sexta-feira, 4 de novembro de 2011

FREGUESIA DE UVA

FREGUESIA        UVA

Uva tem duas anexas, Mora e Vila Chã da Ribeira. Fica a 17 km de Vimioso. 
Passa relativamente perto o rio Angueira, a cinco ou seis centenas de metros. Fica escondida entre montes, numa cova, abrigada dos ventos. É um micro clima onde se produz azeite de boa qualidade, vinho e outros produtos agrícolas. 
Uma característica interessante relativamente a Uva é a existência da maior concentração de pombais da região que foram recuperados. É um quadro interessante o que nos é oferecido naquele anfiteatro que se desenha à volta da povoação que fica no centro do teatro. Em Uva celebram-se as festas tradicionais com um espírito de religiosidade intensa e no Verão organizam a festa da aldeia em honra de Santa Marinha. Segundo "Notas Monográficas de Vimioso" Abade de Baçal, tomaram parte na Grande Guerra três filhos de Uva: Francisco Augusto Falcão, Manuel José Pires e Abel do Nascimento Granada.

ORIGEM DO NOME
 A 17 km da sede do concelho de Vimioso, Uva é uma terra fértil e muito abundante em recursos naturais que facilitam a vida dos primeiros homens. Situa-se a pequena distância da ribeira de Angueira e é composta pelos lugares de Mora e Vila Chã.

   O saboroso topónimo que dá o nome à freguesia tem uma explicação que pode não ser tão obvia quanto parece. O Abade Baçal refere: "No Censo da população de Trallos Montes feito em 1530 aparece esta povoação com 28 moradores, a fazer parte da vila de Algoso e escrita Huva.(...) É de admitir, pois, que a grafia Uva venha de huba. E, sendo assim, não será também de aceitar a origem atribuída a Uva actual."

   



Assim se alguns autores atribuem o seu nome ao facto de haver por aqui muito vinhedo, Sousa Viterbo encontrou outra tese: "Na ínfima latinidade Oba, Hova, Hoba, Hobana, Aba, Haba, Huba, se tomaram pelo casal, ou pequena quinta, constante de casa e campo, em que uma família rústica se mantinha."





HISTORIA
A freguesia é referida pela primeira vez nas Inquirições de 1258, ordenadas por D. Afonso III, embora indirectamente. Aparece um indivíduo, daqui natural, a depor sobre uma questão relacionada com a povoação de Angueira. O Cadastro da População do Reino, outro dos poucos documentos que até ao século XVI se referem a Uva, dá à freguesia um total de vinte e oito "moradores", ou seja 28 fogos. A este número, deviam corresponder cerca de setenta ou oitenta habitantes, de acordo com os cálculos que habitualmente se fazem para estas situações e para esta época.
   Logicamente, a vida humana nestas terras de Uva é muito anterior à ocorrência destes factos de meados do século XIII. O lugar do Castelouço indica a possível existência, em tempos anteriores, de um reduto castrejo. Embora a simples proximidade de Algoso fosse suficiente para comprovar um povoamento muito precoce. Quanto ao topónimo Vila chã da Ribeira (foi freguesia independente), está relacionada com uma unidade económina do tempo dos romanos, as célebres "villas", e com topografia do local, uma chã.
   Durante o reinado de D. Dinis, a freguesia foi objecto de uma questão em relação à sua posse, que pretendida, sem qualquer razão, pela ordem do Hospital. A Coroa iria doá-lo durante o século XIV a diversos fidalgos. Os "Bragançãos" eram os nobres territorialmente mais poderosos nestas terras.
   Uva era um curato de apresentação do reitor de Algoso. Tinha um rendimento anual de trinta e dois alqueires de trigo de doze almudes de vinho. Este pequeno rendimento deve-se, certamente, ao facto de a sua instituição paroquial ter ocorrido muito tardiamente. "As Memórias Paroquiais" de 1758 realizadas em todas as igrejas do País fornecem esta e outras informações curiosas sobre a freguesia:"Está situada em um côncavo e nada descobre.(...) 




