Os Lusiadas Canto 1
( 46 a 50 )
46
As embarcações eram, na maneira,
Mui veloces, estreitas e compridas:
As velas, com que, vêm, eram de esteira
Dumas folhas de palma, bem tecidas;
A gente da cor era verdadeira,
Que Faeton, nas terras acendidas,
Ao mundo deu, de ousado, o não prudente:
O Pado o sabe, o Lampetusa o sente.
47
De panos de algodão vinham vestidos,
De várias cores, brancos e listrados:
Uns trazem derredor de si cingidos,
Outros em modo airoso sobraçados:
Da cinta para cima vêm despidos;
Por armas têm adargas o terçados;
Com toucas na cabeça; e navegando,
Anafis sonoros vão tocando.
48
Co'os panos e co'os braços acenavam
As gentes Lusitanas, que esperassem;
Mas já as proas ligeiras se inclinavam
Para que junto às ilhas amainassem.
A ,ente e marinheiros trabalhavam,
Como se aqui os trabalhos se acabassem;
Tomam velas; amaina-se a verga alta;
Da âncora, o mar ferido, em cima salta.
49
Não eram ancorados, quando a gente
Estranha pelas cordas já subia.
No gesto ledos vêm, e humanamente
O Capitão sublime os recebia:
As mesas manda pôr em continente;
Do licor que Lieo prantado havia
Enchem vasos de vidro, e do que deitam,
Os de Faeton queimados nada enjeitam.
50
Comendo alegremente perguntavam,
Pela Arábica língua, donde vinham,
Quem eram, de que terra, que buscavam,
Ou que partes do mar corrido tinham?
Os fortes Lusitanos lhe tornavam
As discretas respostas, que convinham:
"Os Portugueses somos do Ocidente,
Imos buscando as terras do Oriente.
As embarcações eram, na maneira,
Mui veloces, estreitas e compridas:
As velas, com que, vêm, eram de esteira
Dumas folhas de palma, bem tecidas;
A gente da cor era verdadeira,
Que Faeton, nas terras acendidas,
Ao mundo deu, de ousado, o não prudente:
O Pado o sabe, o Lampetusa o sente.
47
De panos de algodão vinham vestidos,
De várias cores, brancos e listrados:
Uns trazem derredor de si cingidos,
Outros em modo airoso sobraçados:
Da cinta para cima vêm despidos;
Por armas têm adargas o terçados;
Com toucas na cabeça; e navegando,
Anafis sonoros vão tocando.
48
Co'os panos e co'os braços acenavam
As gentes Lusitanas, que esperassem;
Mas já as proas ligeiras se inclinavam
Para que junto às ilhas amainassem.
A ,ente e marinheiros trabalhavam,
Como se aqui os trabalhos se acabassem;
Tomam velas; amaina-se a verga alta;
Da âncora, o mar ferido, em cima salta.
49
Não eram ancorados, quando a gente
Estranha pelas cordas já subia.
No gesto ledos vêm, e humanamente
O Capitão sublime os recebia:
As mesas manda pôr em continente;
Do licor que Lieo prantado havia
Enchem vasos de vidro, e do que deitam,
Os de Faeton queimados nada enjeitam.
50
Comendo alegremente perguntavam,
Pela Arábica língua, donde vinham,
Quem eram, de que terra, que buscavam,
Ou que partes do mar corrido tinham?
Os fortes Lusitanos lhe tornavam
As discretas respostas, que convinham:
"Os Portugueses somos do Ocidente,
Imos buscando as terras do Oriente.
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