quarta-feira, 25 de maio de 2011

FREGUESIA DE VALENÇA DO DOURO



rEGIÃO               norte
SUB  REGIÃO      douro
DISTRITO         viseu
CIDADE           tabuaço
Freguesia Valença do Douro

Valença do Douro foi outrora conhecida por Valença do Mosteiro de S. Pedro da Águias, como consta aliás do foral novo concedido por D. Manuel I (16-05-1514), em Lisboa, e cujo original que se encontrava na Câmara de Tabuaço levou descaminho, num país onde delapidamos os valores e as memórias do passado*. O mosteiro de S. Pedro das Águias "o Velho" foi cabeça de couto e padroeiro de Valença do Douro, dando-lhe carta de previlégio no século XII e ainda em 1269 (carta de povoação ou prazo).
Por este último a freguesia devia dar ao abade e ao mosteiro (de foro), três teigas de trigo cozido, três peixotas e três quartas de vinho; três teigas de cevada e 18 dinheiros para adubo da cozinha".
 
De acordo com as inquisições de Dinis, os casais pertenciam ao julgado de S. joão da Pesqueira e o mosteiro truxe-os por seu herdamento, "com seu juiz e chegador".
Apesar de ter pertencido ao couto do velho mosteiro, Valença do Douro foi, no séc. XIV, dos marqueses de Távora até à sua execução pelo marquês de Pombal, passando a partir daqui à posse da coroa.
Diz a tradição que Valença teve origem na margem esquerda do rio Torto, junto às Bateiras, na Quinta do Seixo. Pelo menos a igreja era lá. Igreja ou capela de invocação a Santa Maria e, mais tarde, à Senhora da Ribeira
 

Veio depois uma peste que dizimou a escassa população. Então o conde de távora devidiu o povo em seis courelas, colocando uma família em cada uma delas. E de uma delas nasceu a actual povoação de Valença.
Curiosa e a confirmar esta explicação, é a referência que Rosa Viterbo dá acerca das origens de Valença do Douro, no seu Elucidário:
"PERENCIA foi o nome que deram a Valença do Douro em um aforamento do Mosteiro de S. Pedro das Águias, que a fez povoar de novo no (ano de 1269), repartindo-a em vinte e quatro casais ou courelas. A horrível epidemia e mortandade, que havia devorado os seu habitantes, lhe granjeou aquele nome fatal e de mau agouro, que ainda hoje lhe não ficaria impróprio, atendendo ao pouco saudável do seu clima, a quem só por antífrase lhe convém o de Valença".

Na paisagem recortada de montes e vinhedos, está gravada a história de gerações com vários séculos de existência. História feita por homens rudes, por Reis e Frades.
O território de Valença do Douro parece ter sido defendido por um importante Castro, situado no ponto mais alto onde se situa Valença - Lugar do Panascal.
À vertente de Sudeste deu-se o nome de Serro da Armada, significando armada, no Norte do País, contudo, existe uma outra versão que diz que neste local se encontravam as tropas, prontas para serem mobilizadas quando necessárias.
Antigamente eram os senhores feudais que convocavam os homens para a guerra, os quais eram seus trabalhadores. Toda a zona de Valença do Douro era domínio dos Távoras que residiam no Convento das Águias. O serro da Armada é o limite entre Valença do Douro e o Sarzedinho.

Durante esta altura escolhiam-se os pontos mais elevados para daí se fazerem as comunicações entre os exércitos. Esses locais delimitavam as povoações, denominando-se estes de marcos Geodésicos. Havia marcos na Desejosa, serra das Monteiras, Santo Ildefonso e Ervedosa.
A comunicação durante o dia era feita através de reflexos de espelhos, e de noite através de fogo.

O povoamento desta freguesia deve considerar-se anterior ao século XIII, mercê de vários indícios, como a exploração de ruínas de chumbo por Árabes e Romanos e o povoamento ordenado em 1269 pelo árabe do convento de S. Pedro das Águias.

História das Vindimas
A época das vindimas é uma das mais alegres da nossa região. Esta actividade mobiliza homens, mulheres e crianças e realiza-se a partir dos fins de Setembro. Apesar da grande mecanização, que tem havido nesta região, esta é uma actividade que necessita da mão humana.
Antigamente vinham grandes grupos de homens e mulheres (rogas) para as vindimas já que não havia gente suficiente em Valença do Douro. Vinha uma roga para cada proprietário. As mulheres traziam um cesto, à cabeça, com a sua roupa e merenda e a cesta para onde cortavam as uvas, no braço.