Aqui passa a ribeira de Ingueira, que cria xardas, escalos, enguias e barbos com abundância". Menciona ainda a existência de duas pontes de ocantaria, "hua em hum lugar que chamam São Joanico e outra no termo de Vale de Algoso".



PATRIMONIO
  É orago da freguesia Santa Marinha, muitas vezes chamada Santa Maria. A ela foi dedicada a igreja Matriz de Uva. Escolhida como padroeira em muitas paróquias de Portugal e de Espanha, o seu nome é citado em alguns breviários e escritos antigos, e muito deles falam até do seu corpo tendo padecido o martírio na Galiza, perto de Orense: o seu corpo diz-se está guardado numa igreja que é chamada Águas Santas.
   Em relação ao património edificado de Santa Marinha de Uva, dir-se-á que a freguesia é fértil em construção de carácter religioso. O destaque natural vai para a igreja paroquial.
   Apesar de não haver grandes informações sobre a data exacta em que foi feita, sabe-se que é de estilo românica. 
A arte românica, que surgiu em França pela mão dos Monges de Cluny, chegou a Portugal ainda no século XI.
   Ao contrário do que sucedeu com a arquitectura gótica, que passou entre nós, rapidamente a arquitectura românica se manteve nas suas gloriosas tradições. Apesar dos seus mil anos, resistiu vigorosamente até hojem bem conservada, ainda monumental.
   De forma elucidativa, o romântico avançou até ao manuelino. A igreja matriz de Uva é disso um bon exemplo, embora tenha sofrido desde a sua origem tantas influências que não permitem tipificar o habitual estilo existente sobretudo no norte do país.



GASTRONOMIA:
Presunto, enchidos, Posta à Mirandesa, folar da Páscoa, pão de ló e doçaria caseira.

POSTA A MIRANDESA 
Ingredientes:
1,2 kg de carne de vitela mirandesa;
sal grosso, de preferência integral (sem substâncias quimicas).
Preparação:
1.   O lume das brasas deve estar forte no inicio.
2.   As brasas incandescentes devem estar distribuidas de forma regular no fogareiro ou lareira de forma a proporcionarem uma distribuição uniforme do calor.
3.   A grelha deve ser colocada a uma altura de cerca de 10 cm das brasas.
4.   A carne deve ser cortada em postas com uma espessura de 3 a 4 cm (cerca de 300 g por posta).
5.   Coloque a carne na grelha sem tempero nenhum. Após esta operação, e caso o deseje, tempere com sal grosso.
6.   Volte a carne, sem espetar, quando aparecerem pequenas pérolas de sangue na superfície superior.
7.   O tempo que a posta está na brasa depende do seu gosto pessoal, consoante prefira a carne bem ou mal passada.
8.   Para conservar a suculência da carne, esta não pode ser picada.
9.   Ao voltar a posta, o lume deve estar forte, para que se crie uma crosta que impeça a saída dos sucos.
10.               Contudo, esta crosta não deve ser espessa, porque senão o calor penetra na carne de forma deficiente e a posta acaba por ficar queimada por fora e mal grelhada por dentro.
11.               Acompanhamento: batata cozida com casca e salada.
Recomendação:
1.   A lenha utilizada não deve ser de madeiras resinosas (ex: pinheiro). Para produzir as brasas aconselha-se a lenha proveniente de fruteiras (ex: videira) e a generalidade das folhosas (ex: carvalho). Como alternativa, utilize carvão vegetal.
2.  Nunca utilize uma grelha que tenha servido anteriormente para grelhar peixe sem que esteja muito bem lavada e queimada pelo calor do grelhador, para evitar a alteração do gosto e aroma da carne.
3.  Não deve usar produtos quimicos inflamáveis para acender a lenha ou o carvão. A razão deste procedimento reside no facto de esses produtos libertarem substâncias que vão alterar negativamente o gosto, o aroma e a qualidade da carne, além de serem prejudiciais à saúde.
Na impossibilidade de utilizar um fogareiro ou lareira, a posta pode ser confeccionada num grelhador eléctrico a temperatura elevada.

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