quarta-feira, 28 de março de 2012

MARIA DO SAMEIRO BARROSO - FERIDAS ,FOGO E FOLHAGEM

FERIDAS, FOGO E FOLHAGEM

Falavas de feridas, fogo e folhagem, de um leito
açucenas, de nardos devorados na bruma,
enquanto eu escutava os teus muros, as tuas páginas,
os teus desertes íntimos.
Os mortos respiravam, tocando os oboés do sonho,
Nas asas do gelo, ecoavam guitarras,
os mortos respiravam exaustos, o silencio era
urna joia secreta onde eu percebia
que os vivos nunca ardem até ao fim.

Talvez as nascentes nunca se completem.
          No peito obscuro, clamam os narcisos, o ouro,
          o perfilado jasmim.
          No nimbo olvidado, flutuam as aves.
Num limiar imanente, cúmplice é o diálogo 
a destacar a ilusão dos rostos, a dimensão
dos corpos, os juncos aquáticos 
(o espelho, as imagens),

a imagem das formas.
Maria do Sameiro Barroso

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