sexta-feira, 18 de março de 2011

FREGUESIA DE TAMENGOS





REGIÃO               CENTRO
SUB  REGIÃO   ALTO VOUGA
DISTRITO         AVEIRO
CIDADE            ANADIA

Freguesia  
                 Tamengos
O nome de Tamengos, que já aparece em documentos de 1082 e 1140 com a forma actual, parece ser o correspondente ao sufixo latino “inicus”, enquanto a palavra principal seria uma espécie vegetal denominada, em latim, “taminae” (talvez a norça-preta ou uva de cão”, planta arbustiva frequente na região). Tamengos seria, pois, o local onde crescia abundantemente esta espécie.
Sabe-se que na primeira metade do século XI, no local que ainda hoje ocupa, foi edificada a Igreja de S. Pedro, santo que continua a ser orago da freguesia.

Depois da tomada de Coimbra aos mouros, em 25 de Julho de 1064, por Fernando Magno, de Leão, este monarca fez mercê de povoações das cercanias daquela cidade à Sé de Santiago de Compostela. Esta doação, confirmada em 1065 por D. Afonso III, filho de Fernando Magno, incluía terras que, antes da conquista, pertenciam ao Mosteiro da Vacariça; por isso, reclama este a sua restituição e entre essas terras estava Tamengos.
Firmada a independência portuguesa, D. Afonso Henriques, em 1140, coutou à Sé de Coimbra Tamengos, Aguim e Mata. Aguim pertencia já à referida Sé, por doação em 1094, do conde D. Raimundo.

Há que admitir o crescente povoamento da região. Primeiramente, o número de pessoas (famílias), bastantes para justificar a edificação da Igreja de S. Pedro. Talvez, simultaneamente, a destruição do pequeno matagal de tamenicus para a construção dum pequeno casal, que tomou o nome da formação vegetal.
Firmada a independência portuguesa, D. Afonso Henriques, em 1140, coutou à Sé de Coimbra Tamengos, Aguim e Mata. Aguim pertencia já à referida Sé, por doação em 1094, do conde D. Raimundo.
Há que admitir o crescente povoamento da região. Primeiramente, o número de pessoas (famílias), bastantes para justificar a edificação da Igreja de S. Pedro. Talvez, simultaneamente, a destruição do pequeno matagal de tamenicus para a construção dum pequeno casal, que tomou o nome da formação vegetal.
Desde 1 de Julho de 1514 até à reforma de 1852, Tamengos foi absorvida por diversas transformações administrativas.
Na reforma de 6 de Novembro de 1836, foi criado o concelho de Anadia, no qual foi integrada a freguesia de Tamengos. Revista “ O nosso concelho” 1998 p. 39
Durante este tempo, decerto por possuir melhores condições como centro urbano, Tamengos tornou-se o mais importante núcleo regional da paróquia, e de tal modo que depois de promulgada a Constituição de 4 de Abril de 1838, foi criada a freguesia de Tamengos, no concelho de Mealhada, onde se conservou até 1853, data em que transita para o de Anadia, onde se tem mantido.

Admite-se que a primitiva igreja paroquial date da primeira metade do séc. XI, ou mesmo de data anterior. Como se depreende duma inscrição que figura sobre a porta principal da igreja e das datas que se vêem esculpidas nas faces dos vértices da torre, a igreja foi completamente remodelada entre os anos de 1716-1721, no estilo simples e habitual que ainda hoje prevalece nas igrejas da região bairradina.










A quinta que, em 1790, pertencia a D. Cristóva Cabral Arez era realmente a Quinta dos Cabrais, uma das quintas principais da freguesia de Tamengos. Sei alguma coisa sobre a história local.

A quinta em questão era ainda conhecida, em finais do séc. XVIII, como a Quinta do Capitão-Mor, nome que lhe vinha do avô de D. Cristóva, o capitão-mor Pedro de Barros Sobrinho, que foi também vereador na cidade de Coimbra. Este capitão Pedro de Barros Sobrinho, nascido c. 1643 em Tamengos, era filho do capitão Agostinho Jorge Sobrinho, natural de Pedrulha.























