segunda-feira, 27 de junho de 2011

FREGUESIA DE TENTÚGAL

rEGIÃO               CENTRO
SUB  REGIÃO      BAIXO MONDEGO
DISTRITO         COIMBRA
CIDADE           MONTEMOR – O - VELHO
FREGUESIA  Tentúgal

Brasão: 


Escudo de ouro, pinheiro arrancado de púrpura, folhado de verde; em campanha, um corvo de negro, animado de vermelho e realçado de prata. Coroa mural de prata de quatro torres. Listel branco, com a legenda a negro: "TENTÚGAL".


Bandeira: 


Esquartelada de negro e amarelo. Cordão e borlas de ouro e negro. Haste e lança de ouro.



Selo: 

Nos termos da Lei, com a legenda: "Junta de Freguesia de Tentúgal - Montemor-o-Velho".


História 
Situada numa planicie com algum declive para oriente, ocidente e sul,  por onde, a pouca distância, confronta com os Campos do Mondego. Fica a nordeste de Coimbra e é caminho obrigatório entre esta cidade e a da Figueira da Foz.


Serve-a uma das mais lindas estradas do Pais, ora serpeando entre colinas cobertas de umbrosa vegetação, ora espreguiçando-se no doce plano dos Campos do Mondego.

As ruas da vila são largas e possue três espaçosos largos: - o Rossio, o do Ribeiro e o da Chieira ( este de forma triangular,o mais importante no qual se realizam as feiras ) além da pequena praça da Olaia. Apesar da decadência que a vila começou a sofrer nos fins do século XVIII, ainda vale bem a pena, àqueles que tem o culto da Arte, virem ate Tentúgal ou aqui fazerem uma paragem para admirar o antigo solar dos duques do Cadaval, algumas fachadas de casas fidalgas,a Igreja Matriz e a daMisericordia, o antigo convento das freiras Carmelitas com a sua Linda igreja, a Tôrre do Relógio, que fazia parte do castelo ou dos Paços do Concelho,

além de portais a vãos de janelas, cheias de elegância e graciosidade, varandas e escadas exteriores, cimalhas, esgrafitos, chaminés e cantos, telhados ornamentados de abóboras que nem por serem singelos deixam de possuir beleza.

Tentúgal, terra de recordações, tem ainda, a dar-lhe fama, os seus magníficos pastéis de grande aceitação nacional, herança deixada pelas antigas freiras Carmelitas, de excelente recheio e óptimo folhado, e que fazem a delícia do viajante que obrigatoriamente pára na antiga Tia Conceição e ali os come, quase sempre regando-os com o delicioso e aromático vinho branco de que esta região é pródiga.


Fundação 

0 Livro de testamentos, do convento de Lorvão, diz-nos que no ano de 954 recebe o mosteiro lorvanense,  por doação testamentária de Rodrigues Abulmundar, na vila de Tentúgal campos de cultura .
O referido livro, no mesmo século, ensina-nos mais:
- « Os fâmulos de Deus - Bahri e Trunquilli, doaram a este mosteiro, no ano de 980, uma herdade em Taveiro e duas igrejas, uma de S. Pedro e S. Miguel, em Tentúgal e outra em Santa Eulália, na vila do Arquanio».
Nos fins do reinado de D. Afonso VI, de Castela, edificou ou reedificou o nosso conde D. Henrique a vila de Tentúgal por ordem do sogro, como consta do foral dado pelo conde à povoação, em 1108. O foral diz expressamente que o sogro de D. Henrique mandou que este edificasse e construísse a vila; mas no testamento do conde D. Sesnando, escrito em 1087, diz-se que povoou a vila de Tentúgal, herdada dos seus antepassados.
Do conjunto das duas afirmações tem de se admitir - e é essa a opinião do Dr. José leite de Vasconcelos - que o conde D. Henrique não a edificasse propriamente, mas sim a tivesse reedificado, quer para a melhorar nas suas defesas, quer por ela ter sido arrasada pelos árabes em alguma incursão posterior à vida de D. Sesnando. E, de facto, este conde moçárabe e governador do território de Coimbra, levantou da completa ruína vários castelos da região, fazendo simultaneamente o repovoamento de muitas terras, entre elas a da sua naturalidade - Tentúgal.

