sábado, 28 de janeiro de 2012

FREGUESIA DE MURÇA



REGIÃO          Norte
SUB REGIÃO   Douro
DISTRITO        Vila Real             
CIDADE          Murça        
FREGUESIA         Murça            







Murça, Sede de Freguesia e do Concelho com o mesmo nome, localiza-se no Centro Oriental do Distrito de Vila Real. 


O povoamento do Território da Freguesia de Murça remonta-se a épocas longínquas, ao período que antecede a nacionalidade, como se comprova pelos diversos vestígios encontrados nesta área. O então território desta Freguesia foi depois ocupado pelos Celtas, Romanos, Suevos e Árabes. 


No ano de 753, D. Afonso I das Astúrias consegue libertar a área da Freguesia do Domínio Árabe, no entanto o seu povoamento foi fraco, permitindo o regresso dos Mouros. Assim apenas em 878, este povo foi definitivamente expulso por D. Afonso III de Leão. Perante esta conquista, iniciou-se o repovoamento de Murça, que se estendia pelo território dos Sousãos até aos confins de Panóias, razão pela qual a Freguesia chegou a ser denominada de “Murça de Panóias”. A carta de Foral foi apenas concedido em 8 de Maio de 1224, por D. Sancho II, Foral esse confirmado por D. Afonso III em 1268.
Ordenação heráldica do Brasão: 
Escudo de ouro, ponte de um arco de negro, lavrada de prata, firmada nos flancos e movente de um pé ondado de cinco tiras de azul e prata; em chefe, vulto do monumento denominado Porca de Murça, de vermelho. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: "FREGUESIA de MURÇA".
Ordenação heráldica da Bandeira: 
Bandeira de negro. Cordão e borlas de ouro e negro. Haste e lança de ouro.
Ordenação heráldica do selo: 
nos termos da Lei, com a legenda: "Junta de Freguesia de Murça".
Documentos Oficiais: 
Parecer emitido a 20 de Fevereiro de 2001.
D.R.: Nº 129 de 04 de Junho de 2001. DGAL: Nº 206/2001 de 20 de Junho de 20
01.

Situação Geográfica
O conselho de Murça, que tem 171,16 , fica situado no centro oriental do distrito de Vila Real, na antiga província de Trás-os-Montes e Alto Douro. Com ele confinam, de norte para sul e de nascente para poente, os municípios de Valpaços, Carrazeda de Ansiães, Alijó, Sabrosa e de Vila Pouca de Aguiar, ficando compreendido entre os meridianos 7º35’ e 7º18’ W e os paralelos 41º31’30’’ e 41º19’ e 30’’ N. A cabeça do Concelho, localizada exactamente no centro do mesmo, dista 47 Km de Valpaços, 32 de Mirandela, 28 de Alijó, 36 de Sabrosa e 36 de Vila Real, 97 de Bragança e 150 do Porto.
Este, é confirmado através da revogação de novo foral de D. Afonso III a 10 de Janeiro de 1268. Outros forais foram concedidos a esta vila. Um a 18 de Abril de 1304 e um outro a 9 de Maio de 1512, sendo outorgado o primeiro por D. Dinis e o segundo por D. Manuel, respectivamente.

Documentos que consignam prerrogativas que consagravam direitos, privilégios, regalias, obrigações e delimitações geográficas dos concelhos, do Rei com a população e desta para com aquele, visando sempre fins de natureza politica, administrativa e económica, tendo por finalidade a organização territorial do País e o reforço da coesão social nacional.
Com a revolução liberal (séc. XVIII), o município de Murça apresenta cinco condes, com títulos meramente honoríficos, concedidos por D. João VI. No séc. XX, é criada a Comissão Administrativa Franquista a 2 de Janeiro de 1908, sob orientação do Partido Regenerador Liberal que, promovendo uma nova política local, levando mesmo à realização das primeiras eleições, que embora censitárias, deram a vitória ao Partido Regenerador, passando então, a ser Presidente o padre João M. Ribalonga, que geriu os negócios do concelho desde 30 de Novembro de 1908 até à implantação da República a 5 de Outubro de 1910.

