quarta-feira, 10 de agosto de 2011

OS ANOS QUARENTE - FERNANDO ASSIS PACHECO



Os anos quarenta

AMO-TE MAIS quando
para a torneira do gás quando estou nu à noite quando
e começo a mexer em pânico os ossos da mão direita

há domingos há a infância em que se parou numa escadas
altas
ouvia-sea guerra ia-separa a cama por causa do ciclone
e quando o vento vem e decepa e quando
as árvores da rua é a mão que reort
uns papéis
brancos para colar nos vidros
ou quando (da capo) esse homem
nu à noite quando olha
e vejo vê-se
o indicador direito
manchado de nicotina

depois uma vez desfila
a vitória! surpreende-os na sala
que me dão dinheiro e corro a comprar barros
na feira e quando quando coisas assim
partia logo e isso era tristeza
volto a pensar: que queria eu na infância
o sol? ouro nome sobre o meu tão frágil?
amo-te mais à noite portanto
quando dobro as calca e começo
quando esse gesto útil quando
bate numas pernas e vê-se
de trinta e cinco ano
FERNANDO ASSIS PACHECO

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