D. Sesnando foi, pois, quem repovoou o lugar e edificou ( 1087 ) o seu castelo; mas foi o conde D. Henrique que o reconstruiu a certamente o ampliou. Das obras henriquinas resta apenas, diz-se, uma velha tôrre, conhecida pela Tôrre do Relógio que, provavelmente, devia ter sido a tôrre de menagem. Acerca desta, diz-nos, em 1721 o Padre Luiz Cardoso:

... que mostra a tôrre haver sido de observação, antigamente, a segundo a tradição vulgar foi fabricada«pelos mouros. É admirável a dureza do seu material porque sendo muito delgadas as paredes ea uma altura considerável se acha sem o menor sinal de ruína, sustentando dois sinos, um da Câmara a outro do relógio ».
E assim e : - a-pesar-de terem passado mais de três séculos, depois da descrição do estudioso investigador, a torre continua a desafiar o tempo e a dominar o casario da antiga pátria de D. Sesnando . A porta da tôrre é gótica, no género das portas laterais da Igreja Matriz a duma outra da igreja da Povoa.
Em documentos antigos, aparecem referencias a umas estrebarias do infante D. Pedro, duque de Coimbra, no sitio, pouco mais ou menos, do largo da Olaia, por detrás da Torre do Relógio. A gente antiga diz que havia ali, no século xrx, umas casas muito velhas com uma janela manuelina, semelhante a outra da casa dos Forjaz de Sampaio, edifício esse que a tradição afirma ter sido o palácio de D. Sesnando.


O bispo D. Paterno doou a igreja de S. Miguel de Mirlaos, entre outras, metade da vila de Tentúgal (r),que é confirmada quando da morte do antiste, em 1087, que assevera ter povoado, entre outras, a vila de Tentúgal. A dar-se cr6dito ao que D. Paterno diz - e deve dar-se - o povoamento foi um repovoamento.

Convento da ordem das Carmelitas

Pertencia às freiras Carmelitas-calçadas a era conhecida por mosteiro das Madres do Carmo, um dos quatro da ordem que havia em Portugal, sob a invocação de N. S. da Natividade.
 0 convento é uma vasta mole de pedra que conta, em toda a sua área ( incluindo a cerca a os seus anexos ) alguns hectares de terreno. Foi edificado - a instâncias de D. Francisco de Melo, 2.° conde de Tentúgal, e em virtude duma provisão de D. Sebastião, datada de 1580 - não só à custa dum riquíssimo hospital existente na vila a que andava mal administrado, como de donativos particulares, sobressaindo, dentre eles, o daquele titular.

Começada a obra a 16 de Julho de 1560, no dia 15 de Maio de 1565 entravam nele as primeiras religiosas, vindas do convento da Esperança, de Beja.
 Da sua bonita a alegre igreja, de uma só nave a do mesmo século, destaca-se - além do seu lindo e elegante pórtico, encimado por uma escultura de S.Teresa de Ávila, datada de 1633 - a sua abóbada de pedra de Ançâ.
 A capela-mor, com azulejos do século XVII, é dividida da igreja por uma balaustrada com incrustações de metal, boa obra de tornearia seiscentista.
 Também é interessante, embora de somenos importância, o portal de entrada do convento, sobre o qual se destaca um nicho bem cinzelado, contendo a imagem de N. S. do Carmo.
Foi mandada reconstruir pelo infante D. Pedro, duque de Coimbra e senhor donatário da vila, no ano de 1420 ; anteriormente, já nela havia reitor a pagava dízimos ao bispado, ao mosteiro de Ceiça e ao pároco, que era obrigado a reparar o templo e a manter a hospitalidade - como mandavam os sagrados cânones. A doação ao mosteiro de Ceiça foi feita por D. Diniz, em 1288, e nela se verifica ser a igreja chamada de Santa Maria de Mourão.
Igreja Matriz
 O bispo de Coimbra, D. Américo, falecido no ano de 1295 - ilustre sacerdote francês da Aquitânia e notabilíssimo mestre de D. Diniz - instituiu nela uma vigararia perpétua, que entraria em exercício pelo falecimento do seu reitor. Figurava, a igreja, no Catálogo de todas as igrejas, comendas e mosteiros que havia nos anos de 1320 1321, já então vigararia, com a lotação de 120 libras anuais.
E notável o seu fabrico, embora não seja hoje, precisamente, o que era no meado do século XV, pois nela se vê obra dos dois séculos seguintes. O estilo, no seu interior, é da Renascença, à excepção da capela do Santíssimo.

