FREGUESIA DE VACARIÇA

REGIÃO              CENTRO

SUB REGIÃO      BAIXO VOUGA

DISTRITO          AVEIRO

CIDADE             VAGOS

FREGUESIA       VACARIÇA

Brasão
Deste 23 de Dezembro de 1925. É formado por 2 báculos de ouro em arpa que representam as armas da ordem de S. Bento. 

O campo das armas é de cor negra, porque o esmalte negro representa a terra e significa firmeza, obediência, honestidade e cortesia. Tem cachos de uvas porque na Vacariça a fonte principal Visconde do Valdoeiro encontra-se um monumento erguido em 3 de Junho de 1929 que simboliza toda a história da Vacariça. Na coluna encimada por uma esfera armilar, está colocado o brasão de armas da Vacariça e nas quatro faces da memória, estão gravados também uns pequenos brasões; da Nacionalidade Portuguesa; da Cruz de malta; das Cinco Chagas de Cristo e do brasão da Mealhada. Também estão gravadas breves legendas sobre a história da Vacariça.

HISTORIA
Dados históricos indicam que já em 450 esta zona era habitada pelos eremitas de Santo Agostinho, no entanto julga-se que terá sido Lucencio, enviado do Mont: e Cassino por S. Bento que em 541edificou o opulento Mosteiro Bubulense com a designação de S. Vicente, em homenagem a este Santo – Mártir, por ter sido um grande pregador e um defensor das leis de Cristo, que tornou esta terra das mais famosas entre o Vouga e o Mondego.

O convento da Vacariça, foi um dos poucos mosteiros da antiguidade onde viviam frades e freiras em repartições separadas mas, celebrando o ofício divino na igreja, segundo vem mencionado em documentos do chamado “Livro Preto” da Sé de Coimbra.

Foi dos mais ricos da Lusitânia, sendo senhor de 37 vilas e lugares, e, vasta jurisdição sobre outras igrejas e mosteiro da época, abrangia um território muito vasto, desde Espinho, Matosinhos, Maia, Gondomar a, passando por Sever do Vouga a S. Pedro do Sul até Mortágua e Soure, e por muitas outras “vilas” e propriedades com os consideráveis bens fundiários e móveis. Na opinião de alguns historiadores, o Mosteiro da Vacariça, à semelhança do Mosteiro de Lorvão, foi um dos grandes responsáveis pelo forte incremento do repovoamento e consequente defesa dos territórios conquistados aos “grandes inimigos da Fé Cristã”, os muçulmanos.

A primeira referência histórica de lugares da Freguesia de Vacariça é, segundo alguns historiadores, Santa Cristina. No ano de 907 é doada “ a igreja de Santa Cristina, junto aos muros de Coimbra”, ao abade João do Mosteiro de Lorvão, pelo presbítero Fradilani, e confirmada ao mesmo mosteiro pelo rei Ramiro II, no ano de 933.
Vacariça foi sede de concelho. Ignora-se no entanto a data de sua criação.
Em 1328, por sentença do Rei D, Afonso IV a propósito do transporte de presos e dinheiro, já existe referencia ao concelho de Vacariça e, noutro documento do Arquivo Municipal de Coimbra com o nº 9 datado de 1364, dá a existência do concelho de

Vacariça, formado pelos antigos coutos da Vacariça, 

Em 12 de Setembro de 1514 D. Manuel I deu-lhe foral. Nas diversas povoações relacionadas no foral, aparece pela primeira vez o nome de Pego de Pexes, lugar este que corresponde actualmente ao Pego.

Vacariça dotada de valiosos pergaminhos históricos, exerceu domínio administrativo sobre a Mealhada, afirmando a sua supremacia até 6 de Novembro de 1836, data da criação do concelho da Mealhada, no reinado de D. Maria II. No entanto, a Vacariça seria ainda concelho até 4 de Junho de 1837, altura em que integrou o “novo concelho da Mealhada”:
Esta mudança administrativa criou um pormenor inédito que marcou esta freguesia durante 108 anos; Mealhada, sede de concelho, pertencia à freguesia de Vacariça. Os motivos que explicam este facto são, certamente, os mesmos que se apontem relativamente à parte a criação do concelho da Mealhada, “a influência do antigo couto, do célebre mosteiro e da carta foral”, Vacariça foi assim quem predominou como povoado de destaque.

