Trota-se por certo de uma salo de operações
até ao infinito
pudicamente flor e crina adolescente
ou seja simplesmente nuvem com árvores eretas
mãos com algemas de prata
lajes tumulares
que na sua ignorância me recusam.
Vê-se logo que nada sabem das formas que a noite toma
descendo e subindo
nos dois sentidos da luz.
Na verdade
quem é que não sente palavras-aranhas na alma?
Quem é que não usa os recantos das janelas góticas
para ali esconder o nevoeiro?
Depois dos arbustos
os bustos cobertos pela neve do futuro,
isto no tempo em que as palavras
ainda pairavam sobre o dilúvio.
Silenciada a esfera armilar
é com esferográfica que te envio as cores reinventadas
prisioneiras entre destroços da mais alta antiguidade
entre o céu e o inferno visíveis
atravessados de veias
e de rios,
de luzes míticas
de loucas viagens
embalsamadas.
CRUZEIRO SANCHES
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