      O retábulo da capela-mor, cuja data da construção (1545) está numa pilastra, do lado direito do sacrário, é, possivelmente, da autoria de artistas de João de Ruão. E um dos mais notáveis da região, já pela grandeza arquitectónica, já pelos dois admiráveis baixos relevos ( representando S. Pedro a S. Paulo, colocados ao lado do sacrário ) já pela grandeza da formosíssima imagem de N. S. do Pilar, vulgarmente conhecida por N. S. do Mourão, que ocupa o centro do retábulo, e que pertence à primeira metade do século XV.

     A virgem pertence ao tipo das Virgens erectas parentes das virgens Francesas pelo véu que se destaca da coroa de rainha, a inclinação ligeira da bacia, o manto puxado em caneluras para o quadril, pormenores e atitude que a fazem aproximar da Virgem dourada de Amiens a de outras virgens de marfim do seculo  XIII É um tipo consagrado que vamos encontrar na nossa imaginária até ao século XVI e que pela sua persistência em períodos já adiantados, man­tém um sabor de arcaísmo, como que uma ingenuidade tardia, onde os dedos do escultor se comprazem
   Rapidamente vamos fazer passar o leitor pelas capelas. Ao lado da capela-mor a com a mesma frente, abrem-se duas outras, secundárias. A da direita, a mais notável,. é o padre Luiz Cardoso que no-la vai descrever
 « É duma arquitectura estranha entre gótica a rústica, tem em seu retábulo, em lugar das colunas, quatro secções de cilindros iguais, sobrepostos, a uma cruz grande quadrangular de uma s6 pedra. Por baixo da cruz, o Sacrário, que é da mesma pedra, muito bem trabalhado de meio relévo. Os lados exteriores da capela são de grandes pedras unidas e quase. todo o pavimento, consiste também numa só pedra. A abóbada a arco são admiráveis e fora do comum .
     Na parede exterior da capela está a seguinte inscrição : - « O Dr. Diogo Nunes mandou fazer esta capela no ano de 1575  Tem belos azulejos da época.
    Do lado oposto, fica a de Jesus, em boa Renascença, como as restantes, a nela se encontra esta legenda, por baixo das armas dos Farias e Barros : - « Esta capela mandaram fazer à sua custa, Cristovam de Faria Amorim, fidalgo da antiga a nobre geração dos Farias, a sua mulher Maria de Barros Galvoa...
    Da parte do Evangelho encontram-se mais duas capelas : --- a da Senhora da Boa Morte, onde está um retábulo pintado do século XVII, dedicado a S. Miguel ; e a do Espírito Santo, actualmente de Santo António, com inscrição das datas de 1580 e 1768, indicando a sua construção e reconstrução.
   Mais duas outras capelas laterais existem do lado da Epístola : - da Senhora da Rosa ou da Paz, que tem a data de 1616 ; e a de N. S. da Conceição, na qual se vêem gravados estes dizeres : - « Esta capela mandou fazer Jorge Lopes Gavicho á sua custa para si, sua mulher, filho a descendente com missa cotidiana, ano de 1632 .O chão da igreja é de lages entremeadas de túmulos.
    Na fachada da igreja há a notar o magnífico a bem lançado pórtico em ogiva e a grande rosácea, além de duas portas góticas - uma do lado norte a outra do :lado sul, esta, porém, entaipada.
    Ao lado, a tôrre sineira, à qual uma escada exterior dá pitoresco e nos conduz a uma outra porta gótica. Na parte superior da tôrre, abrem-se duas janelas de arcaria, para sinos, uma delas possuindo, na parte de dentro, também uma arcaria gótica ; é ameada e tem uma cúpula rematada por um cata-vento.
Igreja da Misericordia
É uma vasta construção, que tem anexa a casa do despacho a outras dependências, em puro estilo Renascença dos fins do século XVI a princípios do XVII
 O altar-mor da igreja desta instituição (da autoria de Tomé Velho) destaca-se ao fundo da sua ampla nave, assente sobre uma tribuna, à qual dão acesso duas elegantes escadarias laterais, de pedra, tendo estas e a tribuna uma magnífica a bem trabalhada balaustrada, boa obra de tornearia seiscentista . Sob a tribuna, há um grupo escultórico, do mesmo século e dos mesmos artistas, representando uma deposição no túmulo : -
O Senhor morto e, a velarem-no, sete bustos que formam um círculo de ternura. Toda a altura e largura da nave está ocupada por um bom retábulo, escultura em pedra de Ançã, dos fins do século XVI, de estilo Renascença, no entanto menos rico que o da igreja matrìz. São trabalhos da escultura coimbrã, idêntica aos da igreja da Misericórdia de Montemor.
    Há a notar, também, uma outra tribuna lateral datada de I694, tendo, na frente, quatro singelas mas elegantes colunas jónicas a um gradeamento de ferro batido.
Na fachada, o pórtico que é um verdadeiro mimo de arte da época : renascentista, se acham, ladeando o portal, o anjo inspirador da rainha D. Leonor a esta soberana com trajes da corte, em atitude votiva. Ambas as esculturas estão apoiadas em elegantes mísulas a encimadas por dois rendilhados dóceis.

