segunda-feira, 3 de outubro de 2011

MANUEL ALEGRE - O PRIMEIRO SONETO DO PORTUGUES ERRANTE

O primeiro soneto do Português Errante
Eu sou o solitário o estrangeirado
o que tem uma pátria que já foi
 
e a que não é. Eu sou o exilado
 
de um país que não há e que me dói.
Sou o ausente mesmo se presente 
o sedentário que partiu em viagem
 
eu sou o inconformado o renitente
 
o que ficando fica de passagem.
Eu sou o que pertence a um só lugar 
perdido como o grego em outra ilíada.
 
Eu sou este partir este ficar.
E a nau que me levou não voltará. 
Eu sou talvez o último lusíada
 
em demanda do porto que não há.
MANUEL ALEGRE

Nenhum comentário:

Postar um comentário