sábado, 29 de janeiro de 2011

ANTÔNIO DUARTE GOMES LIAL - 1849-1921




Antônio Duarte Gomes Lial - Escreveu várias obras de alta inspiração e beleza lírica.

 Um dos maiores poetas de Portugal, em seu tempo.
 Também foi panfletista vigoroso.
Chegou pobre e doente à velhice.
 Sua decadência o levou a uma loucura mansa.

Autor de páginas maravilhosas, como este soneto "As Eras Patriarcais":
 
Feliz do que viveu nas épocas preclaras,
 em que a rude alma antiga era simples e sã,
e Patriarcas Hebreus, de grandes barbas claras,
 tinham a alegre paz de uma oriental manhã!.
 
Eram tempos leais! - Desde o Horeb a Canaan,
o Senhor abençoava as águas e as searas,
e as serranas gentis, as Rebecas, as Saras,
iam, cantando alto, aos poços de Madian...
 
Sim, eram tempos chãos, brancos, simples, lavados,
 em que Ruth e Booz ceifavam nos seus prados,
 e as princesas reais iam lavar nos rios.
 
O Pai dava, em seu lar, asilo aos caminhante~.
A Mãe criava ao peito os futuros gigantes.
E a Avó fiava a lã, com seus dedos macios.


Mais este, agora cheio do pessimismo e da amargura que, felizmente, abandonou no fim da vida:
 
O primeiro conviva, em punho a taça,
 ergueu-se, de repente, e com voz rouca
 bradou: "Amigos! Permiti que faça
 uma saúde à Morte, a velha louca!
 
  A minha história é triste, e muito pouca.
Sou, como vós, um filho da desgraça.
Amei uma mulher. Que mimo e graça!
O que pé andaluz! Que olhar! Que boca!
 
Na noite do noivado - ouvi, devassos! -
 beijei-a doidamente entre meus braços,
 e arremessei-a ao mar, trêmula e nua.
 
Ninguém não mais a gozará um dia!
 Repousa ali a minha noiva, fria,
 guardada pelo olhar frio da lua!"

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