Lição de urbanismo
Uma cidade é essa intérmina ameaça
de luzes, mesmo quando um véu de
névoa tolhe os horizontes que uma
infância baldia soldou ao sangue
— cosa mentale, certamente,
onde um rio grita de ausência
para as bandas do sol-posto.
O amor de passagem dá guarida
em sujos quartos acidentais.
Por vezes, um sadio rumor vegetal
nos recorda os antigos estivais quintais.
Nela quase tudo é anônimo; embora,
outrora, um simples sulco no chão
do fundador constituísse a assinatura.
Feérica paisagem, colori-la com demão,
é ofício de prosa obesa; da cidade mostrar
a agudeza e a simetria, requer poesia chã.
Uma cidade é essa intérmina ameaça
de luzes, mesmo quando um véu de
névoa tolhe os horizontes que uma
infância baldia soldou ao sangue
— cosa mentale, certamente,
onde um rio grita de ausência
para as bandas do sol-posto.
O amor de passagem dá guarida
em sujos quartos acidentais.
Por vezes, um sadio rumor vegetal
nos recorda os antigos estivais quintais.
Nela quase tudo é anônimo; embora,
outrora, um simples sulco no chão
do fundador constituísse a assinatura.
Feérica paisagem, colori-la com demão,
é ofício de prosa obesa; da cidade mostrar
a agudeza e a simetria, requer poesia chã.
JOSE LUIS TAVARES
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