rEGIÃO CENTRO
SUB REGIÃO BAIXO VOUGA
DISTRITO AVEIRO
CIDADE AVEIRO
Freguesia Santa Joana
Heraldica
Criada em 1993, publicada no Diário da República III Série Nº 13 em 17/01/1994, a heráldica da freguesia de Santa Joana carrega toda uma simbologia que, na sua quase totalidade, nos remete para a vida virtuosa da excelsa princesa que dá o nome à comunidade que sob a sua égide se institui.
Apesar de se tratar de um símbolo identificativo e representativo desta freguesia em qualquer parte do país ou do mundo, a preocupação primária assentou na criação de uma insígnia que, acima de qualquer finalidade, espelhasse um sentir no qual o povo de Santa Joana se reconhecesse, perpetuando, consequentemente, a história de um lutar coletivo.
A simplicidade resultante da conjugação harmoniosa dos elementos que dão corpo à heráldica desta freguesia é a tónica predominante na mesma, sendo, por sua vez, a característica que melhor retrata a vida daquela que inspirou a sua concepção. Nascida em berço de ouro, preferiu uma mão cheia de nada a viver uma vida abastada, entre o luxo dos seus aposentos reais. Tudo pelo seu amor sublime a Deus e aos outros. Este é o invulgar exemplo de abnegação, de renúncia às vaidades do mundo e de profunda devoção à paixão de Cristo, registado na memória de cada habitante de Santa Joana e também no brasão da freguesia.
A bandeira, esquartelada em branco e preto, alude, desde logo, à ordem dominicana na qual ingressou a ínclita princesa, aquando da sua chegada à então vila de Aveiro, retratando as cores patentes na indumentária usada pelas irmãs conventuais do Mosteiro de Jesus. A coroa de espinhos, por sua vez, “porque era o símbolo devocional da Princesa Santa Joana à paixão de Cristo, significa que não apenas o nome da freguesia, mas ainda o seu pensamento vai para aquela que, deixando Lisboa e a corte, veio viver para Aveiro, onde faleceu e foi tumulada”. As três coroas invocam a referência, segundo narra a história, aos três casamentos reais preteridos pela princesa, designadamente com um príncipe português, espanhol e britânico, em prol da sua entrega a uma vida claustral, ao serviço de Deus. A cor vermelha que pinta o fundo do escudo simboliza, inequivocamente, esse amor incondicional à vida espiritual, aos pobres e oprimidos e às grandes causas.
A este conjunto de elementos junta-se um outro grupo que concretiza a autonomia administrativa da freguesia de Santa Joana. Com efeito, se, no seio do escudo vermelho, nos deparamos com os cinco escudetes da nossa bandeira nacional, os quais identificam, claramente, Santa Joana como uma autarquia localizada em terreno lusitano, a coroa mural, que sustenta três imponentes torres de castelo, reconhece, por sua vez, a categoria de freguesia.
Por último, a legendar todo o brasão encontra-se o listel que ostenta o nome da freguesia, assim como a referência ao concelho a que pertence.
A bênção deste leque de elementos que corporiza a heráldica da freguesia de Santa Joana, identificando-a em qualquer canto do mundo, ocorreu, no dia 14 de Novembro de 1994, numa missa solene, presidida pelo padre Adérito Abrantes.
Mais do que meras insígnias, a bandeira e o brasão desta parcela citadina encerram a alma de uma comunidade, um pensamento partilhado por cada um, solidificado dia após dia, inscrevendo-se numa convergência de vontades, na partilha de ideais e na união de forças, mas, acima de tudo, no amor inextinguível pela sua terra.
NASCIMENTO DA FREGUESIA
Nascia o ano de 1985 quando Aveiro abria as suas portas à mais jovem freguesia do aro urbano. Após uma longa e árdua caminhada, intercalada por momentos de algum desalento, emergente de condicionalismos de vária natureza, mas sempre pautada por um querer popular irredutível, o crescente tecido humano, até então disperso administrativamente pelas freguesias de Esgueira, São Bernardo, Glória e Vera Cruz, era desanexado destes locais, aglutinando-se sob uma mesma identidade: Santa Joana. Além de símbolo de unidade colectiva, a igreja matriz ocupa um lugar de relevo na história da criação desta comunidade. Com efeito, se, num primeiro momento, este templo simboliza a conquista da autonomia religiosa, avidamente procurada e sobremaneira justificada, o desejo de lutar pela independência administrativa começou a ganhar contornos reais a partir da sua edificação.
