sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

FREGUESIA DE GAFANHA DO CARMO

REGIÃO                    CENTRO
SUB-REGIÃO            BAIXO VOUGA
DISTRITO                 AVEIRO
CIDADE                   ILHAVO
FREGUESIA             GAFANHA DO CARMO





Brasão: 
Escudo de prata, barco moliceiro de negro, mastreado e cordoado do mesmo, realçado de ouro e vestido de vermelho, vogante sobre um contra-chefe ondado de verde, prata, azul, prata e verde; em chefe, duas armações de moínho de negro, cordoadas do mesmo e vestidas de azul. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: "GAFANHA do CARMO".



Bandeira:
 Azul. Cordão e borlas de prata e azul. Haste e lança de ouro.
Selo: 
Nos termos da Lei, com a legenda: "Junta de Freguesia de Gafanha do Carmo - Ílhavo".
LOCALIZAÇÃO GEOGRÁFICA E ORIGENS
A Gafanha do Carmo poderá ser simples e naturalmente descrita como uma pequena freguesia do concelho de Ílhavo, ladeada, a oriente, pela estrada florestal e, a ocidente, pelo mar, pela praia. A norte, já temos a Gafanha da Encarnação e, para sul, o concelho de Vagos. A terra da Gafanha do Carmo deve ao vento e ao mar o clima temperado que a caracteriza, que não deixa descer demasiado as temperaturas na estação invernal nem costuma proporcionar dias de calor violento no Verão.
 É, também, ao mar e ao vento que deve as suas origens. De facto, o território que hoje constitui a Gafanha do Carmo – e as outras Gafanhas – era um imenso areal, com 25 quilómetros de comprimento e, no máximo, 5 de largura. Esta vasta extensão de dunas teria sido originada pela sedimentação arenosa proveniente das correntes marítimas e dos ventos. Existia, portanto, uma vasta península de areias, retalhada pelos braços da Ria de Aveiro – assim era a Gafanha, que se estendia desde o concelho de Mira, a sul, à antiga Cale da Vila (hoje, Gafanha da Nazaré); a nascente, o Rio Boco e, a poente, o Oceano Atlântico, elo de povos e culturas.
À medida que o imenso areal foi sendo habitado, a Gafanha “inteira” dos tempos longínquos foi-se subdividindo nas várias Gafanhas que hoje conhecemos. Como a ocupação foi sendo feita de norte para sul, a nossa Gafanha do Carmo, mais a sul, é das Gafanhas de história mais recente. Os primeiros a pisar este espaço – que, actualmente, corresponde à Gafanha do Carmo – foram pastores de Vagos e de Mira que aqui apascentavam o seu gado. 
Mais tarde, instalaram-se cá alguns caseiros que arrendaram terrenos a um proprietário do concelho de Ovar. Por este motivo, o primeiro nome da nossa freguesia foi “Gafanha dos Caseiros”. Aqui, foi fundada uma capela em louvor de Nossa Senhora do Carmo, cuja data não podemos precisar, mas que deve aproximar-se do ano de 1830 a 1840; foi a partir daqui que a nossa terra adquiriu o topónimo de ‘Gafanha do Carmo’ – que ainda se mantém. A capela foi destruída e, em 1910, foi construída uma nova capela, de maiores dimensões, a uns 50 metros mais a poente e com orientação oposta à primitiva.

