DE PEDRA, DE METAL, DE COISA DURA
De pedra, de metal, de coisa dura,
ó dura ninfa, a alma vos tem vestido,
pois o cabelo é ouro endurecido,
e mármore a fronte é pela brancura.
Os olhos, esmeralda verde e escura;
de romã são as faces; não fingido,
o lábio é um rubi não possuído;
os brancos dentes são pérola pura.
A mão é de marfim, e é a garganta
puro alabastro, onde qual hera medra
nas veias um azul mui rutilante.
Mas o que mais em vós toda me espanta
é ver que, por que tudo fosse pedra,
tendes o coração como diamante.
LUIZ DE CAMÕES
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