraivecido;
Me pôs para sofrer, que o dolorido
E tenebroso Amor, me custou caro.

Em lágrimas e Dor, no desamparo,
Amor me foi algoz, e foi bandido;
Foi loucura este Amor, que o deus Cupido,
Por ser vidente e cego, é pomo raro.

Oh Dor, míseras tunas, meus enganos,
Tristes águas, alvor de mágoas mil:
Meu candor, que assim foi nas almas danos,

Seja alor, seja alegre e pastoril,
Que é triste eu ir morrendo anos e anos,
Como é vil, um Abreu não ter Abril.

PAULO BRITO E ABREU

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