A 19 de Março de 1911 foi eleita a primeira comissão Municipal Republicana incumbida de gerir os destinos do concelho



Património Histórico-cultural 
Murça, uma Freguesia onde o Património material e imaterial se mostra faustoso, herança de outros tempos…
A sua vivência e contacto com diferentes povos através de séculos de História deu-lhe um riquíssimo património artístico e cultural. Ao longo dos tempos a sua obra artística foi vencendo gerações e fez também das suas gentes um historial de memórias.
Lenda A lenda "Porca de Murça", tal como todas as outras, é fruto do imaginário popular. Esse conhecimento é geralmente perpetuado pela memória colectiva de gerações. O sentido da existência desta lenda prende se com a explicação do significado e origem ancestral da estátua zoofórmica em material autóctene da região (Granito), assente sobre um plinto do mesmo material na praça 31 de Janeiro ou 25 de Abril, em Murça, que representa uma porca. "Segunda a lenda, era no século VIII esta povoação e o seu termo assolados por grande quantidade de ursos e javalis. Os senhores da Vila, secundados pelo povo, tantas montarias fizeram que extinguiram tão daninha fera, ou escorraçaram para muito longe. Mas, entre esta multidão de quadrúpedes, havia uma porca (outros dizem ursa) que se tinha tornado o terror dos povos pela sua monstruosa corpulência, pela sua ferocidade, e por ser tão matreira que nunca poderia ter sido morta pelos caçadores. Em 775, o Senhor de Murça, cavaleiro de grande força e não de menor coragem, decidiu matar a porca, e tais manhas empregou que o conseguiu; libertando a terra de tão incomodo hóspede. Em memória desta façanha se construiu tal monumento, alcunhado "a Porca de Murça", e os habitantes da terra se comprometeram por si e seus .sucessores, a darem ao Senhor, em reconhecimento de tão grande benefício, para ele e seus Herdeiros, até no fim do inundo, cada fogo três arráteis de cera anualmente, sendo pago este foro mesmo junto à porca. (Leal, Pinho, 1875)"


A Capela da Misericórdia 

A Capela da Misericórdia, também chamada de N.S. da Conceição, é o monumento arquitectónico mais gracioso e interessante dos edifícios religiosos da província transmontana. Situada a meio da rua principal, estrada nacional n°15, no limite da rua Marquês de Vale Flor e Alfredo Pinto, foi classificada monumento de interesse público. Construída em 1692, na sequência do desenvolvimento das Misericórdias, foi pertença dos Melos, primeiros condes de Murça. A sua fachada principal, de estilo barroco, é uma das mais belas e sumptuosas que se podem admirar. Rigorosamente simétrica, a entrada é ladeada por quatro colunas salomónicas, lavradas em granito de Murça, ornamentadas por figuras estilizadas de animais e plantas, entrelaçando se com parras e uvas. A robusta porta é decorada com oito belas almofadas que lhe dão um aspecto de fortaleza e imponência. A encimá la está o brasão dos Melos, coroado e atravessado por uma diagonal onde estão inscritas as palavras "Avé Maria". É ladeada por duas janelas octogonais que iluminam o coro. Este primeiro conjunto é rematado por um entablamento liso de estrias horizontais. O remate, quase triangular, é bordejado com um friso de ramos e flores de sabor barroco, tendo ao meio um anjo estilizado. No topo uma cruz de braços também retorcidos. No centro deste conjunto assenta um nicho com a imagem da padroeira N.S. da Conceição ladeado por duas colunas retorcidas. De um e outro lado duas rosáceas com inscrições em latim que dizem: "A sabedoria edificou um templo para si e talhou sete colunas". 



A outra: "Como é terrível este lugar, esta é a casa de Deus e a porta do Céu". Ladeando este grupo dois pináculos rematados por duas águias. No interior do edifício, de planta rectangular, sobressaio altar mor. barroco e jesuítico, com ornamentação manuelina, constituindo um espécime único. O retábulo divide a nave central em duas partes: O lugar dos leigos e o dos irmãos da confraria. No presbitério há dois altares laterais em talha dourada e em estilo barroco e pinturas a óleo. O camarim central é encimado pelos brasões dos senhores de Murça. No tecto abobadado, pintado a fresco, sobressai a figura do Rei David cantando salmos ao som da harpa. A sacristia tem a porta revestida a talha. A pia de água benta, de mármore, tinha incrustações a lápis lazúli que o tempo ou o vandalismo retiraram. Esta é uma belíssima obra de arte e o mais sumptuoso monumento da arquitectura religiosa que vale a pena visitar. 