Tudo indica que herdou a quinta de sua mãe, Bárbara de Barros, filha e herdeira, por sua vez, de Francisco Vaz de Barros, uma e outro naturais de Tamengos. A família ancestral da quinta, portanto, seria esta família Barros.


Em 1679, Pedro de Barros Sobrinho casou, na antiga igreja paroquial de Tamengos, com D. Helena Cabral Arez, natural no lugar de Lavarrabos, perto de Coimbra, onde a sua família possuía uma quinta. Era filha de António Cabral Arez, natural de Coimbra, que viera morar para Lavarrabos juntamente com seus pais, Bernardo Cabral Arez e Helena Monteiro da Cunha, ambos naturais de Coimbra e avós paternos de D. Helena. A mãe de D. Helena (mulher de António Cabral Arez) era D. Maria, filha de João Fernandes Sobrinho, da vila de Eiras. Todos os ascendentes familiares de D. Helena Cabral Arez se situavam, portanto, em Coimbra ou nas suas proximidades.




E dahi voltou para o Sul partindo pelo Poente com Jose Francisco Ruivo the chegar ao Rego que recebe as agoas que vem da quinta de Horta para Tamengos e para esta mesma quinta. E dahi voltou para o Nascente partindo do Sul com currais serventias e logradouros de Marianna Rolla de Tamengos e vai athe chegar ao canto do muro da mesma quinta e dahi voltou para o Sul e vai athe chegar ao quintal de Dionizio da Costa Brandam partindo do Poente com quintal de Antonio de Castro. E dahi voltou para o Nascente partindo pelo Sul com quintal do dito Dionizio da Costa Brandão e vai athe chegar ao canto do muro e Rua publica que vai do dito lugar de Tamengos para o Espinhal donde principiou a mediçam deste cazal partindo tambem pelo Sul com pardieiros de Manoel Pereira de Tamengos de que ha de pagar de foro em cada hum anno que pelos louvados lhe foi repartido tres alqueires e duas maquias de trigo e dois alqueires e tres maquias de sevada.”


 
 
 
 
 





A ser isto verdade, Luís Mendes Barreto começou por ser genro de D. Helena, enviuvou, casou de novo e acabou sendo sogro de D. Cristóva.

A família Cabral Arez extinguiu-se em Tamengos já no séc. XX. Na sua quinta ficaram duas casas, uma antiga, aparentemente do séc. XVII, junto à rua central da aldeia, e outra maior, mais recente (talvez do séc. XIX), no interior da quinta.



Toda a propriedade foi adquirida pela Câmara de Anadia, que, segundo o artigo 5.º do Regulamento do Plano de Pormenor aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 49/96, de 28 de Março (publicada no Diário da República em 22 de Abril de 1996), deveria assegurar a “reabilitação do conjunto arquitectónico da Quinta dos Cabrais”.



A actual Câmara de Anadia desincumbiu-se da sua obrigação de assegurar a “reabilitação do conjunto arquitectónico da Quinta dos Cabrais” demolindo, inopinadamente, as duas casas da quinta e o muro circundante. A demolição, que destruiu visualmente toda a memória histórica ligada à velha quinta e ao centro de Tamengos, não se fez por causa da estrada, pois no lugar da casa antiga (a outra ficava no interior da propriedade) ergueu-se uma construção nova, encomendada pela Câmara. O mérito arquitectónico desta construção poderá ser apreciado “in loco”.