O muito que se poderia saber a Vacariça e o seu concelho, perdeu-se com o tempo e o que restava foi devorado pelo incêndio de 9 de Novembro de 1880, o qual reduziu a cinzas todo o edifício da Câmara Municipal de Mealhada, com o seu arquivo e demais documentos administrativos.
Todos os documentos sobre história desta terra, tinham sido transferidos para a Mealhada, a quando da mudança do concelho em 1837.
Em 1838, já a Câmara da Mealhada, não querendo que fosse perpetuado algum dos símbolos do seu antecedente, depressa tratou da venda dos edifícios que haviam servido de Câmara e de cadeia do extinto concelho de Vacariça, não existindo hoje qualquer vestígio dos mesmos.
A Vacariça teve escola de latim, de teologia e de outras disciplinas até ao século XIX.

TOPONIMO

Vacariça é de entre as Freguesias do Concelho de Mealhada a que mais se pode orgulhar dos seus ancestrais pergaminhos. Outrora apelidada de “… graciosa, histórica e lendário recanto da Bairrada…

Antiga povoação Lusitana, cujo nome deriva de “Vacariça” pela criação de gado bovino a que se dedicavam seus habitantes, ou, de “Vaca – Rica” pela boa reputação que o gado tinha, favorecido pelos bons pastos existentes na sua várzea.

Sua fama, poder e importância remontam à `poça da fundação do Mosteiro Bubulense. Fundado por Paulo Osório, no século V, segundo algumas opiniões, e, pelo patriarca S. Bento, no século VI, segundo outros. Parecendo a segunda hipótese a mais aceitável, porque pertencendo a criação do mosteiro aos monges beneditinos, não poderia ser edificado antes da criação desta ordem na Europa.

Descrição: Fonte em arco construída com pedras e que faz a travessia do ribeiro que leva ao lavadouro. LENDAS E TRADIÇÕES Sobre ela se conta a seguinte lenda: “Há muitos anos, inimigos atacaram estas gente. Os Mouros que viviam na região vieram salva-las. Em sinal de gratidão para como os Mouros, começaram a designar a uma fonte existente na Quinta do Valongo.” Segundo a lenda, teria sido um enviado de S. Bento em 541 a fundar o mosteiro, facto que não se confirma historicamente, pois a primeira notícia que refere a existência do mosteiro é de 26 de Novembro do ano 1002 e trata-se duma doação do Diácono Sandino àquele convento. Tendo por orago S. Vicente, o Mosteiro da Vacariça exerceu larga influência entre Mondego e Douro, tendo sido igualmente senhor de terras na Maia, em Soure e do mosteiro de Leça. Em 1094, juntamente com todos os seus bens , passa para a posse do Bispo de Coimbra.

PADROEIRO

São Vicente nasceu em uma Terça-feira de Páscoa, em 24 de Abril de 1581, na aldeia Pouy, sul da França. Vicente foi baptizado no mesmo dia de seu nascimento. Desde cedo destacou-se pela notável inteligência e devoção. Fez seus primeiros estudos em Dax, onde após 4 anos, tornou-se professor. Isto lhe permitiu concluir os estudos de teologia na Universidade de Toulouse. Foi ordenado sacerdote, aos dezanove anos, em 23 de Setembro de 1.600.

Ordenou-se padre e logo passou pela primeira provação: uma viúva que gostava de ouvir as suas pregações, ciente de que ele era pobre, deixou para ele sua herança - uma pequena propriedade e determinada importância em dinheiro, que estava com um comerciante em Marselha.