Capela N.S. dos Olivais
No século XVI, andava certa pastorinha, um dia, por aqueles olivais, que davam fraco pasto, a apascentar as suas ovelhas. Aparece-lhe Nossa Senhora a ordenar-lhe que fosse à vila a dissesse aos moradores que a Mãe de Deus lhe aparecera a que a fossem buscar. A pastorinha cumpriu a missão a trouxe muito povo, que viu a imagem da Virgem, mas não a tocou, por medo a respeito. Foram, de seguida, dar parte à gente grada a ao pároco, que com eles vieram, substituindo a N. S. da Encarnação pela nova imagem que, como a ermida, passou a ser designada por N. S. dos Olivais.
 Mas parece que a nova padroeira não ficou muito satisfeita com a resolução, porque fugiu três vezes, sendo outras tantas conduzida . para a antiga capela de N. S. da Encarnação... Na última vez, porém, ficou, certamente condoída do bom povo ; e desde então ali está - há uns 400 anos - onde tem sido pródiga de milagres. É isto que nos conta frei AGOSTINHO.
  A capela, que é servida por uma boa estrada marginada de oliveiras, é grande a conserva, no interior, a traça da sua reconstrução quinhentista : - tecto de pedra abobadado, com caixotões simples a altares a retábulos também de pedra. Na frontaria, o mau gosto duma reconstrução do século XIX tirou-lhe o aspecto amigo ; porém, ainda conserva as colunas que pertenciam ao alpendre.





Torre do Relógio

Fez parte do castelo e dos Paços do Concelho



Gastronomia
Pasteis de Tentugal
São pastéis finos cujo recheio, muito doce, é compensado pela massa sobre o insosso que o envolve.
TEMPO DE PREPARAÇÃO:
2 h. 15 min.
TEMPO DE COZEDURA:
15 min.
INGREDIENTES (12 PASTÉIS)
1 kg de farinha
5 dl de água
Manteiga,
 ovos moles em creme 
Canela  
açúcar em pó q.b.
MODO DE PREPARO
1.  Amasse a farinha com a água até o preparado ficar macio.
2.  Deixe depois repousar alguns minutos.
3.  Sobre uma mesa de madeira estenda, bem esticado, um cobertor de lã e sobre este, também bem esticada, uma toalha.
4.  Deite então a massa sobre a mesa assim preparada a estenda-a o mais fino possível, da grossura de uma folha de papel de seda.
5.  Corte-a em rectângulos de 16 cm de comprimento por 8 cm de largura e vá-os passando para um tabuleiro untado com manteiga derretida em banho-maria.
6.   Sobreponha 5 ou 6 rectângulos para formar o folhado, não sendo necessário untar o último.
7.  No centro, introduza uma porção de ovos moles;
8.  enrole os folhados em forma de travesseiro, vire para cima as extremidades a amolgue-as com o polegar e o indicador.
9.   Coloque os pastéis em tabuleiro untado com manteiga a leve-os ao forno a cozer e a corar levemente.
  10. Depois de prontos, polvilhe-os com canela e açúcar em pó.

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