Eugênio de Castro - Poeta pessimista, um dos introdutores do Simbolismo em Portugal.
Brilhante imaginação, imensa facilidade de expressão.
Personalidade ímpar das letras portuguesas.
Descendente de família de literatos que teve origens conhecidas em Sá de Miranda.
Era amplamente favorável à poesia obtida à custa de trabalho planejado, artesanal.
O soneto que se segue é dedicado à sua primogênita, "Violante Maria Luisa".
Estava longe de supor que a filha viesse a morrer antes dele, como aconteceu:
Acorda cedo como os passarinhos
e vem logo direita à minha cama;
sacode-me com jeito, por mim chama
e abre-me os olhos com os seus dedinhos.
Estremunhado, zango-me. - "Beijinhos,
não quer beijinhos?" - com voz de ouro exclama.
Da minha ira empalidece a chama,
e, acarinhando-a, pago os seus carinhos.
Senhor! Que amor de filha tu me deste!
Dá-lhe um caminho brando e sem abrolhos,
dá-lhe a Virtude por amparo e guia!
e destina também, ó Pai celeste,
que a mão com que ela agora me abre os olhos,
seja a que há-de fecharmos algum dia!
Foi escrito por Eugênio de Castro, também, este belo soneto "Luís":
Não peço para mim! Foram baldadas,
foram vás minhas súplicas, Senhor!
Eu que um trono sonhei, fiquei pastor
de gado triste em serras escalvadas!
Eu que cegara, moço, vendo ateadas
as chamas da ambição, de astral fulgor,
contemplo agora, em frêmitos de dor,
um montão só de cinzas apagadas.
Não me queixo, e a teus pés todo me humilho!
Mas se mereço um prêmio, porque esteja
tão resignado e dócil como estou,
compensa o pai humilde, erguendo o filho:
dá-lhe o que me negaste, e que ele seja
aquilo que eu quis ser e que. não sou!
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