FESTAS E EVENTOS

Vicente a 22 de Janeiro, S. Bento no 1º Domingo depois da Páscoa, Nossa Senhora no 1º Domingo de Maio, Corpo de deus festa móvel, na própria quinta-feira, dia santo e feriado nacional e o Santo António no último Domingo de Junho.
● CARREIRA – S. João a 24 de Junho.
● LOGRASSOL – Santo António a 13 de Junho, Almas do
● LAMEIRA DE S. GERALDO – S. Geraldo a 3 de Dezembro e Nossa Senhora da Encarnação em Setembro.
● PEGO – S. Tiago a 25 de Julho e Almas da Lapa num Domingo de Maio.
● QUINTA DO VALONGO – Senhor da Vida a 25 de Dezembro e Nossa Senhora do Livramento em Maio.
● QUINTA DO VALE – Nossa Senhora da Saúde a 15 de Agosto.
● SANTA CRISTINA – S. Bento e S. António no 1º ou 2º Domingo de Junho.
● TRAVASSO – Imaculada Conceição a 8 de Dezembro, Santo António a 13 de Junho e a romaria a Santo Amaro no 1º Domingo depois de 15 de Janeiro.

Gastronomia

Negalhos
 

Ingredientes:
Para 4 a 5 pessoas

• 2 buchos de carneiro
• 250 g de toucinho
• 1 cebola
• 2 folhas de loureiro
• 2 cravinhos
• 2 colheres de sopa de azeite
• 5 dl de vinho tinto
• 5 dl de água
• 2 dentes de alho
• 1 ramo de hortelã
• sal
• pimenta

Confecção:

1.   Limpam-se e arranjam-se os buchos ( Prepara-se o bucho como a dobrada, isto é, lava-se impecavelmente, raspa-se e escalda-se).

2.   Em seguida, cortam-se em quadrados, no centro dos quais se coloca um bocadinho de toucinho e uma folha de hortelã.

3.   Envolvem-se formando umas trouxinhas, que se atam com uma linha grossa.

4.   Colocam-se os negalhos num caçoilo (tacho de barro) com a cebola picada, as folhas de louro partidas, os cravinhos, o azeite, o vinho tinto, a água, os dentes de alho, sal e pimenta.

Tapa-se e leva-se ao forno durante 3 horas.

PATRIMONIO

Alminhas em Carreira

Século XX

Descrição: Alminhas de construção semelhante a uma pequena capelinha muito singela, com porta de madeira e cobertura de cimento.

Capela de Nossa senhora da Conceição

Século XVII-XVIII/Restaurada 1956

Descrição: Capela dedicada a Nª Sª da Conceição, com grande presença devido ao destaque dado, pela torre sineira, que se ergue no eixo central do templo.

Porta de entrada com formado ogival, à qual se sobrepõe um vitral de forma circular. A fachada principal foi revestida de azulejo azul e branco.

Capela de Nossa senhora da Vida

1886 / Reconstruída em 1974

Descrição: Capela dedicada ao Nosso Senhor da Vida, de arquitectura simples de feição rural. Destaca-se o original campanário em jeito de pequeno telheiro, bem como o luzeiro sob a porta principal.

Capela de Nossa Senhora de Saúde
1998
Descrição: Capela dedicada a Nª Sª da Saúde erguida, no ano 1998, de construção simples com torre sineira de linhas muito direitas.

Capela de Santo António em Lograssol

Reconstruída na 2ª metade do Século XIX

Descrição: Capela de arquitectura simples de feições rural mas com presença destacada no meio. Apresenta modesto campanário em corpo adjacente à capela.

Capela de São bento

1657 / Ref. 1842 / Rest. 1993

Descrição: Capela dedicada a São bento, de arquitectura simples, muito comum no mundo rural onde insere, não deixa de sergir como elemento agradável na paisagem. Observa-se a seguinte inscrição: “Fundada em 1657 e reformada em 1842
Restaurada no exterior em 1993”:

Capela de São Geraldo
Século XIX
Descrição: Capela dedicada a São Geraldo, com linhas arquitectónicas muito simples de feição rural, onde se destaca um pequeno telheiro que cobre a entrada principal, apoiado em duas colunas de pedra. Telheiro este que é certamente uma intervenção recente.

