quinta-feira, 18 de agosto de 2011

FREGUESIA DE FERNÃO FERRO



REGIÃO                   LISBOA 
SUB REGIÃO            SETUBAL
DISTRITO                 SETUBAL
CIDADE                    SEIXAL
FREGUESIA             FERNÃO FERRO











Ordenação heraldica do Brazão e Bandeira
Publicada no Diário da Republica, II Série de 08/03/1995

Brasão
Escudo Azul, com um circulo de prata carregado de uma cruz fiirmada de vermelho;em chefe, duas pinhas, folhadas de ouro.Coroa mural de prata de três torres. Listel Branco com a legenda a negro, em maiúsculas: " FERNÃO FERRO"





Bandeira


Esquartelada de branco e vermelho, cordões e borlas de prata eF vermelho. Haste e lança de ouro







Origem
Da origem do nome que designa o lugar não se conhece com precisão; no entanto, mercê do trabalho de alguns estudiosos e referida a hipótese de ter origem no nome de Fernão Peres Correia, Mestre da Ordem de São Tiago, 


segundo a lendas fundador de Paio Pires , E A QUEM FORAM ENTREGUES A senhoria das terras desde o Tejo até Alcacer do Sal, Fernão Peres terá tido o cognome de Babilon, que era atribuído  aos cruzados que no reino de Dom Sancho II ( 1245) iam guardar e defender o túmulo de Cristo. 
Sabe-se que este Fernão caiu em desgraça quando da guerra civil e talvez se tenha refugiado onde abrigaria os viajantes que por aqui passaram a pagar um tributo


Provavelmente devido a sua crueldade. Corpulência atividade de ferrar os animais ou ainda por símbolo dos Cruzados ser uma cruz desenhada no peito da armadura , símbolo também referido pela forma geométrica do punho da espada que sempre os acompanhava , arma que era corrente ser designada por `ferro`. 
Por quaiquer destas razões o lugar começou a ser referido por a `Fernann Ferro`.
A primeira referencia a Fernão Ferro encontra-se assinalada num documento existente na Torre do Tombo pelo qual ficamos a saber o seguinte:
Em 10 de janeiro de 1501, os sesmeiros de Sessimbra ( Alcade-Mor e Almoxarife ) no Castelo, dão carta de sesmaria a favor de Braz Teixeira , 


Cavaleiro da Casa de El-Rei Nosso Senhor D, Manuel I os terrenos onde se chama a de Fernão Ferro com as suas fontes e ruínas de uma casa que pelo aspecto parece ser de outros tempos, para os aproveitar em vinhas, terras de cultivo e em pomar
Em dezembro de 1547 faleceu João Teixeira , filho de Braz Teixeira , e deixa em testameneto `para conforto das alma ` aos frades Jeronimos do Mosteiro de Belém a quinta de Fernão Ferro.
Em 12 de janeiro de 1548 , D. João III, a pedido dos frades de Belém, passa-lhes carta em que os autoriza a tomar posse da dita quinta de Fernão Ferro


Em 1834 com a extinção das Ordens Religiosas os Pinhais da Palmeira e do casal de Fernão Ferro foram vendidos em hasta publica e arrematados por Gabriel Borges Marques Rocha que os trazia arrendados para plantação de tabaco. 


Com a liquidação do Contrato de Tabaco ainda em 1834, os pinhais, terras de cultivo e casas são adquiridos por Abraão Wheelhouse, cuja filha Georgina herdou como dote de casamento com Joaquim de Almeida Lima em 1849, tendo-se a propriedade mantido na descendência desta família até há muito pouco tempo. 


 Como podemos observar , é antiga a designação do lugar, mas o povoamento é recente.Por volta de 1902 começaram a vir para Fernão Ferro várias famílias oriundas das zonas dos Brejos da Moita,Barra Cheia e Peçalva. Os “ Amaros “ terãao sido os primeiros a se instalarem, seguidos das seguintes famílias:
“ Valentes “ “ Mirandas “ “ Sacoutos “ “ Padre Nossos “ “ Gomes” “ Nogueiras “Tostão” etc.
Quando chegaram apenas haviam no vale mato, bunho, pinheiros mansos e catalpas, no planalto densos pinhais.


Assim, homens estranhos a zona, ( 33 casais ) desbravaram o mato, cultivaram a terra e dela fizeram um cortejo. Outros trabalhavam nos pinhais da família Almeida Lima , cortando os pinho que era transportado em carretas para o cais da raposa e ai em fragatas para fornos da Capital.


