quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

FREGUESIA DE CABANA MAIOR

REGIÃO                    NORTE
SUB-REGIÃO              MINHO LIMA
DISTRITO                 VIANA DO CASTELO
CIDADE                   ARCOS DE VALDEVEZ
FREGUESIA             CABANA MAIOR

Heráldica 
O processo de legalização da heráldica da Freguesia de Cabana Maior, efectuado sob as normas da Lei 53/91, está entregue à CHAAP - Comissão de Heráldica da Associação dos Arqueólogos Portugueses, à espera de um Parecer, de acordo com a Lei nº 169/99 de 18 de Setembro e  alterações da Lei nº 5-A/2002 de 11 de Janeiro.
Assim, posteriormente, por proposta da Junta de Freguesia, será submetido à Assembleia de Freguesia, para analisar e votar. Sendo aceite por esse órgão, a Junta de Freguesia, fará a sua publicação no Diário da República e depois fará o Registo na DGAL.



História
RESENHA HISTÓRICA

 Com uma grande área do seu terreno, integrando o Parque Nacional de Peneda-Gerês, a freguesia dista cerca de 8 km a nordeste da sede do concelho. 


Situada entre montes e banhada pelo ribeiro de Vagem, Cabana Maior foi em tempos da comarca de Valença do Minho. Confina a norte com a freguesia de Cabreiro, a nascente com a de Soajo, a sul com Vale e Ermelo e a poente com Grade. E atravessada pelo rio Vage ou Vagem.

Era apresentada pelo vigário da freguesia de S. Cosme e S. Damião, a que esteve anexa. O primeiro vigário de que há notícia (em 1650) foi o padre António Pereira.
É freguesia muito antiga, que tomou o nome de uma grande cabana que existia no local de Pardelhas, onde esteve a primeira igreja. Os párocos eram apresentados pelo abade de S. Cosme e S. Damião, a cuja freguesia Cabana Maior esteve anexa. Já esteve incluída na comarca de Ponte de Lima. Aproveitou o foral dado por D. Manuel a Valdevez em 2 de Junho de 1515.



Nas Inquirições de D. Afonso III aparece citada como "Sancti Martini de Cabana Mayor".


O facto de no alto da serra haver muita pedra britada, destinada com certeza a uma construção, apoiou esta versão. Este último foi denominado Bouça do Néguas, até ao séc. XVII.
No Santuário de Bouças Donas é costume fazerem-se cortejos em honra de Nossa Senhora da Misericórdia em anos de seca, deslocando a imagem da Senhora à igreja paroquial, pedindo a sua intervenção para o aparecimento da chuva; que sempre se obteve, por vezes no mesmo dia.
Uma outra tradição diz que (...) em caso de parto difícil, se deve fazer uma oferenda de milho, colocada aos pés da imagem, com uma peça de roupa da parturiente; imediatamente após o parto, devem deslocar-se ao santuário e retirar a peça de roupa da mãe para quem se pediu o apoio da Virgem Nossa Senhora da Misericórdia. Segundo a tradição a Virgem comecerá a transpirar como se assumisse o parto, que acaba por correr da melhor maneira.
A igreja paroquial é de uma só nave, a primitiva igreja esteve no sítio de Pardelhas, um pouco acima do atual lugar de Igreja. Os povos festejavam então o orago no primeiro domingo de Agosto com grandes festas.
Além da capela em Bouças Donas, existem outras em Vilela das Lages, uma dedicada à Senhora da Nazaré, e em Boimo, em honra de Nossa Senhora da Boa Morte.

 O censo de 1900 atribuía a Cabana Maior 670 habitantes, correspondentes a 173 fogos. Nos censos de 1991 estes números são, respectivamente de 472 e 402.
Muito há a conhecer nesta freguesia, desde as suas deslumbrantes paisagens aos seus monumentos.
 É primordial conhecer as gravuras rupestres do Complexo Arqueológico do Gião, as Mamoas-Dolmens no Mezio, 






os achados arqueológicos, na Lage dos Chãos, na Chã da Portela e noutros lugares, nomeadamente também, no Monte do Gião.
A "Arte do Gião" uma publicação do Dr. António Martinho Baptista, dá-nos informação sobre os estudos efetuados no Complexo de Arte Pré-Histórica do Gião, e cita várias publicações de historiadores e arqueólogos que, tal como ele, se interessaram pelos inestimáveis valores arqueológicos do Santuário do Gião. Esta grande figura da arqueologia, diz-nos o seguinte: "De acordo com o projeto já sumariamente apresentado, iniciou-se (...) o levantamento arqueológico do complexo de arte pré-histórica do Gião. Esta primeira campanha viria a revelar-se, com alguma surpresa, estar-se em presença da maior concentração de rochas historiadas, numa só estação, de todo o NW Peninsular. Para além disso, e como tem sido apontado por algumas das estações deste grupo artístico, as rochas gravadas do Gião comungam uma extraordinária paisagem natural, na qual se pode ainda hoje definir claramente um espaço estruturado, em que Arte e Meio Ambiente se conjugam em perfeito paradigma antropo-ecológico, não sendo descabido aplicar-se ao conjunto o conceito de Santuário. Com efeito, o observador mais atento que circule pelas rochas insculturadas do Gião, breve se apercebe serem estas limitadas, na sua maioria, a um espaço natural único".
Graças ao trabalho levado a cabo pelo Dr. Martinho Baptista foram catalogadas e historiadas 80 rochas, 27 das quais no Muro do Gião l; foram inventariadas igualmente 5 rochas gravadas no Gião 2, mas só uma delas com motivos claramente pré-históricos.
Devido ao empenhamento da Junta de Freguesia e em conjunto com a Câmara Municipal de Arcos de Valdevez vai ser retomado o estudo pelo Dr. Martinho Baptista, ao "Santuário do Gião".
Alguns melhoramentos vêm dignificando a freguesia, os acessos a Bustelinhos, aos santuários de Bouças Donas, Vilela de Lages e Boimo, tendo este último sido beneficiado, com terrenos doados por benfeitores do Lugar de Boimo.
De salientar o esforço dos habitantes de Bouças Donas e Bustelinhos, que em 1950 construíram a expensas suas uma escola para evitar que as crianças percorressem a pé vários quilómetros, enfrentando diversos perigos.
Entre muitos tipicismos e tradições da freguesia vale a pena referenciar, a prática da medicina popular, a utilização ancestral de plantas medicinais, dos banhos com ervas, das fricções, das rezas (mezinhas), das purgas, da aplicação de ventosas, e outras alternativas, na cura dos problemas que afligem os doentes. Curiosa é ainda a utilização, muito "simpática", das ervas, especificamente as urtigas, para se curarem certas crises, porque, segundo consta, há quem consiga bons resultados, como o facto de se deitar sobre uma cama de urtigas a noite toda, para lograr a cura das crises.


