MEMÓRIA DO SILÊNCIO
3.a ed. Amarante: Labirinto, 2007
I
Quando te chamo
o teu nome é mais azul.
Sorris como quem espera
as promessas que chegam
penduradas no Verão.
Vens como as gaivotas
vestidas de branco
e cheias de maresia.
II
O meu caminho
são todos os teus passos.
Sigo-os serenamente
como as aves que regressam
à inocente luz do sol.
Nas minhas mãos levo rosas,
tímidas rodas por abrir,
e palavras de amor escondidas
no rumor branco do silêncio.
III
Procuro nas fontes
o sabor da tua sede.
Sou como a ave renascida
voando para o azul
que nunca conheceu.
Vou descalço, peregrino
à espera do milagre.
IV
É entre o silêncio da bruma
e o verde rumor das algas
que o meu olhar se demora.
O horizonte é um barco
que navega para ti.
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