segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

HERBERTO HELDER - ONDE NÃO PODE A MÃO



ONDE NÃO PODE A MÃO

Como se uma estrela hidráulica arrebatada das poças
Tu sim deslumbras. Por coroação:
por regiões activas de levantamento:
por azougue da cabeça,
Brilhas pela testa acima,
Ceptro: potência — ah sempre que o chão crepita
dos charcos de ouro,
E no corpo trancado a velas
E nervos: o sangue que se afunda e faz tremer
Tudo, Tocas
com um arrepio de unha a unha
o mundo, Pontada
que te abre e aumenta
ou
—onde se um troço dessa massa
intestina: e como respirada: às queimaduras
primitiva — Boca:
sexo: viveza
das tripas: uma glândula que te move
ao centro, Amadureces como um ovo,
Na traça carnal: todo
como um golpe muita força por dentro   
HERBERTO HELDER

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