sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

ANTONIO RAMOS ROSA ´- O ARCO, E LOGO, A FOLHA ALTA

O ARCO, E LOGO, A FOLHA ALTA

O arco, e logo, a folha alta.
o dia. O espaço,
o silêncio, um bloco transparente.
A casa vive o que eu escrevo,
e a margem branca (intransponível)
é o corpo que eu não sei,
vivo na claridade.

Um corpo, digo, não um cristal.
Que permanece, ainda que eu hesite
ou falhe ou recomece. E longamente
se abre, no dia, o arco, e a mão que o perde.
Só uma distância, ou o desejo, o quer.
Mas onde e quando, enquanto existe?
A vulnerada folha não o rasga.
O corpo, no horizonte, dura, intacto.
ANTONIO RAMOS ROSA

Nenhum comentário:

Postar um comentário