A história remonta aos inícios da década de 60. O índice demográfico aumentava a olhos vistos nos lugares que hoje dão corpo à freguesia de Santa Joana, o que dificultava a prestação de uma assistência religiosa condigna. A esta realidade acrescia o facto intolerável de pessoas que conviviam nas mesmas ruas pertencerem a paróquias diferentes, distribuídas pelas freguesias religiosas de Esgueira, Glória e Vera Cruz. A solução passava, pois, por agregar estas gentes numa mesma paróquia, conferindo-lhes autonomia religiosa.
Agora, todos os esforços estavam direccionados para a concretização da mais nobre aspiração colectiva, e da qual dependeria a criação definitiva da novel divisão eclesiástica: a edificação do templo paroquial.
Decidida a sua localização no lugar da Quinta do Gato, num terreno de um improvisado antigo campo de futebol, seguia-se um longo e árduo caminho que, a percorrer, exigiria o empenho incondicional de todos. Apercebendo-se de que na união se encontrava a força, os vários aglomerados populacionais deram as mãos, muniram-se de alento e, entregando-se afincadamente à tarefa a que se propuseram, organizaram as mais variadas actividades destinadas à angariação de fundos para a compra do terreno e a construção da igreja matriz. Ninguém ficava indiferente a tão digna missão, caminhando-se, consequentemente, para uma crescente compreensão mútua e um reforço do sentido comunitário das várias populações.
Depois de diligências várias, desenvolviam-se todos os esforços para a criação da tão almejada circunscrição eclesiástica. A inexistência, porém, de uma igreja local, capaz de servir cabalmente as práticas religiosas, levou o então Bispo de Aveiro, D. Manuel de Almeida Trindade, a decretar a erecção provisória de um Vicariato, ou Reitoria Paroquial, o qual adoptaria o título de Santa Joana Princesa, nome pronunciado a uma só voz.
A mudança introduzia-se lentamente, movida pela memória de Santa Joana. Todavia, o futuro ainda permanecia incerto.
Agora, todos os esforços estavam direccionados para a concretização da mais nobre aspiração colectiva, e da qual dependeria a criação definitiva da novel divisão eclesiástica: a edificação do templo paroquial.
Decidida a sua localização no lugar da Quinta do Gato, num terreno de um improvisado antigo campo de futebol, seguia-se um longo e árduo caminho que, a percorrer, exigiria o empenho incondicional de todos. Apercebendo-se de que na união se encontrava a força, os vários aglomerados populacionais deram as mãos, muniram-se de alento e, entregando-se afincadamente à tarefa a que se propuseram, organizaram as mais variadas actividades destinadas à angariação de fundos para a compra do terreno e a construção da igreja matriz. Ninguém ficava indiferente a tão digna missão, caminhando-se, consequentemente, para uma crescente compreensão mútua e um reforço do sentido comunitário das várias populações.
Numa entrevista concedida ao jornal “Comércio do Porto“, no dia da instituição do Vicariato, o reitor nomeado, Padre Adérito Rodrigues Abrantes, tecia o seguinte comentário laudatório a propósito das suas gentes: “É um povo humanamente bom, muito generoso (…) É muito brioso, fazendo sacrifícios verdadeiramente heróicos, quando se trata de alguma iniciativa para engrandecer a sua terra. O caso da igreja por que todos anseiam é um exemplo típico e se forem capazes de manter o ideal que actualmente os anima, num futuro não muito distante verão o templo edificado.”.
Com efeito, a convicção patente nas palavras do reitor não demoraria a ser confirmada.
No emblemático dia 30 de Julho de 1972, data do 500º aniversário da chegada da Princesa Santa Joana à sua “pequena Lisboa”, era benzida a primeira pedra da igreja que serviria a população da jovem circunscrição canónica. A alegria deste dia memorável foi testemunhada e partilhada pela presença de várias individualidades, dentre as quais o então Presidente da Câmara Municipal de Aveiro, Dr. Artur Alves Moreira.