O TOPÓNIMO
E… donde decorre o topónimo “Gafanha”? O dissílabo “Gafa”, que integra o termo “Gafanha”, é abundante de sentidos, pois são as pessoas – em toda a sua riqueza e complexidade – que fazem a língua, usando-a. Assim, “gafa” poderia significar “cesto de transporte de sal das marinhas”, “fome”, “hospital de leprosos”, “caranguejo escuro”. Há estudos que demonstram a relação do vocábulo “Gafanha” com “Gafenha” – palavra que significa “gafado”, “doente de gafeira”. Ora, a gafeira era uma doença que atacava os carneiros, fazendo-lhes cair o pêlo, mas deixando semeados, aqui e ali, alguns tufos na pele nua e doente. Por comparação, a vegetação – que é o pêlo que cobre a terra – também não era abundante quando a Gafanha era toda una. Há dois ou três séculos, a Gafanha era, então, um vasto lençol de areias movediças, deserto, escalvado e sem folha verde. As moitazinhas que foram aparecendo, de longe quase imperceptíveis, assemelhavam-se aos montículos de pêlo que os carneiros tinham dispersos no corpo.
Devemos, ainda, considerar outra teoria que defende que “Gafanha” está associada ao acto de gadanhar ou gafanhar o junco – planta muito comum nestas paragens, alagadas pelas águas da Ria, e que servia de cama para o gado e, mais tarde, ia adubar os extensos areais. 
Os habitantes de Vagos e de Mira, em tempos passados, vinham à apanha ou gafanha do junco, passando, com o andar dos tempos, a dizer, simplesmente, – “Vamos à gafanha.”. O nome da nossa terra fica, assim, associado, também, à alfaia agrícola de ceifar, que é a “gadanha”. Sendo muitas as explicações, não existe, porém, consenso quanto à origem do topónimo “Gafanha”.

A FREGUESIA
No século XIX, as viagens eram feitas através das inóspitas dunas de areia e, mais tarde, a partir de 1887, pela mata, aquando da sua sementeira. Em 1932, a Gafanha do Carmo liga-se, por estrada, à Gafanha da Encarnação, passando a pertencer a esta freguesia a partir de 18 de Julho de 1934. Mais tarde, em 1957, a Gafanha do Carmo é elevada a freguesia eclesiástica e teve o seu cemitério próprio. Antes disso, os seus habitantes eram sepultados no cemitério de Ílhavo, para onde se ia a pé… Tempos duros em que a dor espiritual se associava às penas físicas.
Só em 1960 é criada a freguesia civil. Como tal, a Gafanha do Carmo tem, actualmente, uma bandeira e um brasão próprios que alguns dos nossos estudantes podem ostentar nos gabões e capas dos seus trajes académicos.
O edifício da Junta foi construído em 1978, remodelado em 1989 e, mais recentemente, em 2001. A sede própria da Junta de Freguesia alberga um posto público de Internet, uma biblioteca e mediateca, em crescimento, um salão cultural com dois camarins.


 Não perdendo a corrida vertiginosa da informação no mundo actual, a 
Junta de Freguesia da Gafanha do Carmo dispõe de um endereço electrónico – junta.carmo@clix.pt – e deste sítio na Internet:www.juntacarmo.com, onde é possível consultar estes dados acerca desta terra pacata à beira-mar e à beira-ria de Aveiro; 
isto para além da composição do executivo e da assembleia, de informações relativas a actividades já empreendidas, projectos de futuro mais ou menos próximo, algumas fotos de diversos eventos, como a festa do emigrante, etc.
POPULAÇÃO E ACTIVIDADES ECONÓMICAS
A população da Gafanha do Carmo vivia, nos primeiros tempos – ainda até ao tempo dos pais e avós da juventude de agora –, da agricultura e da pesca, sobretudo da pesca do bacalhau. Disso nos dá testemunho o habitante mais antigo da Gafanha do Carmo, José Louro Domingues, ou, como todos o conhecem, ti Zé Louro. 
Esta forma familiar e acolhedora de tratar as pessoas mais velhas é, na verdade, umas das características mais peculiares da Gafanha do Carmo.
O ti Zé Louro nasceu em 1914, tem a antiga quarta classe e, apesar de ter trabalhado 50 anos nas marinhas, também se dedicou ao cultivo de batatas, feijão, ervilha, milho… como era costume nesta terra de lavradores, criadores de gado e pescadores. 