Os homens traziam uma trouxa e um sachinho para segurarem o cesto vindimo. Quando chegavam a casa dos patrões faziam uma grande roda e começavam a cantar e a dar vivas ao patrão, ao feitor e ao rogador.
No fim, o patrão, dava de beber a todo o pessoal.
Com os homens andava um grupo de músicos, que tocavam harmónio, ferrinhos e bombo para alegrar a vindima, estes acompanhavam sempre os homens que levavam os cestos.
Entre os homens havia um que tinha um assobio com o qual orientava o passo dos mesmos, pois andavam em fila e com o passo certo.


Quando se ia cortar o primeiro lagar (pisar as uvas), a música deixava de acompanhar os homens para acompanhar os que pisavam as uvas.
No início, os homens, lado a lado e abraçados, liderados por um, cortavam o lagar ao mesmo compasso. Depois de cortado o lagar, cantava-se a “Liberdade”:

Liberdade, liberdade
Quem a tem chame-lhe sua
Eu não tenho liberdade
Nem de pôr o pé na rua.

São tão bonitas as carvoeiras
São mais catitas as feiticeiras
Ó que belo rancho, bela mocidade
Cantai raparigas – Viva a liberdade.


Depois de se cantar esta canção, os homens dispersavam-se a pisar o vinho. As pessoas da aldeia, à noite, iam todas ver cortar os lagares. No fim da vindima entregavam o ramo aos patrões. Este podia ter diversas formas, sendo o mais usual duas canas em cruz com efeitos de papel ou seda, flores e dois cachos de uvas ( um branco e outro preto). Era a rapariga mais “jeitosa” que o ia entregar. O patrão dava dinheiro para dividir por todos, depois cantava-se e bebia-se vinho generoso. Durante esta faina o ar transbordava de alegrias e cantigas. As uvas eram cortadas ao ritmo das vozes das vindimadoras.





História dos Rabelos
 (Grupo de Bombo)

Desde muito sedo que Valença do Douro se começou a interessar por actividades recreativas e culturais. Assim, teve uma banda de música que, no seu início, por falta de transportes e vias de comunicação, os músicos, bem como os seus instrumentos faziam-se transportar por cavalos.
Este grupo desapareceu mas o espírito artístico de Valença do Douro, não morreu, surgindo assim um teatro que em épocas festivais realizavam espectáculos.
A tradição das actividades recreativas manteve-se até há uns anos atrás dando sequência ao Grupo Cultural e Recreativo “Os Rabelos”, liderado e fundado pelo antigo Presidente da Junta de Freguesia, Sr. Joaquim da Costa Guimarães. Era constituído por um grupo de Rancho, Tuna, Zés Pereiras e um Grupo de Teatro. Os Rabelos pela sua qualidade eram bastante conhecidos, actuando a nível local, regional tendo também saídas para o estrangeiro.






 

Gastronomia

Cozido à Portuguesa

  • 1/2 galinha gorda
  • 350 gr de presunto
  • 350 gr de carne de vaca
  • 1 chouriço de carne
  • 250 gr de orelheira de porco
  • 3 cenoura(s)
  • 1 couve tronchuda
  • 5 batata(s)
  • 350 gr de arroz
  • sal


Modo de Preparo

1. Numa panela grande com água, introduzem-se as carnes, excepto o presunto e o chouriço.

2. Quando a galinha estiver meio cozida, introduzem-se então, o presunto e o chouriço.

3. Meia hora depois, retira-se metade do caldo e reserva-se.

4.  Com metade deste caldo cozem-se os legumes.

5.  Rectifica-se os temperos.

6.  Com a outra metade, prepara-se o arroz.

7. Põe-se o caldo a ferver, à parte, juntando mais um pouco de água, a quantidade necessária de modo a que fique um arroz solto.

8. Levantando fervura, junta-se o arroz e deixa-se cozer.

9. Retifica-se os temperos.

10.         Para servir, coloca-se a galinha e a carne de vaca cortadas aos bocados, no centro de uma travessa e à volta, põe-se a orelheira e o presunto também cortados aos bocados, o chouriço às rodelas, as cenouras, as batatas e as couves.

11.         O arroz serve-se numa travessa à parte.

Com o caldo de cozer as carnes que sobrou, pode-se fazer uma sopa, adicionando-se massa

Nenhum comentário:

Postar um comentário