Decorridos apenas alguns meses, em Novembro seguinte, iniciava-se a construção dos alicerces pelas mãos voluntárias da população. Mais do que a criação da estrutura que susteria a obra, esta acção conjunta perpetuava a solidez da unidade religiosa e social do aglomerado populacional envolvido. Cada pedra colocada encerrava em si a possibilidade, cada vez mais real, de ver edificado um templo que traduziria a identidade de um povo unido sob a égide de Santa Joana.
Decorridos apenas alguns meses, em Novembro seguinte, iniciava-se a construção dos alicerces pelas mãos voluntárias da população. Mais do que a criação da estrutura que susteria a obra, esta acção conjunta perpetuava a solidez da unidade religiosa e social do aglomerado populacional envolvido. Cada pedra colocada encerrava em si a possibilidade, cada vez mais real, de ver edificado um templo que traduziria a identidade de um povo unido sob a égide de Santa Joana.
Entregue a empreitada, crescia a passos largos a obra que dava corpo ao projecto elaborado pelo conceituado arquitecto Luís Cunha, e aprovado pela Comissão Diocesana de Arte Sacra, em Abril de 1972.
Após um longo período de dedicação e de entrega, intercalado por superáveis momentos de algum esmorecimento, eis que nasce a tão almejada obra, fecunda, exterior e interiormente, em motivos alusivos à vida da eminente Princesa Santa Joana. Inaugurada, solenemente, em 19 de Setembro de 1976, este dia de júbilo ficaria marcado pela bênção litúrgica e pela tomada de posse do seu primeiro pároco, Padre Adérito Rodrigues Abrantes, cuja missa inaugural presidia.
Após um longo período de dedicação e de entrega, intercalado por superáveis momentos de algum esmorecimento, eis que nasce a tão almejada obra, fecunda, exterior e interiormente, em motivos alusivos à vida da eminente Princesa Santa Joana. Inaugurada, solenemente, em 19 de Setembro de 1976, este dia de júbilo ficaria marcado pela bênção litúrgica e pela tomada de posse do seu primeiro pároco, Padre Adérito Rodrigues Abrantes, cuja missa inaugural presidia.
Estavam, assim, criadas todas as condições para que o até então vigente Vicariato adquirisse carácter definitivo, tendo sido erigido em paróquia eclesiástica, neste mesmo dia.
A partir de então, e dado o espírito comunitário já enraizado nas populações pertencentes à Paróquia de Santa Joana Princesa, pensou-se, desde logo, na procura da autonomia administrativa. Com efeito, depois de criada a freguesia religiosa, não fazia qualquer sentido que a barreira administrativa impusesse a separação de populações vizinhas.
O percurso legislativo, iniciado nos finais da década de 70, viria a revelar-se moroso e sofrido, devido, essencialmente, às reformulações políticas em curso, desencadeadas pela recente eclosão do 25 de Abril.
O então deputado Carlos Candal fora o primeiro a concentrar em si a aspiração do povo, fazendo chegar à Assembleia da República o Projecto de Lei que fundamentava a pretensão popular. Tardava, porém, a apreciação deste documento por parte do Parlamento. Subscritos mais dois Projectos de Lei, sob os números 389/I e 244/II, pelo mesmo deputado, a luz ao fundo do túnel persistia em manter-se apagada.
Não obstante as tentativas fracassadas, o querer da população afirmava-se cada vez mais como um baluarte irredutível. Habituado a ter de lutar com tenacidade pelos seus objectivos, o povo soube transformar as barreiras que teimavam em manter-se imóveis em ânimo, nunca deixando que elas o derrubassem.
Assim, e porque a perseverança acaba sempre por ser recompensada, em 1983, aquando da eleição de uma nova Assembleia da República, surge novamente a oportunidade de ser reaberto o processo até então adormecido, mas não esquecido. Desta vez, foi Custódio Ramos, deputado e Vereador, que, solicitado por um grupo de moradores da paróquia de Santa Joana, renovou a esperança no coração da população local ao apresentar, na Assembleia da República, o projecto de lei já reformulado.Desta vez, Santa Joana velava pelo desfecho feliz deste sinuoso percurso. Com efeito, em 30 de Novembro de 1984, a Assembleia da República punha fim ao processo legislativo, decretando a criação da freguesia de Santa Joana, por força da Lei nº 63/84, de 31 de Dezembro, para entrar em vigor em 1 de Janeiro de 1985.