Não sei a que se destina o edifício, mas com certeza a sua utilidade seria a mesma se se situasse em qualquer outro local da quinta, por onde foram abertos novos arruamentos.
Aproveito para acrescentar que este caso nenhuma relação tem com a antiga quinta dos Albuquerques, também situada na freguesia de Tamengos mas um pouco mais para poente, no lugar de Horta (e não num “fresco vale que dá para o mar”, como se lê em “Albuquerques da Beira”, pág. 44, nota). Esta propriedade – a “quinta de Horta” – está nesta família desde pelo menos o início do séc. XVII. Segundo “Albuquerques da Beira”, pág. 42, pertenceu a Diogo Pereira e D. Maria de Albuquerque. Este casal teve um filho abade e quatro filhas freiras, ficando a quinta para um sobrinho, Diogo de Albuquerque, nascido em Coimbra em 1628, filho de Rodrigo de Albuquerque e Castro e de D. Maria Toscano. Diogo de Albuquerque casou em 1665, na capela da quinta de Horta (e não em Coimbra, como se lê em “Albuquerques da Beira”, pág. 43), com D. Escolástica da Paz, de quem não teve filhos. A quinta passou então para Francisco de Albuquerque e Castro, seu irmão, cuja movimentada carreira nas armas não o impediu de permanecer algumas temporadas em Horta. Entre os seus muitos afilhados locais, conta-se um, Francisco, filho do capitão-mor Pedro de Barros e D. Helena Cabral.


A quinta permaneceu na família até há poucos anos, embora pouco habitada. A casa está muito arruinada e da capela julgo que nada resta. Mantêm-se, porém, os vinhedos, que formam algumas das mais belas encostas daquelas paragens.

Tanto a Quinta dos Cabrais como as demais propriedades da freguesia estiveram submetidas até 1834 ao senhorio directo do Cabido da Sé de Coimbra, por força do coutamento, feito por D. Afonso Henriques em 1140, das terras de Horta, Mata, Tamengos e Aguim. No último tombo promovido pelo Cabido, em 1791, para destrinça e encabeçamento dos foros que lhe eram devidos, a quinta vem descrita nos seguintes termos:



“Bens de Dona Christova Cabral Arés veuva de Tamengos.
Possue huma quinta no lemite de Tamengos que consta de cazas de sobrado cazas terreas pomar serventias e logradouros vinhas e terras lavradas com suas arvores de fruto e sem elle que tudo parte do Nascente com Rua publica que vai de Tamengos para o Espinhal the chegar ao olival de Roque Jose deste lugar de Tamengos donde volta para o Poente partindo do Norte com olival terra e vinha do dito Roque Jose e vinha de Antonio de Castro e Menezes de Sam Martinho de Sal Reu. E dahi volta para o Norte partindo do Nascente com o dito Antonio de Castro e Menezes e vai athe chegar ao Carreiro de pé que vem da Mata para Aguim e dahi volta para o Poente partindo do Norte com terra de Jose Ferreira da Fonte de Aguim e com Luis Fernandes Gomes do Espinhal tudo terra de outro cazal e vai athe chegar a Tapada de Dionizio da Costa Brandam da vila de Cantanhede E dahi continua para o mesmo Poente partindo do Norte com Tapada do dito Dionizio da Costa Brandam e com vinha de Luis Fernandes Gomes do Espinhal the chegar a testada da terra de Manoel Francisco Bandeira de Tamengos. E dahi voltaram para o Sul partindo pelo Poente com terra do dito Manoel Francisco Bandeira e vinha de Luis Fernandes Gomes do Espinhal e de Luiza solteira e do Alferes Antonio Pereira da Mata e Manoel Simois veuvo do mesmo lugar que todos pertencem a este cazal e vai athe chegar a deveza do Murtal. E dahi voltou para o Nascente partindo do Sul com Antonio Francisco Ruivo e seo filho Jose Francisco Ruivo ambos de Tamengos.

Não sei por que razão o casamento Pedro de Barros se realizou em Tamengos, em vez de se realizar na paróquia de origem de D. Helena. Talvez isso se relacione com o facto de D. Helena ser já viúva de um primeiro casamento com Simão de Torres, capitão-mor de Adémia, de quem tinha um filho Bernardo e uma filha Luísa.
E não será também muito arriscado imaginar que o segundo casamento, em Tamengos, se ficou a dever a alguma relação de parentesco entre a mãe (D. Maria) e o avô de D. Helena pelo lado materno (João Fernandes Sobrinho) com o pai e o avô de Pedro de Barros (ambos de nome Agostinho Jorge Sobrinho).












