segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

JOSÉ DURO - 1875-1919


José Duro - Poeta-revelação de alto talento, muito inspirado.

Morreu tuberculoso, como Júlio Diniz, Soares de Passos, Antônio Nobre, Cesário Verde, Guilherme Braga,
 e muitos outros poetas portugueses.

Seu único livro, "Fel", foi publicado poucos dias antes de sua morte. Livro de dor profunda.
 
Admiremos um de seus sonetos, bastante realista:
 
Margarida Gautier, o teu amor assombra;
teu corpo é um bordel; mas a tua alma é chama.
 E a flor também se dá num pântano de lama,
 como em qualquer jardim ou em qualquer alfombra.
 
Embriaga-me o sol; mas gosto mais da sombra,
por que o sol não me escuta, e a sombra é que me chama...
E eu, que desprezo tudo, eu amo só quem ama,
 amo talvez a dor que o meu olhar ensombra.
 
Para que um astro brilhe, é necessária a noite;
 porém, estrelas há que antes que o sol se acoite,
 já elas, pelo azul, desfolham malmequeres.
 
Assim, o teu amor, estranhamente raro,
rasgando a podridão em pleno dia claro,
 mostrou que tinhas alma às almas das mulheres!

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