Iniciava-se, desta forma, um novo ciclo na vida de toda esta gente que, a partir de então, adquiria um novo elo de união e uma identidade colectiva há tanto tempo procurada. O futuro a elas pertencia. Tudo e nada era quanto existia na novel comunidade de Santa Joana: pobre exteriormente, mas de uma riqueza interior inestimável, traduzida na força, na persistência e no trabalho produtivo que caracterizava aqueles que lhe davam alma.
O programa repete-se em cada festividade. Cumpre-se a parte religiosa, na qual se celebra a missa, se faz a oração da tarde e se satisfazem promessas; o resto do dia é dedicado ao convívio e arraial.
Estes pedaços de vida patrimonial continuam, com efeito, a ser um dos poucos locais de encontro onde a tradição se foi mantendo ao longo dos tempos. Ainda que o tradicional espírito festivo se tenha desvanecido, pois, hoje, já não se aguarda com a expectativa de outrora a chegada do dia da festa, a devoção permanece intacta, arrastando sempre um considerável número de devotos.
Patrimonio Religioso
Dentre os edifícios com especial valor histórico, os religiosos são aqueles que detêm a primazia nesta freguesia periférica da cidade de Aveiro.
De pequena envergadura, tal como lhes é característico, a capela de São Geraldo, a capela de São Romão e a capela de São Brás continuam a ser local de encontro anual, mantendo viva a saudável tradição de reunir pessoas vindas de diferentes locais para, em dia de festa, venerarem o seu santo predilecto.
Situada na Quinta do Torto, esta rústica casa de trabalho outrora ao serviço do moleiro denuncia a magia de velhos actos que importa não perder nesta correria desenfreada em direcção ao progresso, sob pena de se ir apagando a história e a identidade genuína de um povo.
São estes vestígios que continuam, no presente, a dar vida a um passado indelével. Fontes e tanques
Para além de imóveis de cariz religioso, a freguesia de Santa Joana conserva outros bens patrimoniais, que também eles são dignos de nota.
As fontes da Quinta do Torto, da Rua da Fonte, da Rua de S. Brás e da Azenha atestam hoje a passagem dos tempos, quer pela sua altivez decadente, quer pelo silêncio que as isola.
Os tanques irmãmente instalados nos braços das fontes, oferecem ainda hoje, um recôndito local procurado por muitos, para darem continuidade à tradição que envolve a limpeza e tratamento das vestes.Atualmente, e enquanto aguardam a chegada da festividade anual, estes espaços de culto religioso funcionam também como capelas funerárias, servindo a população dos respectivos lugares.
A estes edifícios religiosos de outras épocas, de outros gostos, opõe-se a construção, em moldes modernos, da emblemática igreja matriz, inspirada “nas antigas basílicas bizantinas, tanto pela grandeza do espaço interior aberto, como pela configuração externa dos anexos e ainda pelo movimento dos telhados em forma ogival, que se entrelaçam e combinam harmoniosamente uns com os outros”.
Dedicado à Padroeira da freguesia, este edifício, mais do que um valor patrimonial, arrebata um particular sentir, dada a sua importância na história da criação da freguesia.
Projetada pelo conceituado arquiteto portuense, Luís Cunha, e construída de raiz nos anos de 1972-1976, a igreja matriz respira, também esteticamente, a vida de Santa Joana.
De fato, na génese da união de uma comunidade, até então dispersa por freguesias limítrofes, encontra-se cada pedra e cada tijolo que lhe dão forma. Foi sob a égide de Santa Joana que povos provenientes de lugares diversos delinearam uma vontade e a transformaram num espaço sagrado.
Porém, todo o cenário que ilustra a vida virtuosa da excelsa Beata só ficou completo, quando a comunidade de Santa Joana pôde acolher a estátua da Princesa. Depois de ter permanecido durante vários anos junto ao Museu de Aveiro, e na sequência da realização de obras de requalificação urbanística na mesma zona, a imagem da Santa Princesa foi transferida para a freguesia que a recebeu como Padroeira.
A cerimónia da trasladação e da inauguração da imagem ocorreu no dia 4 de Novembro de 2001. Depois da missa dominical e de uma oração a Santa Joana, escrita pelo antigo bispo de Aveiro, D. João Evangelista Lima Vidal, o largo fronteiro à casa edificada em seu nome explodiu de alegria, aquando do emblemático ato de descerramento. Além de símbolo vivo no coração da comunidade de Santa Joana, tornava-se agora presença corpórea, passível de ser contemplado cada traço do seu rosto, pronto a ouvir o desabafo íntimo de cada um e a reconfortá-lo com o seu olhar transparente.
