Antônio Duarte Gomes Lial - Escreveu várias obras de alta inspiração e beleza lírica.
Um dos maiores poetas de Portugal, em seu tempo.
Também foi panfletista vigoroso.
Chegou pobre e doente à velhice.
Sua decadência o levou a uma loucura mansa.
Autor de páginas maravilhosas, como este soneto "As Eras Patriarcais":
Feliz do que viveu nas épocas preclaras,
em que a rude alma antiga era simples e sã,
e Patriarcas Hebreus, de grandes barbas claras,
tinham a alegre paz de uma oriental manhã!.
Eram tempos leais! - Desde o Horeb a Canaan,
o Senhor abençoava as águas e as searas,
e as serranas gentis, as Rebecas, as Saras,
iam, cantando alto, aos poços de Madian...
Sim, eram tempos chãos, brancos, simples, lavados,
em que Ruth e Booz ceifavam nos seus prados,
e as princesas reais iam lavar nos rios.
O Pai dava, em seu lar, asilo aos caminhante~.
A Mãe criava ao peito os futuros gigantes.
E a Avó fiava a lã, com seus dedos macios.
Mais este, agora cheio do pessimismo e da amargura que, felizmente, abandonou no fim da vida:
O primeiro conviva, em punho a taça,
ergueu-se, de repente, e com voz rouca
bradou: "Amigos! Permiti que faça
uma saúde à Morte, a velha louca!
A minha história é triste, e muito pouca.
Sou, como vós, um filho da desgraça.
Amei uma mulher. Que mimo e graça!
O que pé andaluz! Que olhar! Que boca!
Na noite do noivado - ouvi, devassos! -
beijei-a doidamente entre meus braços,
e arremessei-a ao mar, trêmula e nua.
Ninguém não mais a gozará um dia!
Repousa ali a minha noiva, fria,
guardada pelo olhar frio da lua!"
Nenhum comentário:
Postar um comentário