D. Helena conservou os apelidos Cabral Arez, de seu pai, e foram eles que passaram à descendência como nome preponderante de família, combinado com outros (Barros, Silveira, Belmonte, Amaral, etc). Não obstante, a quinta, depois da morte de Pedro de Barros (em avançada idade, pois em 1720 ainda era vivo), continuou a ser designada como a Quinta do Capitão-Mor. Só no séc. XIX, talvez na época em que a habitavam os dois irmãos Caetano e Inácio Cabral Arez e em que foi centro local do liberalismo anti-miguelista, passou a ser conhecida como a Quinta dos Cabrais. E esse nome conservou-se até hoje.

D. Cristóva Cabral Arez, que abriu este tópico, era neta de D. Helena, por via de seu pai, Caetano Calixto Cabral Arez, e conservou ligações à família de sua avó. Em 1755 casou com Luís Mendes Barreto de Carvalho, que era filho de Luís Mendes Barreto e de D. Maria Teresa Tavares e Vilhena. Este Luís Mendes Barreto, sogro de D. Cristóva, suponho que é o mesmo Luís Mendes Barreto que foi casado com Luísa, filha de D. Helena Cabral Arez e do seu primeiro marido, o capitão-mor da Adémia, como disse acima.


A ser isto verdade, Luís Mendes Barreto começou por ser genro de D. Helena, enviuvou, casou de novo e acabou sendo sogro de D. Cristóva.

A família Cabral Arez extinguiu-se em Tamengos já no séc. XX. Na sua quinta ficaram duas casas, uma antiga, aparentemente do séc. XVII, junto à rua central da aldeia, e outra maior, mais recente (talvez do séc. XIX), no interior da quinta.


Toda a propriedade foi adquirida pela Câmara de Anadia, que, segundo o artigo 5.º do Regulamento do Plano de Pormenor aprovado pela Resolução do Conselho de Ministros n.º 49/96, de 28 de Março (publicada no Diário da República em 22 de Abril de 1996), deveria assegurar a “reabilitação do conjunto arquitectónico da Quinta dos Cabrais”.

A atual Câmara de Anadia desincumbiu-se da sua obrigação de assegurar a “reabilitação do conjunto arquitectónico da Quinta dos Cabrais” demolindo, inopinadamente, as duas casas da quinta e o muro circundante. A demolição, que destruiu visualmente toda a memória histórica ligada à velha quinta e ao centro de Tamengos, não se fez por causa da estrada, pois no lugar da casa antiga (a outra ficava no interior da propriedade) ergueu-se uma construção nova, encomendada pela Câmara. O mérito arquitectónico desta construção poderá ser apreciado “in loco”.

Gastronomia
Bacalhau à Sr. Prior
Ingredientes
3 a 4 postas de bacalhau
batatas
6 ovos
4 dentes de alho
azeite q.b.
azeitonas pretas
sal q.b.
salsa picada q.b.

Modo de Preparo

1.  Lavar bem as batatas e cozer inteiras e com pele em água temperada com sal durante 35 minutos.
2.   Cozer também 3 ovos.
3.  Noutra panela deixar ferver o bacalhau durante 10 minutos.
4.   Entretanto, descascar os alhos e cortar às lâminas; descarocar as azeitonas e picar grosseiramente(ou usar inteiras mesmo).
5.   Depois do bacalhau cozido, tirar a pele e as espinhas e parti-lo às lascas.
6.  Descascar os ovos e partir às rodelas assim como as batatas depois de descascadas.
7.   Colocar, num tabuleiro, em camadas alternadas: batatas, bacalhau, ovos, azeitonas e alhos.
8.  Regar generosamente com o azeite.
9.  Ligue o forno a 220ºC.
10. Bater os 3 ovos restantes com um garfo, juntar a salsa e verter sobre o preparado que está no tabuleiro e levar ao forno durante 15 minutos

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