Azenha
Situada na Quinta do Torto, esta rústica casa de trabalho outrora ao serviço do moleiro denuncia a magia de velhos atos que importa não perder nesta correria desenfreada em direcção ao progresso, sob pena de se ir apagando a história e a identidade genuína de um povo.
São estes vestígios que continuam, no presente, a dar vida a um passado indelével.
Fontes e tanques
Para além de imóveis de cariz religioso, a freguesia de Santa Joana conserva outros bens patrimoniais, que também eles são dignos de nota.
As fontes da Quinta do Torto, da Rua da Fonte, da Rua de S. Brás e da Azenha atestam hoje a passagem dos tempos, quer pela sua altivez decadente, quer pelo silêncio que as isola.
Os tanques irmãmente instalados nos braços das fontes, oferecem ainda hoje, um recôndito local procurado por muitos, para darem continuidade à tradição que envolve a limpeza e tratamento das vestes.A capela de São Brás, intervencionada, pela derradeira vez, em 1997, ano em que foi ampliada, sofreu profundas remodelações na década de 60, século XX, as quais incluíram a construção da segunda torre sineira, que se ergue do lado esquerdo.
Datada dos meados ou finais do século XVII, segundo imprecisas e escassas referências, esta ermida ergue-se, hoje, imponentemente na Quinta do Gato, convivendo lado a lado com a rua que absorveu o nome do orago.
Com efeito, dentre as restantes capelas, esta destaca-se quer pelas suas superiores dimensões quer pelo ar igrejeiro que ostenta.
Guarnecida interiormente de azulejos em tons de azul, estes apenas se vislumbram, exteriormente, na fachada principal. As paredes laterais e a traseira encontram-se caiadas de branco. A cor amarelo-torrado delineia cada aresta exterior do edifício, dando relevo às linhas rectas que o moldam, assim como aos geométricos contornos das janelas e portas externas. No alto, albergados por uma das duas torres sineiras que se erguem em cada um dos lados da entrada principal, estão os sinos, prontos a espalhar o som festivo pela comunidade.
Dentro da capela, um sublime arco imitando uma ogiva angular de estilo românico-gótico separa a capela-mor da assembleia.
Quem entra pela porta principal, os olhos recaem de imediato sobre um crucifixo em tamanho grande que ocupa a parte central da parede, acompanhado por uma imagem do Sagrado Coração de Maria. A pedra do altar-mor, em formado rectangular, protegida por imaculadas toalhas, complementa este espaço sacro. O presbitério dá ainda passagem, pelo seu lado esquerdo, para duas dependências: um espaço onde a população pode assistir à cerimónia e a sacristia, onde são cuidadosamente guardados paramentos antiquíssimos.
Já no corpo principal do templo, dois nichos colaterais acolhem as imagens de São Brás e de Nossa Senhora da Piedade, os dois santos que, em datas diferentes, o primeiro no dia 3 de Fevereiro, ou no primeiro domingo do mês, e o segundo cerca de duas semanas após a Páscoa, chamam até si os devotos.
Sendo São Brás o milagreiro das moléstias de garganta, mantém-se a tradição de lhe ofertar diversas peças em cera, ou simplesmente dádivas em dinheiro, a fim de agradecer as graças prestadas ou pedir pela sua intercessão.
A estes edifícios religiosos de outras épocas, de outros gostos, opõe-se a construção, em moldes modernos, da emblemática igreja matriz, inspirada “nas antigas basílicas bizantinas, tanto pela grandeza do espaço interior aberto, como pela configuração externa dos anexos e ainda pelo movimento dos telhados em forma ogival, que se entrelaçam e combinam harmoniosamente uns com os outros”.
Dedicada à padroeira da freguesia, Santa Joana, este edifício, mais do que um valor patrimonial, arrebata um particular sentir, dada a sua importância na história da criação da freguesia.
De facto, na génese da união de uma comunidade, até então dispersa por freguesias limítrofes, encontra-se cada pedra que lhe dá forma. Foi sob a égide de Santa Joana que povos de origem diversa delinearam uma vontade e a transformaram num contemporâneo espaço sagrado.