Ainda a respeito da História da freguesia, no Inventário Colectivo dos Arquivos Paroquiais vol. II Norte Arquivos Nacionais/Torre do Tombo, pode ler-se:

Na lista das igrejas situadas no território de Entre Lima e Minho, elaborada por ocasião das Inquirições de D. Afonso III, em 1258, "Cabana Maiore" é citada como ama das igrejas pertencentes ao bispado de Tui.
No catálogo das mesmas igrejas, que o rei D. Dinis mandou efectuar, em 1320, para determinação da taxa a pagar, São Martinho de Cabana Maior foi taxada em 50 libras.
Em 1444, a comarca eclesiástica de Valença, compreendida entre os rio Lima e Minho, foi desmembrada ao bispado de Tui, passando a pertencer ao de Ceuta.
Em 1512, o arcebispo de Braga, D. Diogo de Sousa, deu a D. Henrique, bispo de Ceuta, a comarca eclesiástica de Olivença, recebendo em troca a de Valença do Minho. Em 1513, o papa Leão X aprovou a permuta.
No registo da avaliação que o arcebispo D. Manuel de Sousa mandou efectuar, em 1546, São Martinho de Cabana Maior era anexa a São Cosme, que foi avaliada em 40 mil réis.
No Censual de D. Frei Baltazar Limpo (1551-1581), a situação canónica deste benefício não se alterou, permanecendo anexa a São Cosme de Valdevez.
Segundo Américo Costa, Cabana Maior foi vigairaria renunciável, da apresentação do abade da igreja de São Cosme e São Damião a que este esteve anexa.
As duas igrejas foram unidas unidas em 1641, ficando a pertencer à de São Martinho, até ao ano de 1848, os dízimos e primícias da de São Cosme e São Damião.

Gastronomia
Peru Assado no Forno
Ingredientes:
Para 10 pessoas
  • 1 peru ;
  • 1 kg de sal ;
  • 1 ou dois limões ;
  • Para o recheio:
  • 250 g de pão de trigo ;
  • 3 ovos ;
  • 100 g de presunto entremeado ;
  • 1 colher de sopa de manteiga ou de banha ;
  • sal e pimenta ;
  • Para o arroz:
  • 1 kg de arroz ;
  • asas, patas, pescoço e miudezas do peru ;
  • 1 cebola ;
  • 3 colheres de sopa de azeite ;
  • sal e pimenta
Confecção:
1.   Depois do peru arranjado e bem limpo, cortam-se as asas, as patas e o pescoço.
2.   Introduzem-se as patas na barriga e coloca-se o peru num alguidar coberto com água fria, o sal (1kg) e os limões ás rodelas.
3.   Deixa-se ficar assim de um dia para o outro.
4.   No dia seguinte, escorre-se e enxuga-se com um pano de modo a ficar bem enxuto.
5.   Com a mão com sal passa-se por todo o peru.
6.   À parte, para uma tigela, parte-se o pão em bocados, que se envolvem nos ovos inteiros.
7.   Junta-se o presunto cortado em pedacinhos e a manteiga (ou banha).
8.   Enche-se o peito do peru com este preparado, calcando para que fique bem cheio, e cose-se a abertura com agulha e linha.
9.   Prepara-se então a calda para o arroz: cozem-se em água as asas, o pescoço, as patas e os miúdos do peru.
10.               Tempera-se com sal.
11.               Escolhe-se, lava-se e mede-se o arroz.
12.               Pica-se a cebola e aloura-se com o azeite.
13.               Rega-se com a calda de cozer os miúdos (uma vez e meia o o volume do arroz) e deixa-se levantar fervura.
14.               Introduz-se o arroz, deixa-se ferver um pouco e deita-se num tacho de barro baixo, sobre o qual se coloca uma rede onde o peru irá assar durante 1.30 h.
15.               Claro que este processo se refere à cozedura em forno de lenha.
16.               Num forno eléctrico ou de gás, cuja altura não é suficiente para o conjunto do tacho e peru, assa-se o peru, juntando depois ao arroz o molho que dele vai escorrendo enquanto se assa.
17.               Neste caso, o tempo de assadura será de duas horas.
18.               Por estranho que pareça, este peru não é barrado com qualquer gordura antes de ser introduzido no forno.
São condições essenciais para que fique suculento: estar bem seco quando é introduzido no forno, nunca ser regado com qualquer líquido ou gordura durante toda a assadura e cozinhar apenas o tempo necessário para que a carne fique cozida mas não seca.

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