domingo, 15 de maio de 2011

O CIUME - BOCAGE


O Ciúme
 




Entre as tartáreas forjas, sempre acesas,
Jaz aos pés do tremendo, estígio nume (1),
O carrancudo, o rábido (2) Ciúme,
Ensanguentadas as corruptas presas.
Traçando o plano de cruéis empresas,
Fervendo em ondas de sulfúreo lume,
Vibra das fauces o letal cardume
De hórridos males, de hórridas tristezas.
Pelas terríveis Fúrias (3) instigado,
Lá sai do Inferno, e para mim se avança
O negro monstro, de áspides (4) toucado.
Olhos em brasa de revés me lança ;
Oh dor! Oh raiva! Oh morte!... Ei- lo a meu lado
Ferrando as garras na vipérea (5) trança.
                                Bocage
 (1) Plutão, deus dos infernos.
(2) Raivoso,  furioso
(3) Demônios do mundo infernal.
(4) Serpentes venenosas.
(5) De víbora

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