Projectada pelo conceituado arquitecto portuense, Luís Cunha, e construída de raiz entre 1972 e 1976, a igreja matriz respira, também esteticamente, a vida de Santa Joana.
Nos tímpanos da fachada principal, encontramos, esculpidas na massa de cimento, duas imagens que aludem de forma inequívoca a dois momentos cruciais da vida da princesa: a sua tomada de hábito e o fim da sua vida. O primeiro, reproduzido no tímpano da esquerda, retrata uma comovente cena que se reveste de particular significado, uma vez que assinala a sua renúncia ao mundo principesco, para se entregar a um reino superior: à paixão de Cristo. O relevo dado à tesoura é propositado, simbolizando a mesma o corte com o mundo terreno. O tímpano da direita retrata o pesar da sua morte, manifestado pelo murchar e desfolhar das árvores e flores. Um acontecimento arrepiante, em que a própria natureza quis dar provas da sua dor.
Entre estas duas cenas, surge no centro da fachada a figura central de Cristo, “o Senhor do Universo”, circundado, do lado esquerdo, por uma Mão e, do lado direito, por uma Pomba. Os três elementos a simbolizarem a Santíssima Trindade.
Ainda na parte frontal da igreja matriz, ergue-se, ligeiramente posposta, uma esbelta torre sineira.
No interior, o “espaço sagrado tem na parede do fundo, à direita de quem entra, um grande vitral, em forma de rosácea, de vidros policromados, a iluminar o sacrário, que lhe fica defronte; do lado esquerdo há mais cinco pequenas rosáceas, dispostas em forma de cruz gregal. Os vidros policromados não só não ferem a vista como quebram a austeridade da larga parede de fundo cujo único tratamento foi o assim chamado “chapisco de côdea”.
Uma vez dentro do templo, um políptico, na parede do fundo, alude novamente a Santa Joana. Ao seu mais célebre retrato, colocado no centro, circundam-no outras cenas da sua vida, para além das duas supramencionadas.
Uma delas foca o sonho tido por Santa Joana, através do qual soube que um seu pretendente, Ricardo III de Inglaterra, acabava de morrer numa batalha. “O painel que temos diante dos olhos refere-se ao diálogo entre os dois irmãos qual deles o mais tenaz na sua própria decisão. O sonho da Santa Princesa é representado em ponteado pela figura de um cavaleiro a cair abaixo da sua montada.”
A ria surge no painel de cima, à direita, representando a sua infestação, no século XV, pelas epidemias, mormente a peste, esta ilustrada por umas terríveis garras. Por várias vezes, Santa Joana teve de abandonar Aveiro a mando do pai e dirigir-se para locais saudáveis, contra a sua vontade.
Por último, este políptico retrata ainda a devoção da princesa à paixão de Cristo. As duas mãos a segurar a coroa de espinhos encerram em si toda a grandeza de sentimento desta santa mulher. “A coroa de espinhos era suficiente para evocar todo o drama da Paixão e lembrar aos devotos e admiradores da Santa Princesa que foi em troca desta coroa de espinhos que ela pôs de parte o seu diadema real”.
Todo este cenário que pretende relembrar a cada um dos presentes este extraordinário exemplo de humildade e de completo desapego aos bens materiais em prol de um amor mais puro só ficou completo quando a comunidade de Santa Joana pode acolher a estátua da princesa. Depois de ter permanecido durante vários anos junto ao Museu de Aveiro, e na sequência da realização de obras de requalificação urbanística na mesma zona, a imagem da santa princesa foi transferida para a freguesia que a recebe como padroeira.
A cerimónia de inauguração da imagem ocorreu no dia 4 de Novembro de 2001. Depois da missa dominical e de uma oração a Santa Joana, escrita pelo antigo bispo de Aveiro, D. João Evangelista Lima Vidal, o largo fronteiro à casa edificada em seu nome explodiu de alegria aquando do emblemático acto de descerramento. Além de símbolo vivo no coração da comunidade de Santa Joana, tornava-se agora presença corpórea, passível de ser contemplado cada traço do rosto, pronto a ouvir o desabafo íntimo de cada um e a reconfortá-lo com o seu olhar transparente.
Voltemo-nos agora para a capela de São Romão. Além de dimensões mais reduzidas do que as anteriores, esta exibe uma arquitectura mais pobre, mas de singular beleza artística.