Até há bem pouco tempo, este homem de noventa anos ainda semeava batatas que sustentavam três casas e ainda o víamos nos seus passeios de bicicleta, nas tardes soalheiras, com uma cabeleira de alguns fios brancos e muitos ainda escuros – que fazem inveja a muita gente nova que já não se pode gabar de ter tão poucos cabelos brancos. No tempo do pai do ti Zé Louro, a Gafanha do Carmo tinha sete casas e a principal rua da freguesia era denominada o “carreiro da missa” – por onde as pessoas passavam para ir à missa, nas poucas folgas que tinham.
Eram tempos árduos, em que as pessoas se deslocavam a pé, por vezes carregadas com os produtos que a terra dava e que iam vender nos mercados. Trabalhava-se muito e a ajuda dos filhos era preciosa. As famílias eram, normalmente, numerosas, os filhos mais velhos iam ajudando a criar os mais novos e quase ninguém frequentava a escola para além da quarta classe. Os rendimentos eram parcos e, muitas vezes, aproveitados para a aquisição de mais terrenos para cultivo – sustento das gentes.
Temos conhecimento de que o avô do ti Zé Louro – Manuel Domingues Gafanha – foi dos primeiros moradores da Gafanha do Carmo e de que o ti Zé Louro pertenceu à comissão que pediu a Junta de Freguesia da Gafanha do Carmo à Câmara Municipal de Ílhavo.

Hoje, a população mantém a simpatia, a capacidade empreendedora, a hospitalidade e o empenho e colaboração nas causas públicas e sociais que desde cedo a pintam. Quanto às actividades económicas, verifica-se uma maior diversificação em relação aos primeiros tempos. Além de dois ou três agricultores maiores, há, ainda, algumas pessoas que cultivam os produtos de uso mais habitual para consumo caseiro e que criam alguns animais domésticos para o mesmo efeito. As pessoas têm as mais variadas profissões, tendo muitas encontrado emprego em zonas industriais próximas e florescentes.
Tem caracterizado a gente da Gafanha do Carmo, desde há muitos anos a esta parte, um fenómeno bastante recorrente: a emigração. De facto, quase todas as famílias convivem com a saudade de entes queridos que partiram para outras terras, em busca de melhores condições de vida, em épocas onde as oportunidades eram, talvez, mais escassas e o estrangeiro aliciava.

ACTIVIDADES RECREATIVAS E CULTURAIS
Nos dias de hoje, temos, no centro da nossa freguesia, a Igreja de Nossa Senhora do Carmo, construída em 1969 em substituição da primeira capela da Gafanha dos Caseiros, tendo vindo a ser, oportunamente, transformada e melhorada. É no átrio da Igreja, agora mais amplo, com espaço para o convívio, para a diversão, com um pequeno parque infantil, que, na maior parte das vezes, o povo se junta por ocasião de comemorações religiosas, eventos festivos, culturais. 
Assinalamos os festejos em honra de Nossa Senhora do Carmo, que têm lugar no primeiro fim-de-semana de Agosto; o cortejo de Reis que, no primeiro ou segundo domingo de Janeiro, percorre as ruas da freguesia, vindo culminar com a representação do presépio ao lado da Igreja e a celebração final já dentro da mesma.
Os concertos no âmbito da Semana Jovem, em Julho, os encontros gastronómicos – ou “Tasquinhas”, organizadas
 pela Associação de Solidariedade Social da Gafanha do Carmo – em finais de Maio e/ou no limiar de Junho, e outros acontecimentos de lazer e de assinalável importância sociocultural têm, frequentemente, lugar no largo da Igreja, ampliado, embelezado e remodelado em 2001. É neste espaço recente que ainda podemos contemplar uma reminiscência do passado – um engenho de mós da moagem de cereais de Silvino da Silva Troca, que também deu o nome a uma rua.

EDUCAÇÃO

No sector da Educação, mesmo no coração da Freguesia, uma escola do 1º ciclo do Ensino Básico, remodelada, um jardim-de-infância, um edifício socioeducativo que fornece refeições à população escolar e funciona como ATL. A cabine telefónica, no exterior do edifício, foi implantada por iniciativa da Associação de Solidariedade Social da Gafanha do Carmo.
As habilitações escolares da população são muito diferentes do que eram ontem. A geração “mais jovem” frequenta a escolaridade obrigatória e, nalguns casos, prossegue mesmo estudos, seja em cursos tecnológicos ou profissionais, seja no ensino superior.

SÍTIOS
Apreciamos, na nossa Gafanha, as muitas casas que evocam um passado não muito distante: modestas, não diferiam muito umas das outras. Eram pequenas, pouco espaçosas, sem casa de banho; para ter água, dava-se à bomba. Havia, também, um espaço destinado aos animais – eram os currais. 