Igreja Matriz ou Paroquial de Murça 

Edificada no local onde já existia a capela de N.ª S.ª da Assunção, veio substituir, agora mais no centro do aglomerado, a Igreja principal de Santiago. A sua construção remonta a 1707, sendo reconstruída e ampliada em 1734, altura em que passou a ser Igreja Matriz. A sua fachada é simples, nada tendo a realçar de estilo arquitectónico, com excepção da bela cúpula da torre. Contudo no seu interior existem autênticos tesouros, tais como: O tríptico composto por três pinturas separadas, devendo datar entre os anos 1564 66. São atribuídas a Pedro de França.

 É composto pelo Calvário que ocuparia o centro, e os outros dois, S. Francisco recebendo as estigmas e o bispo S. Martinho, as abas. As imagens laterais têm metade da largura da central e dobrar se iam sobre esta formando um conjunto. Segundo Reinaldo dos Santos é um desenho um pouco duro. modelação esculpida com talha em madeira e cor de tons frios. Vale a pena admirar esta admirá\el jóia quinhentista. Na Igreja há ainda a salientar a pia baptismal de um manuelino tardio. E ainda do lado esquerdo, um maravilhoso retábulo de rara beleza e qualidade artística, que ostenta uma das mais belas e perfeitas imagens do Sagrado Coração de Jesus. Por todo o retábulo sobressai uma decoração simples, estilizada com volúpias e concheados dourados, sem o exagero do barroco. De lado, dois anjos alados admiram a simplicidade, finura e beleza dos traços que um coração raiado coroa. Existe também um valioso espólio de imagens recebidas da bela igreja de Santiago: A de Santiago, S. Vicente, S. José da Roca, N.ª S.ª da Cana Verde e muitas alfaias religiosas. Em 1734, à nova igreja, foi lhe acrescentada a torre cimeira guarnecida com uma linda cúpula bojuda. O altar mor, de 1742, é todo revestido a uma belíssima talha dourada em estilo barroco italiano, bem como os dois altares laterais de S. José e S. Macário. De realçar também o crucifixo de uma rara expressão dolorosa.
 Em 1834, recebeu também o espólio do extinto Mosteiro de S. Bento, situado mesmo ao lado. Dele vieram além de várias imagens o altar de S. Vicente, de estilo Josefino com ressaibos joaninos. Em 1902, foi ampliada com jardim e adro, muro de vedação e portão de entrada. Em 1924, a igreja sofreu novo restauro. Enquanto as obras duraram, substituiu a a capela da Misericórdia, lá ficando desde então o belíssimo sacrário que viera também do Mosteiro. Em 1937, a igreja foi enriquecida com um relógio. 


Pelourinho 

 Classificado de monumento nacional por decreto de 16 de Junho de 1910, é um dos mais belos e bem conservados exemplares portugueses. Originários da Idade Média, os pelourinhos são a marca do Concelho, símbolos da liberdade e autonomia municipal, brasão do povo. Era junto deles que se executava a justiça municipal, muito mais isenta e branda que a dos "senhorios". 

Localizava se quase sempre no centro da população, geralmente em frente do Município para servirem de exemplo aos prevaricadores aquando da execução dos castigos. O actual pelourinho de Murça data do século XVI, não sendo este já o primitivo. A sua construção deve datar de 1512, data da renovação do Foral ao Concelho. Situa se no centro da praça principal da vila, mesmo em frente ao actual edifício da Câmara Municipal, da igreja matriz, e dos antigos paços do Concelho, outrora convento das freiras beneditinas. É enquadrado ainda por belos exemplares de casas senhoriais. Constitui um verdadeiro exemplar do estilo gótico. 
Todo feito em granito, assenta numa plataforma de sete degraus graníticos em forma piramidal, do meio dos quais se eleva uma elegante coluna em cordão. Encimada por um capitel que ostenta do lado sudoeste o brasão de D. Manuel e na face para sudeste as armas dos Guedes, donatários de Murça. Sobre este capitel assenta um triplo remate com cinco pequenas colunas idênticas à da base, em cordão. No meio da coluna, é visível ainda uma argola em ferro para prender os castigados. 


Ponte Romana (Filipina ou Ponte Velha) 

Troço viário classificado como Imóvel de Interesse Público, em 1983. Edificada sobre o rio Tinhela, a ponte romana foi até finais do século XIX o único ponto de passa em obrigatória que ligava Astorga a Braga e à foz do rio Douro, atravessando todo o Concelho de Murça. Era nela que se fazia a bifurcação para os dois destinos; a primeira passando por Jales. via Braga, e a segunda por Vila Real. A ponte é um magnífico exemplar da arquitectura romana. formada por um só arco de volta inteira, robusta e elegante, com 12.5m de comprimento, 3 m de largura e 5 de altura. 