O seu interior acolhe um pequeno altar do lado direito do qual se encontra o coro, onde se entoam os cânticos dedicados ao santo. Estrategicamente dispostas por trás do altar-mor e também na parte posterior deste, encontram-se as imagens de Nossa Senhora de Fátima, de Santo António e de São Romão.
Esta capela, apesar de confinar com a estrada, orla-a um pátio que, refrescado de Verão pela sombras de algumas árvores, oferece à população um pacato espaço de lazer. Este recanto é sabiamente aproveitado nos dias de festividade em honra do santo invocado como protector dos cães, onde ainda se degusta a merenda trazida de casa.
A festa de São Romão era, aliás, conhecida como a das merendas. Todavia, já lá vão os tempos em que a tradição mandava que as pessoas trouxessem o seu farnel e que, espalhados pelo pinhal que confrontava com a referida capela, o saboreassem, partilhando-o com conhecidos e desconhecidos.
O programa repete-se em cada festividade. Cumpre-se a parte religiosa, na qual se celebra a missa, se faz a oração da tarde e se cumprem promessas, e o resto do dia é dedicado ao convívio, no qual marca presença a indispensável música popular e as barracas, onde são vendidos deliciosos doces e os brinquedos que cativam os mais pequenos. Como não há festa que se preze sem fogo de artifício, não são esquecidos os estridentes foguetes, encarregados de testemunhar o ambiente festivo que se vive.
Estes pedaços de vida patrimonial continuam, com efeito, a ser um dos poucos locais de encontro onde a tradição se foi mantendo ao longo dos tempos. Ainda que o tradicional espírito festivo se tenha desvanecido, pois, hoje, já não se aguarda com a expectativa de outrora a chegada do dia da festa, a devoção permanece intacta, arrastando sempre um considerável número de devotos.
Nos dias de hoje, estes espaços de culto religioso funcionam também como capelas funerárias, servindo a população dos respectivos lugares.
Festa de São Geraldo
Segundo os parcos registos, subjacente à construção da Capela de São Geraldo, Arcebispo de Braga, esteve a arreigada devoção que Francisco Costa e sua esposa, Teresa de Jesus, tinham por este santo, “a quem chamavam São Geraldinho”.
A longa caminhada que tinham de percorrer para cumprir as suas promessas e venerar o santo que lhes alimentava a alma impeliu-os a mandar erigir, na sua propriedade, um pequeno templo para aí realizarem os seus actos cultuais.
Lá, no primeiro domingo do mês de Outubro, data que se manteve até aos dias de hoje, realizava-se uma pequena festa em honra de São Geraldo, segundo a tradição, protector das crianças e das doenças mentais, à qual rumava um significativo número de peregrinos.
Porém, dada a exiguidade do espaço, tornava-se impossível a celebração de uma missa, apenas se “cantava uma ladainha e se rezavam algumas orações. [Sempre que havia sermão, pregava-se] num improvisado púlpito, colocado à entrada da capela”.
A fragilidade dos alicerces deste pequeno templo não demoraria a dar provas da sua robustez decadente. Em 1882, encontrando-se num estado de iminente desmoronamento, um filho do casal, Padre Francisco da Costa Júnior, coadjuvado pelos seus irmãos, mandou reconstruir a ermida, dotando-a de maiores dimensões.
Esta foi uma das reformas à qual foi submetida a primitiva capela. Ignora-se se outras, entretanto, lhe sucederam.
Hoje, e depois da última intervenção datada de 1999, cujas obras foram custeadas por fundos conseguidos graças à cooperação dos habitantes de Santa Joana, que não hesitaram em organizar os mais diversos eventos para tal, a capela de São Geraldo, sita no lugar da Presa, apresenta-se totalmente remodelada. Revestida, interior e exteriormente, por azulejos típicos da região de Aveiro, pintados em tons de azul, dão-lhe forma linhas rectas, harmoniosamente conjugadas com pequenas aberturas frontais e laterais que terminam num arco ogival de estilo românico, assim como a porta principal.
Do seu lado direito, ergue-se uma torre rectangular com uma abertura em cada um dos lados que segue as linhas da entrada principal, deixando a descoberto os altivos sinos.
