quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

ALBERTO DE OLIVEIRA - O MISSAL DO POENTE

O MISSAL DO POENTE

Morre o Sol, morre o Sol. Que agonizar violento!
O Céu tinto de sangue, assim como um sudário:
Todas as plantas estremecem como ao vento,
Faz um silêncio perturbante, extraordinário!

O roxo Céu e a gangrena do Sol poente:
Breve a Noite armará sua câmara-ardente,
Ficarão de vigília Astros, constelações!

Há um Tísica em delírio, numa alcova:
Vê tudo em sangue como o Céu, gangrena, a cova,
O negro do caixão, os padres a rezar...

E enquanto morrem, ela e o Sol, dando-se as mãos,
No Céu, como em altar de templo de cristãos,
Ascende o Santo-Sacramento do Luar!
     Alberto de Oliveira

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