 Outros cortavam rolaria e faziam carvão. Nas hortas cultivavam-se produtos horticulas e tabaco e nas partes altas vinhas produzindo bom vinho tinto de uva Piriquita e branco da uva Molina. A vinha perdeu-se totalmente quando do ataque da filoxera.





A casa designada atualmente por das “ Conchas “ propiedade de Antonio Xavier de Lima terá sido a que Almoxarife referiu-se em 1501 como estando em ruínas , ai passava o antigo caminho de comunicação entre Sessimbra e Almada. 




Em 1900 a casa estava habitada por um dos guardas do pinhal, 






No andar térreo existia uma abeguaria tendo para o lado Sul uma janela e para o poente um forno de coser pão e uma malhada para o gado, o guarda vivia no piso superior, sendo o ultimo aqui a residir com o nome de Jose 


Caetano Garcês.




As habitações dos primeiros habitantes do vale de Fernão Ferro eram de construção alongada de um so piso, de raras aberturas nas paredes exteriores de adobe ou taipa, pé direito reduzido, volumes fechados e presa ao chão. Ao núcleo central da habitação interiormente compartimentada por ligeiras divisórias de madeira adossam-se sucessivos anexos, e o frono que , juntamente com as largas chamines e por vezes os contrafortes modelam em vigoroso jogo de volumes que sucessivas caiações de cal , freqüentes e meticulosas , realçam eloquentemente. O chão da casa era de terra batida, mas todas as semanas a mulher o regava com água, em que dissolvia barro e ele ficava liso e colorido, quando não tinha dinheiro para a cal, pincelava com a mesma aguada as paredes da cozinha que o fumo enegreceu. Ainda hoje se podem apreciar alguns exemplares desta época.  



Em 1920 foi reparado o chafariz de Fernão Ferro, que ainda hoje continua a servir água a quem passa, embora com suspeitas de inquietação.
Por volta de 1944, a família Almeida Lima, senhorios das terras, promoveu uma ação judicial para despejo dos rendeiros que durante décadas haviam debravado os matos e transformado em produto hortejo construindo casas e criando familia 

Atravez da publicação do decreto lei numero 39917 de 20 de novembro de 1954, o governo expropriou os terrenos entregando-os aos colonos, com mediação da Junta de Colonização Interna, para neles continuarem a atividade hortícula ao preço de 1$000 por metro quadrado.

Nesta ação judicial que decorreu durante 10 anos, foi advogado de defesa dos rendeiros o Dr. Luiz Varela Cid, falecido em janeiro de 1983 – com a colaboração preciosa de Rafael Alves Monteiro, morador no Castelo de Sessimbra.










Nesta zona havia várias lagoas e charcos sendo as mais importantes as designadas por “Lagoa de Sessimbra” “Lagoa do Colorau” e “Lagoa das Marcelas”. 








No inicio dos ans 70 , várias notícias na imprensa referiam – se a proliferação dos “Jacintos de águas no rio Tejo – planta infestante – que se reproduzira nos charcos e ribeiros de Fernão Ferro, sendo arrastadas para o rio.









Fernão Ferro era passagem no inicio do século da diligencia que transportava os viajantes de Sessimbra para o Seixal. A carreira era explorada por João Maria dos Anjos, e em Fernão Ferro havia uma muda dos animais que puxavam a diligencia.
No início deste século ainda havia lobos nas matas de Fernão Ferro e percorrer quaiquer das veredas que as atravessavam era sempre uma temeridade já que para alem dos lobos ai se aoitavam malfeitores e assaltantes.



No mês de setembro, todos os anos passavam por Fernão Ferro o cirios da região saloia de Lisboa e da Costa da Caparica para a romaria da Senhora do Cabo Espichel.Vinham em centenas de carroças engalanadas com canas e enfeites de papel e era hábito descansarem e almoçarem junto ao Chafariz de Fernão Ferro. 
É curioso referir uma das quadras que então entoavam quando partiam

Adeus Fernão Ferro
Até o ano que vem
Se não fosse a Senhora do Cabo
Não vinha cá ninguem



O presente
E assim chegamos aos nossos dias.
Em 1960 a Escola Primaria de Fernão Ferro “Plano dos Centenários” tinha 20 alunos , alguns dos quais vinham a pé da herdade de Apostiça, Mesquita e Flor da Mata.
Era então p´rofessora a senhora Francisca Bonaparte, residente em Sessimbra.


