quinta-feira, 22 de março de 2012

M. PARISSY - CANÇÃO DO MAR

canção  do  mar

o teu retraio transita de solidão em solidão
é como uma corda abandonada no interior de um barco
que serve a tripulação quando encalha

e serve ao marinheiro
que vai criando canções para ti
enquanto as vagas se despenham na quilha

o sol avança pela proa
escrevo

deixo embebedar-me pelo cheiro
tenho medo de não mais conhecer
o cio da noite

mas o retraio permanece em todas as luas
nas solidões tatuadas pelo frio

enquanto escrevo canções
acompanho o assobio das ilhas
uma a uma mergulhadas na chama
que ilumina os umbrais da noite

as palavras não adiantam o sonho
atrasam a tribo de alcançar o sol
são arrastadas pelo mar

por isso o quadrante da minha viagem
não tem constelações nem pautas
por onde se guie

mas canto assim mesmo
junto ao teu retraio
é a única brancura
que encontro e me repousa 
M. PARISSY

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