No tempo de Filipe 11 de Espanha, entre 1583 e 1595, foi restaurada. como comprovam as inscrições gravadas num padrão à margem esquerda do rio Tinhela, e que por isso foi também chamada ponte filipina. Sofreu posteriormente outras reparações. Há ainda esculpido num marco granítico, e junto àbifurcação, outra data, 1818, indicando as direcções. O troço da via romana, ainda hoje bem conservado, e o castro do Cadaval, ali bem junto no monte que lhe é sobranceiro, são bem a prova da importância deste traçado via e ponte.

Ponte Nova 

Construída em 1872, toda em pedra, a cerca de 1 km a nascente da ponte romana e a poente de Murça, com 33 m de altura, de um só arco, é um belo exemplar da época do Fontismo. Edificada sobre o rio Tinhela, como a romana, faz a ligação da estrada nacional n°l5, que liga o Porto a Bragança, passando por Vila Real, Murça e Mirandela.
Há ainda outros imóveis de interesse arquitectónico: Casa dos Morgadinhos assim chamada por ter pertencido aos Morgados de Murça. Foi construída no século XVI, e o seu traço mais característico é possuir uma janela de ângulo geminado. Casa dos Condes de Murça fica situada na praça em frente ao Pelourinho. Ostenta o brasão dos condes de Murça. Há ainda a considerar a casa das Laranjeiras, a casa do Seixo, a capela de Santa Rita, a capela de S. Sebastião, a casa de Frei Inácio Cardoso e a casa de Manuel Seixas Veloso, além de casas rústicas, fontes e fornos de secar figos, espalhados por toda a zona rural do Concelho.


Gastronomia 

Merecem realce pela sua qualidade e sabor gustativo as famosas queijadas e toucinho do céu, cuja composição à base de chila, amêndoa e gemas de ovo, são do melhor que se pode apreciar. O segredo do seu fabrico artesanal vem do convento das freiras Beneditinas instalado em Murça.
Além destes dois manjares dos anjos há ainda a referir o cabrito assado no forno com batatas miudinhas e o arroz de forno a acompanhar, o borrego ou os suculentos pratos à base de carne de porco que na tradicional época das “matanças” se fazem de tantas maneiras. Há ainda os peixinhos do rio de escabeche e ainda o bacalhau cozido com batatas e couves da terra regadas com um dos melhores azeites do mundo, o de Murça. Há ainda o famoso fumeiro cujas alheiras nada ficam a dever às das zonas limítrofes. A acompanhar sempre os melhores vinhos que esta terra também ela Região Demarcada do Douro nos oferece.



No desporto automóvel, tem ainda o "Todo terreno", o "Autocross" e o "Kartcross", que fazem as delícias dos apaixonados pela velocidade e desportos motorizados.






QUEIJADAS

Ingredientes:
·         3 ovos
·         300 grs de farinha
·         1 colher (sopa) de banha
·         2 colheres  (sopa) de água
·         sal
Para o recheio:
·         1 kg de doce de chila bem seco
·         250 grs de amêndoas
·         12 gemas
·         1 colher (chá) de canela
·         300 grs de açúcar p/ cobrir

Confecção:

1.   Peneire a farinha e ponha a banha por cima, misturando em seguida com as mãos.
2.   A parte, bata os ovos inteiros com a água com um pouco de sal. Junte esta mistura à farinha com a banha e amasse tudo, batendo a massa até ter a consistência e elasticidade suficientes para ser tendida.
3.   Se for necessário, junte um pouco mais de água.
4.   Deixe repousar 1/2 hora.
5.   Entretanto, misture o doce de chila com as gemas, as amêndoas peladas e raladas e a canela.
6.   Estenda a massa muito fina e, com um copo, corte em rodelas.
7.   Aperte os bordos das rodelas em cinco sítios, de modo a dar a cada uma a forma de caixa.
8.   Coloque as caixas de massa num tabuleiro e encha com o recheio, levando depois a cozer em forno quente.
9.   Enquanto as queijadas cozem, leve o açúcar ao lume com 1/2 copo de água e deixe ferver até fazer ponto de pérola (quando a calda estiver espessa e correr em fio, ficando uma gota suspensa na extremidade, como se fosse uma pérola).
10.              Passe as queijadas por esta calda assim que saírem do forno e ponha-as a secar.
11.              Depois de frias, pincele a superfície com a calda, esfregando o pincel para o açúcar se tornar opaco.

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