sexta-feira, 17 de agosto de 2012

CARLOS CAVALCANTI - A SAGA DO VELHO CHICO



A SAGA DO VELHO CHICO

Velho Chico no teu leito,
com tantas pedras e curvas,
desparrama o liquefeito
poema das águas turvas.
O transbordar no percurso,
das artérias desse curso,
deslizando mundo afora,
desde Minas, Pirapora,
a Paulo Afonso e Penedo,
crepita sobre o rochedo
ao passar em Petrolina.
Velho Chico a tua sina
de trazer tanta energia,
nos inspira a poesia,
nos convence da grandeza
na geração de riqueza,
na força da luz elétrica.
Clareaste a face tétrica
e triste da escuridão.
Iluminaste o sertão,
todo o agreste e o litoral.
Na força descomunal,
no furor das invernagens<
o volume das barragens
movimentando turbinas,
multiplicando neblinas
ao debater-se nas rochas.
O sol reflete nas tochas
do lodo em todo o remanso
e repousa nas represas.
O rio busca descanso
na concha das águas presas.
Ao sair de Itaparica,
a pujança multiplica
na reserva de Xingó.
Do lago de Moxotó
às famosas corredeiras,
cantarolam cachoeiras,
Paulo Afonso, Sobradinho.
Prosseguindo no caminho,
espremido nas montanhas,
ultrapassando Piranhas,
já quase cansado e nu,
surge Piacabuçu
escutando a tua voz
ressoante, junto à foz,
por entre bancos de areia.
A água doce serpeia
num poema fluvial
saudando o mar ali perto,
que chega de peito aberto
num forte abraço de sal.
            Carlos Cavalcanti

Nenhum comentário:

Postar um comentário