ESPECTROS
Espectros que velais, enquanto a custo
Adormeço um momento, e que, inclinados
Sobre os meus sonos curtos e cansados,
Me encheis as noites de agonia e susto!
De que me vale a mim ser puro e justo,
E entre combates sempre renovados
Disputar dia a dia à mão dos Fados
Uma parcela do saber augusto,
Se a minha alma há-de ver, sobre si fitos,
Sempre esses olhos trágicos, malditos!
Se até dormindo, com angústia imensa,
Bem os sinto verter sobre o meu leito,
Uma a uma verter sobre o meu peito
As lágrimas geladas da descrença!
ANTERO DE QUINTAL
Nenhum comentário:
Postar um comentário