No seu interior, encontramos a capela-mor, ornada em talha dourada e em azul, que sustenta a imagem do Menino Jesus de Praga, o Sagrado Coração de Jesus, a Nossa Senhora da Piedade e São Geraldo, “com as suas vestes prelaticias, mitra na cabeça, livro aberto na mão esquerda e cruz arquiepiscopal na mão direita”. Este retrato exibe-o a fachada principal, pintado em azulejos, tendo por baixo um letreiro com o seguinte dizer: “Oferecido com a ajuda do povo deste lugar e a Comissão de Festas, em 1954”.
Na parte da assembleia, e a poucos passos do altar, erguem-se dois nichos, um de cada lado, que ostentam a imagem de Nossa Senhora de Fátima e de Santo António. A dar cor a este singular quadro sagrado estão as jarras de flores multicolores, habilmente dispostas. No fundo, e a pouca distância do tecto, eleva-se o coro.
Gastronomia
cozido à portuguesa
Ingredientes:
Carne de vaca
Meia galinha
1 pé de porco, entrecosto, chispe
Presunto, chouriço, farinheira, salpicão
Toucinho salgado, bacon
Orelheira fresca e fumada
Couve portuguesa (penca) ou coração
Cenouras, batatas, nabos
Sal e azeite
Confecção:
1. Numa panela grande coza em água todas as carnes.
2. Aquelas que forem salgadas devem ficar de molho umas horas, só depois se podem pôr a cozer.
3. Regue a água da cozedura com um fio de azeite e tempere a gosto.
4. Por ordem de cozedura mais rápida, vão-se tirando os enchidos, depois as carnes de porco, e só no fim, depois de bem cozida, a carne de vaca.
5. Nesta água de cozer as carnes, meta os legumes já mencionados no início.
6. Quando cozidos, retire a panela do lume, deixando os legumes dentro.
7. Para servir, corte as carnes, disponha numa travessa com os respectivos legumes.
8. Acompanha feijão branco cozido, cozido na água dos legumes, e arroz de forno ou branco.
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leitão à bairrada
Ingredientes:
1 leitão com cerca de 3 kg
alhos pisados
sal grosso
bastante pimenta
banha
1 ramo de salsa
Confecção:
1. Depois de morrto, mergulha-se o leitão em água a ferver e raspa-se com uma faca, esfregando com um pano áspero para lhe tirar os pelos.
2. Em seguida lava-se muito bem.
3. Abre-se e retiram-se as tripas.
4. Lava-se novamente, pendura-se num prego e deixa-se secar durante quatro horas.
5. Enfia-se o leitão num espeto e barra-se por dentro com a mistura de banha, dentes de alho pisados, sal e pimenta, sendo cheio com o molho por dentro.
6. Coze-se o porco com agulha e fio de cozinha enquanto se aquece o forno de cozer pão.
7. Mete-se o leitão no forno, colocando-se por baixo o recepiente para recolher a gordura que escorre.
8. De meia em meia hora, retira-se o leitão do forno e passa-se com um pano na pele, para limpar o excesso de gordura.
9. Chama-se a isto "constipar" o leitão.
10. Ao tirar o leitão e limpá-lo, este sofre um choque frio, o que vai levar a que o assado fique com a pele dura e estaladiça.
11. O tempo de cozedura varia entre 3 a 4 horas.
12. Depois de assado retira-se do espeto, escorre-se o molho e dispõe-se numa travessa e serve-se bem quente enfeitado com rodas de laranja e alface.
13. Acompanha-se com batatas fritas.
leite creme
Ingredientes:
200 gr de açúcar
6 gemas de ovo
1 lt de leite
3 colher (sobremesa) de farinha maizena
Confecção:
1. Junte as 6 gemas de ovo, o açúcar, a farinha e misture muito bem.
2. Depois junte o litro de leite a ferver, mexendo muito bem.
3. Passe tudo por um passador e leve ao lume a engrossar.
4. Ponha numa travessa ou em formas individuais e, depois de frio, cubra de açúcar caramelizado ( ou polvilhe com açúcar e
5. queime-o com um ferro em brasa
bolo de pão de ló
Ingredientes:
18 gemas
4 claras
250 gr de açúcar
60gr de farinha de trigo
Confecção:
1. Batem-se os ovos com o açúcar.
2. Depois de bem batidos (30 minutos) junta-se a farinha e vai a cozer durante 30 minutos numa forma de barro.
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