Antônio Ferreira - Discípulo e grande admirador de Sá de Miranda,
com ele colaborou na introdução da Escola italiana em Portugal.
Ao contrário de outros poetas de seu tempo, que escreviam em português e espanhol,
fez questão de escrever apenas em português.
Um dos motivos de garbo, desse poeta, foi o zelo pela língua pátria.
Poeta e dramaturgo, é justamente considerado um dos maiores clássicos da língua.
Exibimos um de seus sonetos, o de Nº XIII, incluído nos "Poemas Lusitanos",
de sua autoria - Lisboa, 1598, 1ª edição:
O olhos donde Amor suas flechas tira
contra mim, cuja luz m'espanta, e cega,
ó olhos onde Amor s'esconde, e prega
as almas, e em pregando-as, se retira!
O olhos, onde Amor amor inspira,
e amor promete a todos, e amor nega,
ó olhos onde Amor também s'emprega.
por quem tão bem se chora, e se suspira!
O olhos, cujo fogo a neve fria
acende, e queima; ó olhos poderosos
de dar à noite luz, e vida à morte!
Olhos por quem mais claro nasce o dia,
por quem são os meus olhos tão ditosos,
que de chorar por vós lhes coube em sorte!
Verso 1 - tira - atira.
Verso 3 - prega - fere, traspassa.
São de Antônio Ferreira estes versos, dos quais o primeiro é muito citado, até hoje:
"Não fazem dano as Musas aos Doutores.
Antes ajuda às suas letras dão,
e com elas merecem mais favores,
que em tudo cabem, para tudo são".
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