REGIÃO CENTRO
SUB REGIÃO ALTO VOUGA
DISTRITO AVEIRO
CIDADE ANADIA
Freguesia
Tamengos
E dahi voltou para o Sul partindo pelo Poente com Jose Francisco Ruivo the chegar ao Rego que recebe as agoas que vem da quinta de Horta para Tamengos e para esta mesma quinta. E dahi voltou para o Nascente partindo do Sul com currais serventias e logradouros de Marianna Rolla de Tamengos e vai athe chegar ao canto do muro da mesma quinta e dahi voltou para o Sul e vai athe chegar ao quintal de Dionizio da Costa Brandam partindo do Poente com quintal de Antonio de Castro. E dahi voltou para o Nascente partindo pelo Sul com quintal do dito Dionizio da Costa Brandão e vai athe chegar ao canto do muro e Rua publica que vai do dito lugar de Tamengos para o Espinhal donde principiou a mediçam deste cazal partindo tambem pelo Sul com pardieiros de Manoel Pereira de Tamengos de que ha de pagar de foro em cada hum anno que pelos louvados lhe foi repartido tres alqueires e duas maquias de trigo e dois alqueires e tres maquias de sevada.”
A ser isto verdade, Luís Mendes Barreto começou por ser genro de D. Helena, enviuvou, casou de novo e acabou sendo sogro de D. Cristóva.
A família Cabral Arez extinguiu-se em Tamengos já no séc. XX. Na sua quinta ficaram duas casas, uma antiga, aparentemente do séc. XVII, junto à rua central da aldeia, e outra maior, mais recente (talvez do séc. XIX), no interior da quinta.
Toda a propriedade foi adquirida pela Câmara de Anadia, que, segundo o artigo 5.º do Regulamento do Plano de Pormenor aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 49/96, de 28 de Março (publicada no Diário da República em 22 de Abril de 1996), deveria assegurar a “reabilitação do conjunto arquitectónico da Quinta dos Cabrais”.
A actual Câmara de Anadia desincumbiu-se da sua obrigação de assegurar a “reabilitação do conjunto arquitectónico da Quinta dos Cabrais” demolindo, inopinadamente, as duas casas da quinta e o muro circundante. A demolição, que destruiu visualmente toda a memória histórica ligada à velha quinta e ao centro de Tamengos, não se fez por causa da estrada, pois no lugar da casa antiga (a outra ficava no interior da propriedade) ergueu-se uma construção nova, encomendada pela Câmara. O mérito arquitectónico desta construção poderá ser apreciado “in loco”.
Não sei a que se destina o edifício, mas com certeza a sua utilidade seria a mesma se se situasse em qualquer outro local da quinta, por onde foram abertos novos arruamentos.
Aproveito para acrescentar que este caso nenhuma relação tem com a antiga quinta dos Albuquerques, também situada na freguesia de Tamengos mas um pouco mais para poente, no lugar de Horta (e não num “fresco vale que dá para o mar”, como se lê em “Albuquerques da Beira”, pág. 44, nota). Esta propriedade – a “quinta de Horta” – está nesta família desde pelo menos o início do séc. XVII. Segundo “Albuquerques da Beira”, pág. 42, pertenceu a Diogo Pereira e D. Maria de Albuquerque. Este casal teve um filho abade e quatro filhas freiras, ficando a quinta para um sobrinho, Diogo de Albuquerque, nascido em Coimbra em 1628, filho de Rodrigo de Albuquerque e Castro e de D. Maria Toscano. Diogo de Albuquerque casou em 1665, na capela da quinta de Horta (e não em Coimbra, como se lê em “Albuquerques da Beira”, pág. 43), com D. Escolástica da Paz, de quem não teve filhos. A quinta passou então para Francisco de Albuquerque e Castro, seu irmão, cuja movimentada carreira nas armas não o impediu de permanecer algumas temporadas em Horta. Entre os seus muitos afilhados locais, conta-se um, Francisco, filho do capitão-mor Pedro de Barros e D. Helena Cabral.
A quinta permaneceu na família até há poucos anos, embora pouco habitada. A casa está muito arruinada e da capela julgo que nada resta. Mantêm-se, porém, os vinhedos, que formam algumas das mais belas encostas daquelas paragens.
Tanto a Quinta dos Cabrais como as demais propriedades da freguesia estiveram submetidas até 1834 ao senhorio directo do Cabido da Sé de Coimbra, por força do coutamento, feito por D. Afonso Henriques em 1140, das terras de Horta, Mata, Tamengos e Aguim. No último tombo promovido pelo Cabido, em 1791, para destrinça e encabeçamento dos foros que lhe eram devidos, a quinta vem descrita nos seguintes termos:
“Bens de Dona Christova Cabral Arés veuva de Tamengos.