Estas habitações dos nossos avós coexistem com casas mais novas que têm feito crescer esta Gafanha de 696 ha e, hoje em dia, de pouco mais de 1500 residentes.
Os “Cruzeiros” são, também, locais a que não passamos indiferentes bem como as “Alminhas” – um dos pontos de referência mais emblemáticos da nossa freguesia.

DESPORTO E GRUPOS


Ao nível dos equipamentos, a Gafanha do Carmo tem, nos nossos dias, em pleno funcionamento, um complexo desportivo com um pavilhão gimnodesportivo, um campo de futebol de 11, outro de futebol de 5 e um campo de ténis. Dentro do recinto desportivo, existe um parque de merendas, aberto ao público todos os fins-de-semana e equipado com sanitários. 
Animam e enriquecem a freguesia outros grupos e instituições:




- Grupo de Jovens “Arco-íris” que tem realizado diversas e notáveis actividades nas áreas sociais e culturais e que costuma reunir-se numa das salas de reuniões anexas à Igreja;





- Grupo Regional de Danças e Cantares da Gafanha do Carmo, que se dedica ao folclore e já tem viajado não só pelo país mas também além-fronteiras;






- Agrupamento de Escuteiros 531 da Gafanha do Carmo, que tem levado a cabo inúmeras iniciativas de âmbito cultural, ambiental e de lazer formativo;








- Associação Cultural da Gafanha do Carmo, que tem levado algumas peças ao palco, não só com actores adultos, mas também com crianças.


SAÚDE E ACÇÃO SOCIAL

Na área da saúde, temos a extensão de saúde, feita no edifício que, há alguns anos, era uma escola “primária” – a conhecida Escola do Norte. E é neste terreno envolvente da extensão de saúde que está em construção o futuro lar de idosos. Este foi o projecto motriz para a constituição da Associação de Solidariedade Social da Gafanha do Carmo, formalmente criada em Maio de 2000. 
É a instituição mais jovem da freguesia, mas tem já mais de 300 sócios. Esta Associação é gestora do ATL, dos serviços de refeição assegurados ao Jardim-de-infância e à Escola Básica do 1º ciclo, da estação dos correios, incorporada no edifício socioeducativo, ocupando-se, portanto, de aspectos de carácter social. 
Esta Associação tem o apoio da Câmara Municipal de Ílhavo – que já ofereceu o terreno e o projecto do edifício; disporá, a seu tempo, também, de um subsídio atribuído pelo ministro Bagão Félix. A construção do lar será faseada. Para a primeira etapa, a Associação conta com os apoios referidos, com o dinheiro que já tem e os fundos que angariar em acções previstas.
Gastronomia
GAMBAS A CAMPO

Ingredientes

4 pernas de frango do campo
12 gambas
1 copo de vinho branco
2 tomates maduros
2 dentes de alho
1 cebola media
1 cálice de brandy
4 fatias de pão
4 ovos estrelados
Sal, pimenta a gosto
Farinha de trigo
Manteiga

Preparação

1.   Temperam-se as pernas de frango com sal e pimenta e deixe repousar 1 hora, passe as pernas pela farinha.
2.   Derreta 2 colheres (das de sopa) de manteiga e doure a carne virando para que fique bem dourada,
3.   regue com o vinho e cozinhe durante 20 minutos.
4.   Junte os tomates picados e ½ cebola as rodelas, deixe mais 10 minutos.
5.   A parte refogue os alhos e a outra ½ cebola bem picado, com 2 colheres (das de sopa) de manteiga,
6.   junte as gambas e cozinhe em lume vivo até ficarem rosadas,
7.   retire do lume e regue com o brandy e incendeie.
8.   Quando as chamas se extinguir regue com uma chávena de água quente e tempere com sal e pimenta.
9.   Tape com uma tampa para apurar durante 5 minutos.
10.               Barre o pão com manteiga doure no forno.
11.               Num tacho misture o molho das pernas com o das gambas, apure e retifique os temperos.
12.               Ao fazer os pratos sirva com purê de batatas, uma perna de frango, três gambas, o pão tostado com o ovo em cima,
13.               regue com o molho ( querendo pode coar o molho ). 


FESTA GAFANHA DO CARMO 2011

2 comentários: