quinta-feira, 17 de março de 2011

FREGUESIA DE SALDANHA

REGIÃO               NORTE
SUB  REGIÃO   TRAS-OS-MONTES
DISTRITO         BRAGANÇA
CIDADE            MOGADOURO
Freguesia  Saldanha
Brasão: escudo de prata, monte de verde movente dos flancos e da ponta, carregado de uma aljava com suas setas, posta em pala, tudo de ouro, realçado de negro; em chefe, gládio de vermelho, empunhado de negro, posto em faixa. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco, com a legenda a negro: «SALDANHA».


Bandeira: vermelha. Cordão e borlas de prata e vermelho. Haste e lança de ouro.

Selo: nos termos da Lei, com a legenda: «Junta de Freguesia de Saldanha - Mogadouro».
Parecer emitido a 18 de Janeiro de 2005.
D.R.: Nº 100 de 24 de Maio de 2005.
DGAL: Nº 201/2005 de 16 de Junho de 2005.






A vinte quilómetros da sede do concelho, Saldanha situa-se em terreno montanhoso, a dois quilómetros, para sul, da margem esquerda da ribeira de Angueira. É constituído pelos lugares de Granja, Gregos e Saldanha. No extremo norte-nordeste do concelho, é delimitado pelas freguesias de S. Martinho do Peso, Castanheira, Sanhoane e Travanca.
Segundo um historiador espanhol, Moran, o seu nome deve provir de Saltus Dianae, bosque de Diana, o que, a ser verdade, nos remeteria para os tempos mais antigos da freguesia. Refere o ilustre autor que aqui deve ter tido Diana o seu "lugar ou bosque sagrado, convertido em ermida da Virgem nos primeiros séculos do cristianismo".

Não se confirma, desta forma, uma teoria segundo a qual Saldanha proviria da importante família nobre do mesmo nome que existiu em Portugal, e que de resto teve famosos membros na política nacional.

Em Saldanha, foi achado do período romano um altar votivo em estado de conservação razoável. Nele se encontravam inscritos determinados cultos aos deuses pagãos locais. Outras inscrições aparecem citadas em documentos antigos, mas a arqueologia não as confirma.

O lugar de Pena do Gato refere-se mesmo a uma determinada inscultura de um gato num rochedo da freguesia. Lugares como Castelo ou Cabeço do Ouro têm tambem sentido arqueológico.

Aí surgiram, já neste século, diversos achados, entre os quais algumas moedas do tempo dos romanos e restos de fortificações castrejas. Segundo o Abade de Baçal, historiador eminente destas terras de Trás-os-Montes, aqui apareceu no século passado uma moeda do imperador Valério, que governou desde o ano de 292 até 311: "Gal(ERIUS), VVAL(erius) MAXIMIANUS dedicada GENIO POPULI ROMANI ANT(íquo)".
Um dos números do "Archeologo Português", tomo II, trazia uma importante referência sobre Saldanha: " Em a parede da Igreja de Santa Bárbara do lugar de Saldanha, termo da villa de Algoso, deste bispado se achão duas pedras de marmore com as letras seguintes : CAPITO MARITVS P./CAM/ANNDL/MDSVLP/FLAVOS/VXORISSAN/TISSIMAE
Na segunda os pontos são substituídos por corações (hederae distinguentes?), excepto o primeiro. Vem a dizer que: Marco Sulpicio Flavo, levantou este monumento a Camilla, esposa santíssima de cincoenta annos de edade."

S. Nicolau de Saldanha foi um curato anexo à freguesia de Travanca, no termo da vila de Algoso. O seu cura tinha de rendimento anual seis mil réis de côngrua e o pé de altar. Foi posteriormente uma vigariaria independente.


Em termos administrativos, a freguesia pertenceu inicialmente ao concelho de Vimioso e transitou para o de Mogadouro em 24 de Outubro de 1855.

A igreja paroquial, dedicada a S. Nicolau, é o maior bem patrimonial da freguesia. Destaca-se um prospecto exterior muito agradável e algumas imagens sagradas que se encontram no exterior.


No entanto, o elemento mais valioso, quer do ponto de vista histórico, quer do ponto de vista artístico, é o retábulo do altar de Santo António. Este retábulo é uma obra onde se notam de forma visível misturas de elementos de dois estilos distíntos: do joanino e do rococó.

Antonio Rodrigues Moutinho (Júnior) caracteriza-o melhor que nós: " Do estilo joanino temos as colunas em espiral ornamentadas com grinaldas de rosas, as conchas que ornamentam as pequenas superfícies que estão nos arcos entre as peças de talha que as separam; os rectângulos com os vértices cortados em redondo que ornamentam o fundo do retábulo e os espaços entre as colunas; os festões, que se vêm dos lados da mesa do altar..
Do período rococó são as colunas de fuste direito e liso ornadas no centro com tarjas flamejantes e a sanefa que coroa todo o retábulo. (...) As colunas, os consolos sobre os quais se elevam duas figuras de anjos em forma triunfal e os frisos com festões verticais são, neste retábulo, os elementos mais importantes".
Pode-se dizer, em suma, que a igreja de S. Nicolau de Saldanha, a par dos outros templos da freguesia, é um bom cartão de visita para aqueles que passam por Saldanha.

A agricultura é a principal actividade da população da freguesia. Apesar de se encontrarem os seus terrenos em local montanhoso, beneficiam do facto de passar bem perto a ribeira de Aguiar, o que permite uma irrigação eficaz. Já em meados do século passado, Américo Costa, no seu "Dicionário Corográfico", constatava esta realidade ao referir que a freguesia era muito produtiva em cereais, legumes e hortaliças. Pinho Leal, por seu lado, no "Portugal Antigo e Moderno", apontava a criação de gado como a principal actividade das gentes de Saldanha.


Gastronomia
Cascas com Fumeiro
Ingredientes
Cascas
Butelo ou outra carne
Modo de Preparo
1.  De véspera, põem-se as cascas de molho em água fria abundante (para as hidratar).
2.  No dia seguinte, cozem-se com sal juntamente com o butelo.
3.  Na falta deste, utiliza-se carne de fumeiro e um bocado de presunto.
4.  Quando tudo estiver cozido, escorrem-se as cascas para um prato fundo, dispõem-se por cima as carnes em bocados e rega-se tudo com azeite cru.

NOTA Há quem faça sopa com a água de cozer as cascas e a carne.
Esta sopa é basicamente constituída por fatias de pão de trigo amolecidas com o referido caldo.



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