À BEIRA DA ESTRADA
Os dois à beira da estrada
junto ao poste dum destino de Hermes
seiva das novas sílabas
da palavra virtude.
São impossíveis as ruínas do amor
porque apertamos contra o corpo os lençóis
cumprindo o relógio do mar
enquanto um bando de gaivotas esvoaça
à beira da estrada inacabada
com o outono aos nossos pés.
Repousamos os nossos lábios no silêncio
e logo partimos,
as mãos na intimidade sobrevivente da luta,
húmidas as palavras
cheirando ao ninho azul do céu,
de punhos cerrados e brancos,
brancos como as flores junto ao poste
à beira da estrada.
FERNANDO ALVES DOS SANTOS
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