Francisco Manuel de Melo - Foi, com Rodrigues Lobo,
dos escassos sonetistas de algum valor naquela época.
Nas "Obras Métricas" publicou sonetos, além de éclogas e poemetos de grande beleza,
destacando-se pela elegância da forma. Um grande lírico.
Desterrado para o Brasil, por se ter envolvido em uma aventura noturna
no palácio da Condessa de Vila Nova do Portimão.
Ali, se batera em duelo, à espada, altas horas da noite, com o monarca D. João IV, que,
no palácio,
também se encontrava por motivos idênticos. .
Foi um clássico das duas línguas: portuguesa e espanhola.
Rebelo da Silva, na sua "História de Portugal", diz que Francisco Manuel de Melo
"era o primeiro erudito do seu tempo e talvez o prosador mais conciso e substancioso
da língua portuguesa". Cognominado "o Tácito português".
Disse Theóphilo Braga que "os seus sonetos podem equiparar-se, em melancolia,
verdade e delicadeza de expressão, aos de Camões".
Um deles:
Melhor há de mil anos que me grita
uma voz que me diz: "És pó da terra"!
Melhor há de mil anos que a desterra
um sono, que esta voz desacredita.
Diz-me o pó que sou pó? e a crer me incita
que é vento, quanto neste pó se encerra:
Diz-me outro vento que esse pó vil erra.
Qual destes a verdade solicita?
Pois se mente este pó, que foi do Mundo?
Que é do gosto? que é do ócio? que é da idade?
Que é do vigor constante, e amor jucundo?
Que é da velhice? que é da sociedade?
Tragou-me a vida inteira o mar profundo?
Ora, quem diz sou pó, falou verdade.
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