Antônio Correia de Oliveira - Consagrado em Portugal e no Brasil,
pelos versos simples e inspirados que escreveu.
Forma pura e beleza maviosa.
Mais conhecido por suas trovas, relicários de doçura e graça.
Olegário Mariano disse que "sua poesia consegue o milagre de espelhar a vida tal qual o destino a fez,
sem malícia, sem exageros, sem mentira".
Enternecedor, maravilhoso, este soneto "Rivais":
Ó como a primavera madrugou!
Olha esses campos: como vem garrida!
- Maria, vê! Não sejas distraída...
Que belo sol e que feliz eu sou!
Tudo desperta em derredor: a vida
acorda, e traz um ar de quem sonhou...
- Mas tu não vês! Que pena, Amor! passou
uma andorinha, e lá se vai, perdida...
Sorris. E cismas... Que desdém o teu!
E eu fui chamar-te: - Vem! Que lindo céu!
É tudo vôo, e canto, e beijo, e graças... -
Que louco eu sou! Perdoa, Amor, não era
que tu viesses ver a primavera.
Ela é que fica a ver-te, quando passas!
Fascinante, também, de Correia de Oliveira, é o soneto "O que não disseste":
Ó, como a tua carta é pequenina!
Cabe no cálix vivo de uma flor...
(No entanto, é mais pequeno o claro alvor
que espalha, em roda, a estrela matutina!)
Como é pequena a tua carta, Amor!
E vê: de encontro à sua luz divina,
a saudade, que nela se ilumina,
enche o mundo de sombra, anseio e dor!
Maria, que pequena a tua carta...
Pequena? O sonho lê-me (e não se farta!).
as coisas belas que me não disseste:
tantas e tantas, que, para escrevê-las,
só se as palavras fossem as estrelas,
fosse o papel a imensidão celeste!
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