Terra Perdida
Abandonado, assim, dentro da vida...
Sózinho, sem destino, sem legenda...
Ninguém!... E uma ansiedade mal-contida
de alguma coisa antiga que me prenda.
E a dor de relembrar... Tudo distante...
Recordações que chegam em pedaços
Minha memória, envelhecida, errante,
põe-se a andar para trás, sobre meus passos.
Erra, longe, acordando horas felizes...
E a minh'alma de novo se descerra
naquele amor que ao chão prende as raízes,
o amor do primitivo pela terra!
Minha terra perdida... Lembro-a... E lembro
os fundos céus de cinza e as tardes calmas,
naqueles dias mortos de Novembro,
mês de papoulas novas e das almas.
Novembro... Mês de tumbas... Romarias
de finados e quietações de cova.
E em contraste essas claras alegrias
de terra em flor e Primavera nova.
Ah! Primavera... Evocas os extensos
de verdes e os chorões ao pé da Igreja,
com os esmolantes braços velhos pensos,
pedindo ao chão bendito que os proteja.
Recordo tanto... A Igreja, entre as acácias,
na elegância das suas linhas vivas,
desde o entalhe custoso das rosáceas,
dos ângulos agudos das ogivas.
E aquelas noites pelo céu deserto...
Que lindas noites... (Pudesse ainda eu vê-las)
E a lua, como um lírio em fogo aberto,
a derramar o polen das estrelas...
E as matinadas de verão... E os vagos
de sombra! ... (Ó sombra, que mistério escondes,
para a um tempo fazer morrer os lagos
e humanizar a larga paz das frondes?)
Lembro finados, outra vez...E escuto
as orações de um rito. Gemem, longe,
mágoas de sino. O ambiente veste luto
e ouço um réquiem entoando a voz de um monge.
Passam místicos vultos... De Profundis...
Doridos sons de funerários salmos...
E após vens tu, coveiro, que me infundes
o religioso horror dos sete-palmos...
Abandonado, assim, dentro da vida...
Sózinho, sem destino, sem legenda...
Ninguém!... E uma ansiedade mal-contida
de alguma coisa antiga que me prenda.
E a dor de relembrar... Tudo distante...
Recordações que chegam em pedaços
Minha memória, envelhecida, errante,
põe-se a andar para trás, sobre meus passos.
Erra, longe, acordando horas felizes...
E a minh'alma de novo se descerra
naquele amor que ao chão prende as raízes,
o amor do primitivo pela terra!
Minha terra perdida... Lembro-a... E lembro
os fundos céus de cinza e as tardes calmas,
naqueles dias mortos de Novembro,
mês de papoulas novas e das almas.
Novembro... Mês de tumbas... Romarias
de finados e quietações de cova.
E em contraste essas claras alegrias
de terra em flor e Primavera nova.
Ah! Primavera... Evocas os extensos
de verdes e os chorões ao pé da Igreja,
com os esmolantes braços velhos pensos,
pedindo ao chão bendito que os proteja.
Recordo tanto... A Igreja, entre as acácias,
na elegância das suas linhas vivas,
desde o entalhe custoso das rosáceas,
dos ângulos agudos das ogivas.
E aquelas noites pelo céu deserto...
Que lindas noites... (Pudesse ainda eu vê-las)
E a lua, como um lírio em fogo aberto,
a derramar o polen das estrelas...
E as matinadas de verão... E os vagos
de sombra! ... (Ó sombra, que mistério escondes,
para a um tempo fazer morrer os lagos
e humanizar a larga paz das frondes?)
Lembro finados, outra vez...E escuto
as orações de um rito. Gemem, longe,
mágoas de sino. O ambiente veste luto
e ouço um réquiem entoando a voz de um monge.
Passam místicos vultos... De Profundis...
Doridos sons de funerários salmos...
E após vens tu, coveiro, que me infundes
o religioso horror dos sete-palmos...
Felippe Daudt
de Oliveira
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