canção do mar
o teu retraio transita de solidão em solidão
é como uma corda abandonada no interior de um barco
que serve a tripulação quando encalha
e serve ao marinheiro
que vai criando canções para ti
enquanto as vagas se despenham na quilha
o sol avança pela proa
escrevo
deixo embebedar-me pelo cheiro
tenho medo de não mais conhecer
o cio da noite
mas o retraio permanece em todas as luas
nas solidões tatuadas pelo frio
enquanto escrevo canções
acompanho o assobio das ilhas
uma a uma mergulhadas na chama
que ilumina os umbrais da noite
as palavras não adiantam o sonho
atrasam a tribo de alcançar o sol
são arrastadas pelo mar
por isso o quadrante da minha viagem
não tem constelações nem pautas
por onde se guie
mas canto assim mesmo
junto ao teu retraio
é a única brancura
que encontro e me repousa
M. PARISSY
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