segunda-feira, 4 de abril de 2011

FREGUESIA DE VALE DO PARAISO

REGIÃO               ALENTEJO
SUB  REGIÃO   LISBOA
DISTRITO         LEZIRIA DO TEJO
CIDADE            AZAMBUJA
Freguesia  Vale do Paraiso
Ordenação heráldica do brasão e bandeiraPublicada no Diário da República, III Série de 22/07/1992

Armas - Escudo de prata, árvore do paraíso, arrancada de verde, frutada e realçada de ouro, o tronco cingido de um coronel antigo de ouro, acompanhado em faixa de dois cachos de uvas de púrpura, folhados de verde. Coroa mural de prata de três torres. Listel branco com a legenda, em maiúsculas : “ VALE DO PARAÍSO “.





ResenhaHistórica
Bandeira - Esquartelada de branco e púrpura, cordões e borlas de prata e púrpura. Haste e lança de ouro.
Compartilhando com Aveiras de Cima o mesmo território e administração até meados da segunda década do século XX, comungaram desde o início da nacionalidade de uma história comum.
Com origens muito pouco concisas como território autónomo de administração e circunscrição local até D. João I, não oferecem dúvidas quanto à malha geográfica paroquial tardo-medieva, coincidente com a malha concelhia do Antigo Regime . Sendo um concelho de jurisdição régia com assembleia dos homens-bons da Vila, não passou este território ao lado das atenções da Coroa.

Demonstram-no os sucessivos instrumentos imanados do Poder Central para o bem-comum da comunidade e a particulares, assim como as estadas e itinerários conhecidos de alguns monarcas.
Elevada a Freguesia, Vale do Paraíso tornou-se em 1916, a 7ª freguesia do Concelho de Azambuja com uma superfície de 4, 446 Km2 e segundo os dados dos Censos de 2001, tinha 1 040 habitantes.

Por este motivo e até aquela data, a sua diacronia histórica, corre em paralelo com Aveiras de Cima.
1210 - D. Sancho I outorga "carta de aforamento" a Aveiras. - Rui de Azevedo, P. Avelino da Costa e Marcelino Pereira, Documentos de D. Sancho I , Universidade de Coimbra, 1979.
1401 - D. João I concede aos moradores de Aveiras e seu termo, carta de jurisdição própria, pela grande distância do lugar a Santarém, a que pertencia, Cabendo a D. João Afonso Esteves de Azambuja, então bispo do Porto, a confirmação dos oficiais concelhios. - IAN-TT, Chancelarias Régias, Chancelaria de D. João I, Livro 2, f. 91 v.º e 92.
1434 - A pedido do cavaleiro João Afonso de Brito, D. Duarte reforça e confirma a "Aveiras de Fundo" a jurisdição própria e autónoma de Santarém, excepto assuntos de natureza militar e que seu pai concedera em 1401. - IAN-TT, Chancelarias Régias, Chancelaria de D. Duarte, Livro 1, f. 80 e 80 v.º.
1493 - D. João II recebe Cristóvão Colombo em Vale do Paraíso. - Garcia de Resende, Crónica de D. João II , capítulo 165 e Joaquim Veríssimo Serrão, Itinerários de El-rei D. João II , v. II.
1493 - A 12 de Março, D. João II emite documentos de despacho ordinário, datados de Vale do Paraíso. - IAN-TT, Corpo Cronológico, I, 2-9.
1499 - É deste ano o último documento oficial que pela última vez Aveiras de Cima é designada pela tradição medieval como Veiras ou Aveiras de Fundo , numa concessão que D. Manuel faz a João Fogaça do seu Conselho, das coimas por devassa de rebanhos, nos pomares e hortas pertencentes à capela do Espírito Santo. - IAN-TT, Livro 1 da Comarca da Estremadura, f. 258 v.º.

1513 - Foral novo, outorgado por D. Manuel e datado de 13 de Setembro, a Aveiras de Cima e Vale do Paraíso. - IAN-TT, Livro dos Forais Novos da Estremadura, f. 93 e 93 v.º.
1570 - Frei Agostinho de Santa Maria fixa o início da lenda da descoberta da imagem de Nossa Senhora do Paraíso e de como D. Ana de Alencastro, comendadeira de Santos, se tornou administradora da sua igreja.

 - Frei Agostinho de Santa Maria, Santuário Mariano , t. II, Lisboa, 1707, p. 363.

1630/40 - Alvará de Filipe III, para (re)instalar os serviços concelhios de Aveiras de Cima. - IAN-TT, Chancelarias Régias, Chancelaria de Filipe III, Livro 18, f. 327.
1680 - Brás Teixeira de Távora, descendente de Vasco Martins Teixeira, é autorizado a instituir o morgadio de Vale do Paraíso, por Alvará datado de 25 de Janeiro. - IAN-TT, Chancelarias Régias, Chancelaria de D. Pedro II, Doações e Mercês, f. 258 v.º.
1722 - D. João V concede a D. Maria Francisca de Mendonça, dama da Rainha e aia do infante D. Carlos, autorização para casar com António de Moura Borralho, com a atribuição de uma tença anual de 100$000 reis. - IAN-TT, Desembargo do Paço, Consultas.
1758 - O Cura de Aveiras, P. João Pena de Morais redige as Memórias Paroquiais, com a data de 15 de Março. Segundo ele, Aveiras de Cima tinha "cento e setenta vizinhos, quatrcentas e setenta e três pessoas de Comunhão e cincoenta para sessenta de Confissão somente" e Vale do Paraíso, 40 vizinhos.


1826-1842 - Pela legislação produzida entre 1832 e 1836 para ordenamento e administração do território, sobretudo o Decreto de 6 de Novembro deste último ano, Aveiras de Cima passa a integrar o concelho de Azambuja. - Colecção de Leis e Outros Documentos Oficiais, Imprensa Nacional, Lisboa, 1.ª a 11.ª séries e Luís Nuno Espinha da Silveira, Território e Poder - Nas Origens do Estado Contemporâneo em Portugal , Patrimónia Histórica, Cascais, 1997, p. 150.
1842 - Conclusão da "Demonstração Genealógica em que se aprova a Descendência de Francisco José de Queiróz e Vasconcellos de Sousa, e de sua mulher D. Francisca Cândida de Mendonça e Moura. -Manuscrito particular inédito.
1853 - Francisco de Almeida Grandella é baptizado na igreja de Nossa Senhora da Purificação de Aveiras de Cima, paróquia em que nasceu a 23 de Junho do mesmo ano. IAN-TT, Registos Paroquiais, Lisboa, Azambuja, Aveiras de Cima, caixa 3, Livro B-8 e J. Pereira, Francisco de Almeida Grandella, O Homem e a Obra , CMA, 1998, p. 7.
1906 - Inauguração da Escola Dr. Francisco Maria de Almeida Grandella, (médico) em Aveiras de Cima, obra erigida por Francisco de Almeida Grandella. J. Pereira, Francisco de Almeida Grandella, O Homem e a Obra , CMA, 1998, p. 10.
1916 - Vale do Paraíso é elevada à categoria de Freguesia, tornando-se a 7.ª freguesia do Concelho de Azambuja. - Por Terras de Azambuja , Patrimónia, n.º 8, p. 13.

Lugar Histórico

Na freguesia de Vale do Paraíso existe um lugar de grande importância histórica, uma vez que ali se encontra a Casa que serviu de Paço Real a D. João II, quando este fugiu de Lisboa devido à Peste.  


Tradições 
A cultura popular das gentes de Vale do Paraíso é uma das suas grandes riquezas, uma vez que nos permite descobrir e explicar uma importante parte das suas origens. Por este motivo, é importante que este tão nobre valor cultural seja preservado e divulgado de modo a não cair no esquecimento. Assim sendo, nesta freguesia ainda hoje é frequente ouvir a Lenda de Nossa Senhora do Paraíso.

Lenda de Nossa Senhora do Paraíso

Nos primeiros tempos da nacionalidade, em terras hoje pertencentes a Vale do Paraíso, apareceu, no tronco de um velho sobreiro, a imagem de uma Santa, Nossa Senhora do Paraíso.
Reza a lenda que, inicialmente, a imagem foi levada, em procissão, para a Igreja de Nossa Senhora da Purificação, em Aveiras de Cima. No entanto, das três vezes que a tentaram levar, a imagem aparecia sempre junto à referida árvore.
Foi desta forma que os habitantes das redondezas decidiram edificar-lhe no local uma capelinha.


Na freguesia de Vale do Paraíso, ainda hoje, se recorda o costume de praticar jogos tradicionais, dos quais se evidencia o Jogo do Pião e o Jogo da Malha, usados para preencher os tempos de lazer.


Jogo do Pião

Num espaço amplo, de preferência de terra batida, faz-se uma roda no chão e cada jogador atira o pião para dentro dela. Enquanto o pião gira, é atingido com sêcas até sair da roda. O jogador só pode voltar a lançar o pião quando isto acontece.
Existe ainda outra forma de jogar: no terreno faz-se um ponto de partida do jogo e noutro ponto é feita uma cova, denominada “nicha”. Os jogadores dividem-se por duas equipas: uma empurra o pião para a nicha e a outra tenta evitá-lo. Se o pião entrar na nicha, cada jogador da equipa perdedora terá de disponibilizar um pião para levar com as sêcas.


Nas suas actuações, os elementos do Rancho Folclórico Danças e Cantares de Vale do Paraíso envergam os trajes típicos oriundos desta região. São, tal como as danças e cantares, recordados em festivais de folclore e diversos certames etnográficos, constituindo recriações exactas do antigamente.
Padroeiro:
Nossa Senhora do Paraíso

População:
1113 habitantes,  eleitores
Área:  4,7 Km2

Actividades económicas:
Agricultura, vitivinicultura, comércio e serviços.

Nossa Senhora do Paraíso - 18 de Dezembro; Tasquinhas
Igreja matriz
casa que serviu de Paço Real a D. João II

Outros Locais:
Miradouro de Vale do Paraíso
lindas vistas panorâmicas.
Coletividades:
Associação de Caçadores de Vale do Paraíso; Associação de Desporto e Recreio "O Paraíso" - Banda de Música ADR "O Paraíso"; Associação Centro de Dia da 3ª Idade Nossa Senhora do Paraíso; Confraria de Nossa Sr.ª do Paraíso; Rancho Folclórico Danças e Cantares de Vale do Paraíso
Sopa de cardos;
Açordão com bacalhau assado;
Arroz de cachola;
Bolo de noiva (a ferradura).

Gastronomia
Torricado
Ingredientes:

Pão caseiro (de 2 dias anteriores)
Bacalhau
Azeite
Alho
Sal
Modo de Preparo:

1. Corta-se o pão ao meio e, nas duas metades, corta-se o miolo em pequenos quadrados.
2. Seguidamente, põe-se o pão a torrar na brasa.
3. Quando estiver lourinho, esfregam-se os dentes de alho em todo o pão, muito bem esfregado, espalhando depois azeite em todo o pão, de modo a ensopá-lo.
4. Por fim, deitam-se uma pedrinhas de sal grosso. Leva-se o pão novamente ao lume e só se retira quando se ouvir o azeite a chiar (poucos segundos).

5. Coloca-se uma posta de bacalhau a assar, desfia-se, temperando com azeite e alho, e fica pronto a servir com o Torricado.

Sopa de Cardos
Ingredientes:
Feijão
Azeite
Cardos
Cebola
Alhos
Louro
Pimenta
Salsa
Sal q.b.
Modo de Preparo:
1. Coze-se o feijão.
2. Entretanto faz-se um refogado com cebola, alho, louro, salsa, pimenta e sal.
3. Assim que o refogado estiver feito, deita-se o feijão e o caldo.
4. Quando estiver a ferver deitam-se os cardos, deixa-se cozer e retifica-se o sal.
Cachola
Ingredientes:
Gordura de porco
Cachola do porco
Azeite
Cominhos
Colorau
Sal
Pimenta ou piri-piri
Cebola
Salsa
Louro
Vinho tinto
Modo de Preparo:
1. Coloca-se a gordura do porco junto com o azeite no fundo de um tacho a derreter, junta-se a parte mais mole da cachola (pulmões) e de seguida a parte mais dura (fígado).
2. Tempera-se com cominhos, colorau, sal, piri-piri ou pimenta, e vai-se mexendo.
3. De seguida adiciona-se a cebola picada, um ramo de salsa, o louro e vai-se refrescando com vinho tinto.
4. Finalmente, pode juntar batatas partidas aos quartos ou cozê-las em separado.
5. Antigamente, havia quem pusesse uma ou duas colheres de sangue do porco, imediatamente antes de servir.
Bolo de Ferradura
Ingredientes:
Farinha
Açúcar
Manteiga
Casca de limão
Sal
Fermento em pó
Soda
Modo de Preparo:
1. Num alguidar, juntam-se todos os ingredientes e amassam-se manualmente.
2. Depois de levedar um pouco, a massa é tendida em forma de ferradura e levada ao forno a cozer.

2 comentários:

  1. Boa tarde,

    Em primeiro ligar gostaria de lhe dar os parabéns pelo seu blog mas gostaria também de lhe solicitar um email para lhe enviar algmas fotos para substituir neste post, uma vez que algumas fotos nada têm a ver com a nossa freguesia.
    Obrigada

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