As facilidades de pagmento concedidas pelo loteador e o sistema de vendas, amigo vende a amigo, provocou uma corrida aos lotes existentes na zona licenciada, tendo de imediato sido extendida as zonas envolventes.As obras de urbanização que constavam do projeto urbanistico incial, decorreram lenetamente até 1974 limitando-se a uma pequena parte do loteameneto, tendo sido definitivamente interrompidas a partir daí.  



Em 1970 Antonio Xavier de Lima promove a construção de uma Igreja e de um centro paroquial  que foram inaugurados pelo bispo da diocese de Setubal e lançado o jornal de Fernão Ferro que imediatamente se extinguiu
Em 1974 , o gabinete do professor costa Lobo elabora o plano Concelho e preve para Fernão Ferro uma população de 30 000 habitantes.



Nesse ano da revolução sugem as comissões de moradores, que por suas iniciaivas e colaboração da Camara dinamizam a eletrificação de várias ruas e construção de escadinhas de acesso a Estrada Nacional o abrigo para passageiros, o abrigo , a instalação de vários sistemas de drenagem das águas que inundavam os lotes e a Escola Primaria no. 2.
Em 1977 a Camara Municipal do Seixal apresenta um plano de Recuperação Urbanistica , que havia sido elaborado com a colaboração da Comissão de moradores e na qual se previa uma população de 10 000 habitantes, mas que chegou a ser implementado por ter sido rejeitado pela população , que argumentava não concordar com alguns cortes na área inicial dos lotes e influenciados por alguns proprietários esperavam que o loteador AXL 
continuasse os trabalhos urbanisticos sem qualquer encargo para os proprietários. O que não se veio a concretizar e Fernão Ferro caiu num impasse.
Em 1978 e publicado o Decreto-lei no. 20/78 que vem considerar a zona em situação critica e sujeita-a a medidas preventivas.
Segue-se então um periodo vazio, com a comissão de Moradores inoperante. Entretanto maior numero de famílias vem residir para a zona e as carencias cada vez são maiores e mais graves,
Em 1980 há carencias de água nos poços e a que existe em alguns deles está impropria para consumo. A Camara instala a adutora de água desde a captação nas Fontainhas até a Quinta das Laranjeiras sem que abasteça Fernão Ferro.



Alguns moradores tentam a constituição de um grupo que zele pelos interesses da zona mas não conseguem passar da fase de arranque e as expectativas da população são constantemente frustadas.
Em janeiro de 1981 um grupo de moradores proprietários, conscientes da grave situação, reuniu-se no Centro Paroquial para ser estudada a forma de desbloquear a situação da urbanização e dileigenciar junt o da Camara para que execute a abastecimento de água. De imediato é constituido um grupo dinamizador para liderar o processo. Após inumeros contatos e de um abaixo assinado da população o Grupo começa a tomar responsabilidades e a ter credibilidade junto a Camara.

Gastronomia

Febras de Porco
INGREDIENTES
1,5 kg de batatinhas
Sal
Grelos
Febras de porco
Alho
Azeite
Vinagre
Salsa
Modo de Preparo
1.  Colocar no tabuleiro de forno 1,5kg de batatinhas pequenas inteiras bem lavadas.
2.  Polvilhar generosamente com sal e levar ao forno a 220ºC até assarem.
3.  Depois de assadas espalmá-las ligeiramente.
4.   Cozer grelos em agua e sal.
5.  Grelhar 4 febras de porco temperadas com sal e alho picado.
6.  À parte, misturar 1,5dl de azeite (150ml) com 0,5dl de vinagre (50ml), sal, 2 dentes de alho picados e salsa tb picada.
7.  Temperar as febras e a carne com este molho e servir.

3 comentários:

  1. Artigo muito interessante. Obrigado

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  2. Muito bom! Tem como adicionar as fontes ou referências? De muita valia toda esta informação.

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  3. Na verdade grande parte desta cronologia baseia-se no documento que editei em 1982 com base em entrevistas e consulta de documentos. Em nenhuma parte desta publicação refere o nome de um dos fundadores e primeiro presidente da associação que desbloqueou Fernão Ferro do impasse em que se encontrava. Bem como quem dinamizou a criação da Freguesia de Fernão Ferro tendo sido presidente da comissão instaladora e presidente da Junta de Freguesia de Fernão Ferro durante 5 mandatos no total de 20 anos. O nome completo é Carlos Alberto de Sousa Pereira. Aqui fica para que conste para a história.

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