Possue huma quinta no lemite de Tamengos que consta de cazas de sobrado cazas terreas pomar serventias e logradouros vinhas e terras lavradas com suas arvores de fruto e sem elle que tudo parte do Nascente com Rua publica que vai de Tamengos para o Espinhal the chegar ao olival de Roque Jose deste lugar de Tamengos donde volta para o Poente partindo do Norte com olival terra e vinha do dito Roque Jose e vinha de Antonio de Castro e Menezes de Sam Martinho de Sal Reu. E dahi volta para o Norte partindo do Nascente com o dito Antonio de Castro e Menezes e vai athe chegar ao Carreiro de pé que vem da Mata para Aguim e dahi volta para o Poente partindo do Norte com terra de Jose Ferreira da Fonte de Aguim e com Luis Fernandes Gomes do Espinhal tudo terra de outro cazal e vai athe chegar a Tapada de Dionizio da Costa Brandam da vila de Cantanhede E dahi continua para o mesmo Poente partindo do Norte com Tapada do dito Dionizio da Costa Brandam e com vinha de Luis Fernandes Gomes do Espinhal the chegar a testada da terra de Manoel Francisco Bandeira de Tamengos. E dahi voltaram para o Sul partindo pelo Poente com terra do dito Manoel Francisco Bandeira e vinha de Luis Fernandes Gomes do Espinhal e de Luiza solteira e do Alferes Antonio Pereira da Mata e Manoel Simois veuvo do mesmo lugar que todos pertencem a este cazal e vai athe chegar a deveza do Murtal. E dahi voltou para o Nascente partindo do Sul com Antonio Francisco Ruivo e seo filho Jose Francisco Ruivo ambos de Tamengos.
Não sei por que razão o casamento Pedro de Barros se realizou em Tamengos, em vez de se realizar na paróquia de origem de D. Helena. Talvez isso se relacione com o facto de D. Helena ser já viúva de um primeiro casamento com Simão de Torres, capitão-mor de Adémia, de quem tinha um filho Bernardo e uma filha Luísa.
E não será também muito arriscado imaginar que o segundo casamento, em Tamengos, se ficou a dever a alguma relação de parentesco entre a mãe (D. Maria) e o avô de D. Helena pelo lado materno (João Fernandes Sobrinho) com o pai e o avô de Pedro de Barros (ambos de nome Agostinho Jorge Sobrinho).
D. Helena conservou os apelidos Cabral Arez, de seu pai, e foram eles que passaram à descendência como nome preponderante de família, combinado com outros (Barros, Silveira, Belmonte, Amaral, etc). Não obstante, a quinta, depois da morte de Pedro de Barros (em avançada idade, pois em 1720 ainda era vivo), continuou a ser designada como a Quinta do Capitão-Mor. Só no séc. XIX, talvez na época em que a habitavam os dois irmãos Caetano e Inácio Cabral Arez e em que foi centro local do liberalismo anti-miguelista, passou a ser conhecida como a Quinta dos Cabrais. E esse nome conservou-se até hoje.
D. Cristóva Cabral Arez, que abriu este tópico, era neta de D. Helena, por via de seu pai, Caetano Calixto Cabral Arez, e conservou ligações à família de sua avó. Em 1755 casou com Luís Mendes Barreto de Carvalho, que era filho de Luís Mendes Barreto e de D. Maria Teresa Tavares e Vilhena. Este Luís Mendes Barreto, sogro de D. Cristóva, suponho que é o mesmo Luís Mendes Barreto que foi casado com Luísa, filha de D. Helena Cabral Arez e do seu primeiro marido, o capitão-mor da Adémia, como disse acima.
A ser isto verdade, Luís Mendes Barreto começou por ser genro de D. Helena, enviuvou, casou de novo e acabou sendo sogro de D. Cristóva.
A família Cabral Arez extinguiu-se em Tamengos já no séc. XX. Na sua quinta ficaram duas casas, uma antiga, aparentemente do séc. XVII, junto à rua central da aldeia, e outra maior, mais recente (talvez do séc. XIX), no interior da quinta.
Toda a propriedade foi adquirida pela Câmara de Anadia, que, segundo o artigo 5.º do Regulamento do Plano de Pormenor aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 49/96, de 28 de Março (publicada no Diário da República em 22 de Abril de 1996), deveria assegurar a “reabilitação do conjunto arquitectónico da Quinta dos Cabrais”.
A atual Câmara de Anadia desincumbiu-se da sua obrigação de assegurar a “reabilitação do conjunto arquitectónico da Quinta dos Cabrais” demolindo, inopinadamente, as duas casas da quinta e o muro circundante. A demolição, que destruiu visualmente toda a memória histórica ligada à velha quinta e ao centro de Tamengos, não se fez por causa da estrada, pois no lugar da casa antiga (a outra ficava no interior da propriedade) ergueu-se uma construção nova, encomendada pela Câmara. O mérito arquitectónico desta construção poderá ser apreciado “in loco”.
Gastronomia
Bacalhau à Sr. Prior
Ingredientes
3 a 4 postas de bacalhau
batatas
6 ovos
4 dentes de alho
azeite q.b.
azeitonas pretas
sal q.b.
salsa picada q.b.
Modo de Preparo
1. Lavar bem as batatas e cozer inteiras e com pele em água temperada com sal durante 35 minutos.
2. Cozer também 3 ovos.
3. Noutra panela deixar ferver o bacalhau durante 10 minutos.
4. Entretanto, descascar os alhos e cortar às lâminas; descarocar as azeitonas e picar grosseiramente(ou usar inteiras mesmo).
5. Depois do bacalhau cozido, tirar a pele e as espinhas e parti-lo às lascas.
6. Descascar os ovos e partir às rodelas assim como as batatas depois de descascadas.
7. Colocar, num tabuleiro, em camadas alternadas: batatas, bacalhau, ovos, azeitonas e alhos.
8. Regar generosamente com o azeite.
9. Ligue o forno a 220ºC.
10. Bater os 3 ovos restantes com um garfo, juntar a salsa e verter sobre o preparado que está no tabuleiro e levar ao forno durante 15 minutos
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