sábado, 25 de junho de 2011

ADILIA LOPES


ADILIA LOPES
é o pseudônimo literário de Maria José da Silva Viana Fidalgo de Oliveira, poeta, cronista e tradutora portuguesa, nascida em Lisboa, em 1960. É formada em Literatura e Linguística Portuguesa e Francesa, tendo feito especialização em Linguística e em Ciências Documentais.
Em 1985 publicou, em edição de autor, "Um jogo bastante perigoso", seu primeiro livro de poesia.  A seguir, publicou : "A Pão e Água de Colónia" (1987) , "O Marquês de Chamilly" (1987), "O Decote da Dama de Espadas" (1988), "Os 5 Livros de Versos Salvaram o Tio" (1991), "O Peixe na Água" (1993), "A Continuação do Fim do Mundo" (1995), “A Bela Acordada” (1997), “Clube da Poetisa Morta” (1997), “O Poeta de Pondichéry” seguido de “Maria Cristina Martins” (1998), “Florbela Espanca espanca”, (1999), “Sete rios entre campos” (1999), “O Regresso de Chamilly” (2000),” Irmã Barata, Irmã Batata” (2000), “ A Obra” (2000) e "A mulher -a-dias" (2002).


para a Fiama, que não gosta de cisnes e que escreveu “Cisne”
(O cisne persegue a Fiama no quintal
a Fiama persegue o cisne no poema
sarada a mão direita da poetisa
a poetisa pode escrever sobre o cisne
(de ódio de cisne e de ócio de Fiama
se faz a literatura portuguesa
minha contemporânea)
depois a Fiama persegue o cisne no quintal
durante um quarto de hora
e o cisne persegue a Fiama no poema
pela vida fora)
         *
Clarice Lispector,
a senhora não devia
ter-se esquecido
de dar de comer aos peixes
andar entretida
a escrever um texto
não é desculpa
entre um peixe vivo
e um texto
escolhe-se sempre o peixe
vão-se os textos
fiquem os peixes
como disse Santo António
aos textos
                   In Clube da poetisa morta
O amor
é foda
o amor
é boda
(a senhora sabe
da poda?)
o amor
está sempre
fora
de moda
é preciso amar
atrever-se a amar
andar com este
e com este
         *
Deus é a nossa
mulher-a-dias
que nos dá prendas
que deitamos fora
como a vida
porque achamos
que não presta
Deus é a nossa
mulher-a-dias
que nos dá prendas
que deitamos fora
como a fé
porque achamos
que é pirosa
         *
Gosto de me deitar
sem sono
para ficar
a lembra-me
das coisas boas
deitada
dentro da cama
às escuras
de olhos fechados
abraçada a mim
                            In Florbela Espanca espanca
Poemas extraídos da revista POESIA SEMPRE, Num. 26, Ano 14, 2007. Edição da Biblioteca Nacional, Rio de Janeiro.

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