Capela de São João
Remota nos anos 40
Descrição: Capela de arquitectura simples de feição rural, apresenta um pequeno telheiro apoiado em duas colunas cilíndricas de pedras, que cobre a porta de entrada.

Capela de São Tiago
Restaurada em 1952
Descrição: Capela dedicada a São Tiago, erigida numa elevação, facto que lhe confere uma maior presença na paisagem. De arquitectura simples, muito difundida no meio rural, ostenta cantaria de valor a moldurar o vão da entrada principal.

Capela do Senhor do Cruzeiro
Século XVIII
Descrição: Capela de planta octogonal, única no concelho, que se insere no eixo de uma via. Cobertura em telha cerâmica. Os elementos de cantaria são apresentados com grande qualidade.

Cruzeiro no lugar de Vacariça
Situado no largo Visconde do Valdoeiro na Vacariça, este monumento erguido em 3 de Junho de 1929, simboliza toda a história da Vacariça. Na coluna que é encimada com a esfera armilar, ficou colocado o brasão de armas da Vacariça e nas quatro faces da memória, estão gravados também uns pequenos brasões; da Nacionalidade Portuguesa; da Cruz de Malta; das Cinco Chagas de Cristo e do brasão da Mealhada. Também estão gravadas breves legendas sobre a historia da Vacariça.

Fontanário no lugar de Pego
Restaurada nos anos 90
Descrição: Fontanário que apresenta algum cuidado no seu traçado e que tem semelhança com outros existentes no Concelho. Restaurado recentemente apresenta revestimento de azulejo azul e branco, com acabamento em tijolos burro.

Fontanário no lugar de Travasso
1955
Descrição: Fontanário em pedra com pequeno bebedouro lateral, para saciar os múltiplo animais. Com arquitectura cuidade de cariz rural, é mais um dos exemplos da arquitectura Estado Nova, espalhados pelo Concelho.

Templo da Congregação Cristã em Santa Cristina
Anos 90
Descrição: templo de culto da Congregação Cristã em Portugal, edificado de construção cuidada e com uma importante volumetria.

Moinho de Santa Cristina
1900/Rec. 1945/ Rec. 1996
Descrição: Moinho de cereais, movido a água. Incrição aposta em lápide na parte posterior do edifício: “Construído em 1900 por Manuel Lopes: 1ª Reconstrução em 1945 por Américo Lopes: 2ª Reconstrução em 1996 por Armindo V. Lopes.

Lavadouro no lugar de Vacariça
2ª metade do Século XX
Descrição: lavadouro público coberto com chapa de zinco, sem grandes preocupações estéticas.

Igreja Paroquial da Vacariça
A igreja paroquial da Vacariça cuja construção deve ser posterior a 1280, transição do mosteiro, foi totalmente reformulada entre os séculos XVII e XVIII e desta centúria são os aspectos melhor definidos, cujo peça da maior significado é o púlpito, da primeira metade de Setecentos, bastante decorada com folhas de acanto e uma águia na bacia de pedra. Das talhas refira-se o ambiente de riqueza que transpira do revestimento do corpo da igreja, repartido com quarenta caixotões setecentista com molduras decoradas e os claros pintados com cenas da vida de Cristo e de Nossa Senhora, mas de cunho artesanal, bem como os retábulos. Das imagens vai a referência para S. Vicente, em pedra dos meados do século XVI, a Virgem do Rosário com o Menino, em madeira do século XVIII e uma Cruz da Fábrica, relíquia antiquíssima em baixo relevo de prata, que é sem dúvida, a mais rica destes sítios.

Fonte em arco no lugar de Santa Cristina
Descrição: Fonte em arco construída com pedras e que faz a travessia do ribeiro que leva ao lavadouro.